Edu conta sobre sua trajetória na arte, sobre sua disciplina no estudo e transição de carreira para a tatuagem.
Conheça o trabalho do Edu do Rio de Janeiro e seu propósito na tatuagem:
Edu, conte um pouco sobre você:
“Oi, sou Edu, atualmente com meus 41 anos e dando meu melhor pra fazer muita arte na pele. Sou natural do Rio de Janeiro e sempre fui da Zona Norte, desde os meus cinco anos residindo na Ilha do Governador, sou completamente apaixonado pelo meu bairro, no qual meu estúdio fica localizado também.
Falando um pouco da minha história, minha relação com a arte vem de infância. Meu falecido pai era fiscal de cinemas em uma época que não existiam shoppings, cresci assistindo filmes em cinemas de rua sendo um admirador de histórias, em paralelo aprendi com meu tio, irmão do meu pai, a gostar de quadrinhos iniciando pelos clássicos TEX do velho oeste, logo migrei para os quadrinhos de heróis e nunca mais parei de ler, desde que me conheço por gente amava desenhar tudo que via e lia, inicialmente sonhava em ser quadrinista.
Venho de família humilde e trabalhei desde os 12 anos para ajudar meu pais e arcar com minhas vontades, até o final da minha adolescência dividia meu tempo entre trabalhar, estudar, desenhar e me divertir.
Por falta de conhecimento/orientação (não havia internet) chegando a maior idade fui me afastando do prazer de desenhar e focando mais no mercado de trabalho “tradicional”. Me formei em administração de empresas, que por sinal não era a formação dos meus sonhos, segui no mercado corporativo com aquela visão de carreira, área segura, estável, etc.
Minha formação dos sonhos era e ainda é belas artes, porém nunca foi possível pelo curso ser na UFRJ em horário diurno e conflitar com meus horários de trabalho. Nunca deixei de admirar a arte e de consumir a mesma, porem o sonho de viver desta ficou de lado por muitos anos até que tudo mudou…”
Quando a tatuagem e a arte entraram na sua vida de fato como um trabalho?
“Minha maneira de não deixar a arte sempre foi consumi-la em suas várias formas e a tatuagem é uma delas. Sempre fui um admirador e muitos dos meus amigos me falavam para ser tatuador, eu não cogitava a ideia por estar inserido há muitos anos no mercado corporativo “tradicional”, “seguro”, “estável” e toda quela preocupação com a estabilidade da vida familiar.
Só que as vezes a vida literalmente dá voltas e te mostra novos caminhos, foi o que aconteceu comigo. No ano de 2017 onde mesmo antes da pandemia, o Brasil já vivia uma crise econômica enorme e altos níveis de desemprego, eu entrei para essa estatística. Fiquei quase um ano tentando me recolocar na minha área de atuação. Foi um ano muito difícil para minha família, muita luta, muita superação e muita reflexão mesmo após ter voltado ao mercado de trabalho dentro da minha área de atuação.
Sendo bem honesto, aquele ano difícil nunca saiu da minha cabeça e foi fundamental no meu envolvimento mais direto com a tatuagem, pois eu disse pra mim mesmo que não deseja passar por aquilo novamente e percebi que não existe mercado “seguro” e que meu maior desejo sempre foi trabalhar com algo que realmente amava e que dependesse de mim de forma ainda mais direta. Desenhar sempre foi e é minha paixão, foi ai que comecei a cair de cabeça no mundo da tatuagem.
Comecei a consumir conteúdo de tatuagem como um louco, conversar com pessoas do meio e isso na cara de pau. Mandava mensagens para pessoas que percebia serem mais abertas, para conhecidos também e assim fui me inserindo cada vez mais e obtendo mais conhecimento e faço isso até hoje, viu!
Após muitas pesquisas e com apoio da minha família, decidi iniciar um curso prático no final de 2019. Não se enganem, todos temos nossas histórias e nossos graus de dificuldades, porém dar o primeiro passo é muito importante.
Lembro que o professor Paulo me disse em especial no meio de uma turma com uns 10 alunos, onde eu era o mais velho de longe: “Edu, você é o que terá mais dificuldades, pois trabalha em uma empresa, possui esposa, filhos e seu tempo é muito corrido e para evoluir no mundo da tatuagem, terá que consumir tatuagem compulsivamente”.
Curso: @tattooescolabit
Apenas segui o conselho dele e fui dando meu melhor durante o curso e em qualquer tempo livre que conseguia, estudando e me desafiando a todo momento. Conclui em fevereiro de 2020 e em março deste mesmo ano resolvi alugar uma sala junto com uma amiga tatuadora e assim que fechamos o contrato veio a pandemia, o que afetou o mundo todo, principalmente as áreas de serviços e isso até hoje infelizmente.
Não me deixei abater e atualmente, com recém dois anos tatuando, continuo trabalhando em uma empresa privada e conciliando com meu estúdio e as demais responsabilidades familiares. Não é fácil, mas a meta é o principal e essa meta é conseguir realizar a transição de carreira e focar 100% no que amo de verdade, que é viver de arte tatuando, crescer como profissional nessa área com o objetivo de entregar artes exclusivas cada vez mais incríveis nas peles e ver todas as pessoas que recebem felizes e com orgulho delas.
Como atualmente você conversa e até mesmo convence o cliente a ter uma arte autoral?
“O mercado de tatuagem mudou muito, porém ainda existem certas cosias com raízes muito fortes, tanto positivas quanto negativas. Fui muito incentivado, lá no início, a não sair querendo fazer artes autorais e sim fazer tudo independente do que me pedissem. Como sou do contra, lógico que discordei e já comecei fazendo meus próprios desenhos, pois pra mim a arte vem do processo da sua criação e o processo de criação vem de tudo que você consome. Muita inspiração de referências que são fundamentais, porém sempre colocando sua própria identidade em cada uma delas.
Meu processo parte de deixar isso bem claro para os clientes, por tanto uma ótima comunicação de forma honesta e transparente e com toda atenção possível é fundamental. Outro fator que acho essencial é o respeito mútuo, acredito que o profissional deve fazer o cliente entender sua forma de arte e seu estilo de trabalho assim como o profissional entender que o gosto/desejos do cliente precisa ser considerado e respeitado, chegando em um ponto de equilíbrio. Se fosse fácil, não seria arte exclusiva.”
Conta um pouco como são seus clientes, o que eles mais procuram você para realizar:
“Meus principais clientes hoje são os que conhecem meus trabalhos através de outros clientes e chegam através destas recomendações e os que realmente gostaram do meu estilo de arte divulgada nas redes sociais e da minha proposta de artes exclusivas. No geral são bem homogêneos, pois pra mim não existe foco em idade, gênero, estilo de vida ou cor de pele. Faço minha proposta de arte conforme o desejo de cada um, valorizo muito a comunicação e a troca no processo total e no final isso sempre resulta em ótimas sessões com bastante conversa, empatia e uma linda tatuagem.”
Além da tatuagem, quais outros tipos de arte você desenvolve?
“Gosto muito de desenhar a mão livre com lápis grafite, principalmente rostos realistas, no passado fazia encomendas de retratos sempre que podia, são artes trabalhosas que dedicam tempo e por esse motivo não faço mais o tanto quanto gostaria e pelo menos agora não vendo mais esse tipo de serviço.”
O que na arte gostaria de fazer e ainda não fez?
“Sem sombra de dúvidas, com animação, poder colaborar com a criação de artes para serem animadas. Acho que é um processo incrível e desafiador, que resulta em dar vida a arte de maneira mais literal.”
Qual história tatuou que mais fez diferença para você?
“Pra mim, uma história especial foi de uma cliente que me procurou desejando fazer algo com relação sua filha e seu laço com ela, pois ela passou por uma gestação difícil o que resultou em um nascimento pré-maturo em que a bebê ficou 15 dias no UTI, no final ficou tudo bem. Ela me enviou algumas referências de ilustrações que representavam mãe e filha, meu desejo foi criar algo para que ela pudesse ver a si mesma e a filha de fato. Pedi algumas fotos onde às duas estivessem juntas, o que resultou em uma arte muito particular com os traços das duas em um momento de amor dentro de um arco com flores, representando que ambas sempre estarão juntas.”
Qual o estilo de tatuagem que não é o que faz atualmente, mas gostaria de fazer?
“Penso em fazer alguns projetos misturando algumas técnicas de realismo e algumas cores, mas não literalmente, mantendo linhas definidas e variações de traço que é o que gosto de fazer. Acredito que tudo pode se complementar e transformar, minha ideia é testar possibilidades com mais liberdade artística.”
Gostaria de tatuar em outros estados? Tem intenção de fazer guest?
“No momento estou focado em minha transição de carreira e evoluir mais minhas técnicas, melhorando cada vez mais as artes que faço, mas em um futuro próximo pretendo sim, pois acho super valido os guests para conhecer novos estúdios, profissionais e outros públicos que com certeza deverão agregar demais no meu desenvolvimento como artista.
Primeiramente dentro do nosso Brasilsão e se possível para lugares mais para o interior, para ter contato com outras realidades culturais. E outros países também com certeza, mas esses sendo bem mais pra frente.”
Qual artista você adoraria de fazer uma collab futuramente e admira?
“Tem três artistas que admiro muito atualmente no mundo da tatuagem pela visão de arte destes e os trabalhos que entregam, são muito diferentes entre si, igualmente lindos e muito particulares.
Estes são o @Fredao_Oliveira, @matheuscostaart e o @fetattoer, sendo possível gostaria de ter uma arte deles em mim, poder acompanhar o processo deles e quem sabe um dia fazer algo em conjunto.”
Os escolhi pelo valor que eles agregam em seus trabalhos que são extremamente diferenciados e só tê-los como parâmetro já é um senhor combustível para buscar a evolução como artista.”
Qual legado você gostaria que sua arte deixasse e qual dica você daria para quem está iniciando na tatuagem como artista:
Essa é difícil, hein?! Pode até parecer clichê, mas acho que um bom legado é ser lembrado de forma positiva e gerar influências ainda melhores. Não só como um artista que agregou proporcionando artes que deixaram as pessoas felizes, mas como uma pessoa boa e querida.
“Como dica vou dizer o que fiz e faço, pois me considero um velho aprendiz. O primeiro passo é sempre estudar bastante e digo bastante de verdade mesmo, treinar e conhecer suas limitações e ir se desafiando aos poucos com a consciência que a pele dos outros não é uma tela convencional, então responsabilidade é fundamental. Seja realista com seu nível atual e com seu cliente, lembrando que cada um tem seu próprio caminho e seu tempo de jornada, digo isso sabendo o quanto é difícil, muitas vezes frustrante e o início é bem desafiador, então não se deixe abater e mantenha o foco traçando suas próprias metas e não pela dos outros.”
Para quem ainda vai se tatuar, qual conselho você deixa para essa pessoa?
Primeiro passo é saber o que você deseja fazer e estar certo disso pelo menos nesse seu momento.
Posteriormente procurar um artista que mais se enquadra nessa arte que idealizou, então procure direitinho, pois no geral assim como em qualquer profissão, tatuadores tem suas especialidades ou até mesmo visões artísticas únicas, olhe os trabalhos com calma o chame pra conversar de modo a entender se as ideias coincidem.
Gente, orçamento é de graça, existem excelentes artistas por aí em momentos diferentes de suas carreiras, então não procure só preço e sim todo o valor agregado e, lógico, pensando em sua realidade financeira também.
Quais seus planos, o que podemos esperar dos seus projetos?
Meu plano é me dedicar 100% a arte, clientes, meu estúdio e evoluir constantemente como artista entregando exclusividade desenvolvendo meu próprio estilo de trabalho. No momento podem me encontrar no Instagram e facebook como @edusevlatattoo.
Acompanho trabalho do Eduardo Alves e sempre que podemos conversamos sobre transição de carreira.
Admiro o foco do Eduardo e seu trabalho impecável!
Obrigada Edu pela entrevista!
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