Nós, os artistas, nesse momento, estamos enclausurados. O mundo parou. A pandemia nos parou. Nossas rotinas mudaram e, percebemos que desaceleramos nosso ritmo e novos porquês aparecem. Como isso aconteceu? O que devo fazer? Vou conseguir lidar?
O que te incomoda? Não produzir? Sair da rotina? Ficar parado? Perder o que já conquistou? Voltar para trás ?
A essa hora tudo isso afeta seu psicológico. Qual seria a grande pergunta para você entender melhor o que está buscando?!
Essa pandemia e o isolamento social fizeram o mundo parar. E você foi obrigado a parar também. Os clientes desmarcaram e sua agenda agora está em branco. Toda aquela agitação do seu estúdio acabou. As portas desceram e o que você tem é tempo na sua frente. Todo o tempo. Assusta, saber que você tem é tempo.
Dádiva para muitos, instrumento perfeito para os home offices e um castigo para os não acostumados. E se você é o último. Chegou a hora de se confrontar. Essa quarentena é a oportunidade de encontrar seu tempo. De produzir com tempo. A máquina de tatuar está desligada. Aquela bobina parou. Esse som agora vem da sua mente trabalhando.
A palavra quarentena tem como umas das suas definições, um lugar onde tais elementos são detidos ou isolados para observação. Esse elemento tem que ser você. Isso mesmo. Talvez seja a vida te dando a possibilidade de germinar de novo. Tendo em vista que um artista não se aposenta. Ele precisa do ócio criativo, do seu descanso, para acrescentar novas ideias em sua vida. Como exemplo, o pintor francês Henri Matisse, que produziu até os 85 anos, como também da artista Frida Kahlo que foi em cima da sua cama para Galeria de Arte Contemporânea da Cidade do México no ano em que morreu. Seguimos sempre em frente.
Não podemos cair na armadilha da produção durante o horário de trabalho. Segundo o sociólogo Domenico De Masi, “o ócio pode transformar-se em violência, neurose, vício e preguiça, mas pode também elevar-se para a arte, a criatividade e a liberdade. É no tempo livre que passamos a maior parte de nossos dias e é nele que devemos concentrar nossas potencialidades”.
Com toda certeza devemos usar esse tempo para nos inspirar. Não no que vende ou o que se é pedido. Chegou a hora de sermos artistas e produzirmos nossas concepções e sentimentos. Afinal, somos artesãos ou artistas? O artesão produz através da técnica e o artista através da liberdade.
Não temos exemplos e modelos para solucionarmos essa situação atual. Não vamos repetir os mesmos meios para o mesmo fins. Temos que mudar o caminho em algum lugar. A pergunta é: em qual lugar!?
Esse é o momento que precisamos pensar. Temos tempo!
O que temos nas mãos?
O título desse post é “o mundo mudou, e você?” podemos trocar para “Você mudou o mundo?” ou “O mundo mudou você?”.