Conheça Debby Mota, artista especialista em artes afro e indígenas.
A arte liberta!
Aqui no Blog do Tattoo2me temos a oportunidade de conhecer histórias incríveis como a que vamos apresentar hoje.
A trajetória profissional nem sempre é fácil, principalmente para uma artista da periferia de Belém do Pará, que cresceu enfrentando muitas adversidades com uma caminhada de duras lutas!
Ficamos extremamente gratos em compartilhar com o mundo, o talento e a história de Debby Mota.
Nosso desejo é que sua voz seja ampliada cada vez mais, para ecoar em todo o universo.
Queremos ser mais um meio – de tantos que ela ainda vai conquistar – de levar esta mensagem.
São pessoas como Debby que precisamos para um mundo mais justo e igualitário.
A caminhada é longa, e ninguém melhor do que esta artista potente, que já passou por tantas coisas, para falar sobre isso.
Leia e conheça agora Debby Mota. Vem com a gente!
Descreva um pouco sobre você, como pessoa e como foi sua trajetória até aqui.
Debby: Me chamo Debby Mota. Sou tatuadora, ilustradora e mãe de Pet (apaixonada por cachorros). Sou nascida e crescida em Belém do Pará, região norte. Terra do carimbó, de gente morena, linda e cheirosa, da melhor culinária do Brasil SIM!
Meus pronomes são: Ela/Dela. Sou do signo de aquário com ascendente em touro.
Pansexual, Antifascista e Antirracista. Cresci no bairro da cabanagem, bairro periférico.
“Sou filha da Dona Vânia, mãe solteira, preta, periférica, formada e concursada hoje em dia com muita luta e orgulho! Sou a filha caçula de quatro irmãs.”
Sou mestiça, linhagem de indígenas e escravos. Estou em processo de retomada com minhas ancestralidades desde os 21 anos. Atualmente moro em Belo Horizonte, MG.
“Eu me descreveria como uma pessoa bem simples, ansiosa, criativa, às vezes boba, curiosa, carinhosa e protetora com os meus. Talvez muito mais coisas, mas de modo geral, um corpo livre em constante movimento.”
Debby contou pra gente toda sua história de vida, veja só:
Debby: Eu não tive participação masculina no meu crescimento, demorou alguns anos até que a minha mãe tivesse autonomia financeira, mas até os meus 22 anos eu via ela indo e voltando com meu pai, e era sempre um cenário de desestabilidade.
Eu cresci em uma casa de palafita, casinha essa que era pintada de branco com janelinhas azuis, na época que a cabanagem era só uma grande invasão. Ainda tinham bastante braços de rios passando pelos bairros, então muitas casas eram construídas dessa maneira, quando chovia eu via muito Mussum (espécie de peixe encontrado em rios e lagoas) passando por debaixo da minha casa.
Uma das minhas lembranças marcantes, era quando a minha mãe me levava pra escola de bike, estávamos passando por umas pontes e os moradores tinham acabado de pegar uma Jiboia grandona! Nem todas as casas no bairro da cabanagem melhoraram, nos dias de hoje a maioria já tem uma casinha melhor, mas até hoje quando chove as ruas alagam. Isso em toda Belém.
A construção de uma artista incrível como Debby, passa também por muitas dificuldades.
Ela lembra como foi a infância crescendo nas igrejas evangélicas que a mãe frequentava:
Debby: Eu cresci basicamente dentro de igrejas evangélicas Assembléias, eu nunca gostei de usar saião, nem desse falso Deus que me permitia passar por tanta merda tão nova.
Acredito que era uma fissura da minha mãe mesmo, mas ela tinha os motivos dela. A igreja por muito tempo não foi de todo mal pra mim e pra minha família, a gente recebia cesta básica, que era basicamente (um pacote de leite, de açúcar, café, macarrão, óleo, arroz, sardinha enlatada ou carne em conserva).
A minha mãe não tinha estudo, para ela manter a renda fazia vários bicos como faxineira, vendia laranjinha com os tios dela nos carnavais e marchas de escolas, fazia crochê… Lembro que a gente chegou até a ter essas barraquinhas de venda de pipoca em casa.
Contudo, essa mulher se virava, entendeu? Lembro que era mais como faxineira nas casa das irmãs da igreja, mas na época ela recebia R$25,00 por faxina. Não era nada comparado aos custos de manter duas meninas com asma, problema de pele, entre outros problemas de saúde, ter ainda que pagar luz, alimento, remédios, gás e por aí vai.
Por muitas vezes a gente se via sem energia, dentro de casa. Mas tínhamos bons vizinhos, eles sabiam das nossas dificuldades. Às vezes a gente ganhava um prato de comida e a mamãe dividia pra nós quatro, minha irmã, ela, o bob, nosso cachorro e eu.
Me lembro de muitas vezes ela abrir mão de comer também por não ter nada dentro de casa.
Ela tinha uma amiga na igreja que também dava bastante ovo de caixa pasteurizada pra gente, eram literalmente as gemas dos ovos em caixa conservas.
Foi por muitos anos nosso principal alimento, isso e capim santo, que a mamãe colhia no quintal pra fazer de chá pra esquentar nosso bucho de manhã e substituir o café.
O quintal de casa era muito rico em plantio, então tudo que plantava crescia. A gente tinha pé de açaí, de banana, de pupunha, de abacate, de acerola e a vizinha ainda tinha um pé de manga.
Se dependesse da terra, a gente não passa fome. Eu tenho muitas boas lembranças de como o quintal de casa ficava bonito quando as árvores estavam se preparando para dar frutos.
“Eu sempre fui ensinada a estar perto da minha família, apesar de não ter amigos, eu tinha uma grande família. Minha bisavó teve 17 filhos, então por falta de primos eu não sofria. Tive uma infância boa. A minha avó tinha um terreno na ilha de Mosqueiro, foi onde eu pude gozar de grande parte da minha infância. Aprendi muito sobre plantas com meus avós, sabores, ancestralidades, sobre coletivo, compartilhar, era tudo de bom.E foi assim até a minha avó partir dessa terra.”
Debby nos conta também como era sua infância em Belém do Pará.
Desde nova é uma pessoa criativa e interessada em mudar o mundo, mesmo que ainda não soubesse que estava fazendo isso.
Debby: A criança artista já existia em mim desde sempre, eu adorava dançar com meus primos na frente da TV os clipes do Michael Jackson, a gente pegava as roupas velhas dos nossos pais para coreografar, construímos muitas casinhas no quintal, fazíamos muitas pinturas, artesanatos.
Meus primos e eu íamos em uma biblioteca coletiva que tinha na Rua São Miguel (que era a rua de casa), da primeira mulher lésbica, professora, cristã e casada que eu conhecia na vida.
Acho que ser cristã era mais um álibi, mas eu amava aquele espacinho que continha tanta informação.
Eu cantava na igreja também, fui vocal do grupo de crianças e adolescentes também, fiz parte da banda da igreja como aprendiz de baterista, mas não passava da música:
“visitantes sejam bem vindos, sua presença é um prazer, com jesus estamos dizendo, que essa igreja ama você.”
Debby cresceu e deu continuidade a sua própria história:
Debby: Aos 17 anos eu já estava num processo de emancipação da igreja, e eu fugia muito de casa pra conhecer a minha cidade, colar nos rolês culturais…O Facebook nessa época foi um grande aliado. Lá eu conheci a mana @lumajosino, eu queria ser punk na época então todes que eram ligados a quaisquer movimentos, eu adicionava.
Nessas eu fiquei sabendo de um coturno que ela estava vendendo e eu fui atrás pra comprar, aproveitei pra conhecer melhor ela também.
Foi um divisor de água pra mim porque nesse momento, a partir de um coturno, fundamos a banda chamada Klitores Kaos, banda crust punk, com formação só de mulheres, de posicionamento antifascistas, feministas.
Eu fiquei como baterista e ela como vocal, e fomos crescendo na formação desde então.
Debby não faz mais parte da banda, mas a mesma continua ativa até os dias de hoje.
A dura realidade vivida por Debby impulsionou seu lado artístico.
A arte é sua ferramenta de expressão, seja na música, na pintura ou na tatuagem:
Debby: Sempre estive explorando o meu eu artista, pra fugir da realidade massacrante de ser uma mana pobre e periférica, a arte foi a minha melhor válvula de escape durante todos esses anos de vida. Eu vendia muitos desenhos no fundamental, faculdade, qualquer coisa eu tava lá vendendo as folhas por R$20,00.
Eu acabava tendo que vender mesmo as artes, porque eu nunca sabia quando a síndrome de conservadorismo ia bater na minha mãe ao ponto de ver demônios nas minhas artes e jogá-las fora (a igreja infelizmente odeia mentes pensando de forma livre e autônoma, sem medo, corpos livres).
Acho que parte de nunca ter feito as pazes com meu passado cristão vem de como a igreja sempre esteve em conflito com quem eu potencialmente poderia vir a me tornar, quando eu me dei conta de que ser livre era melhor que ter medo do inferno, sabe?
“Eu sempre tive o sonho de ser veterinária, mas eu sabia que seria um caminho bem difícil, atuar na medicina animal com a renda quase inexistente da minha mãe. Então eu pegava muito no desenho, sabe? Eu gostava da sensação de satisfação quando terminava as minhas artes.”
Debby, conte um pouco como a tatuagem entrou na sua vida e qual seu propósito em fazer arte?
Debby: A tatuagem surgiu pra mim através de um relacionamento, eu tive um companheiro dos 18 aos 20 anos, e ele era aprendiz na época.
Ele gostava muito dos meus desenhos e me perguntou se eu tinha interesse em aprender a tatuar. Aquilo pra mim foi totalmente louco de primeira, porque eu morava com a minha mãe (evangélica), que vivia em cima para saber o que eu estava aprontando. Então eu topei aprender a tatuar, bem no off, mas com aquele medo do que a minha mãe faria se descobrisse.
Meu ex companheiro me ensinou a montagem da máquina de bobina e tudo que eu precisava para o manuseio daquele instrumento.
Rapidamente eu aprendi, por ser também muito curiosa. Eu não tive obviamente todas as ferramentas para ser logo uma super aprendiz, até porque ele também era um aprendiz. Mas o máximo que dava a gente desenvolvia mais.
A primeira vez que eu risquei foi uma experiência sem igual, fiquei tão feliz de estar realizando meu primeiro procedimento de tatuagem. E foi na pele dele kkkkk.Foi a minha tela por muitas vezes, pra ele era mais uma forma de tatuar de graça, mal ele sabia que pra mim era muito mais. Com o tempo e o nosso casamento, ele desistiu da tattoo mas eu continuei.
Eu tive muita ajuda também da mana @danialves.art que foi a pessoa que me incentivou de forma profissional na tatuagem, me colocou no grupo de Whatsapp de tatuadores iniciantes, administrado pela mana @kahvazqueztattoo. Esse grupo é ativo até hoje no Facebook e no Instagram, recomendo.
Lá eu aprendi e conheci as manas que estavam a mais tempo e as que estavam começando, assim como eu, na tattoo. No início a proposta era apenas para mulheres, hoje está livre para a entrada de pessoas não binárias.
Acredito que no meio de encontrar com Dani eu tinha iniciado um estudo em peles pretes, e nessa época eu construí uma bela ponte de apoio e divulgação que me levasse pras demais demandas na tatuagem.
Com o tempo eu conheci y @thamucandyluts, tatuadore de SP, que me inseriu no grupo de tatuadoras pretas no whatsapp. Uma rede de apoio que na época estava em crescimento, e hoje em dia estamos em 1.943 pessoas fortalecendo, tanto no Instagram quanto no whatsapp.
“Eu fiquei maravilhada com as propostas que iam para além de aprender a tatuar, para construção do pensamento de Decolonialidade na tatuagem, e de peles pretes.“
Ter sido colocada no grupo foi a alternativa que me faltava para ter voz, ouvir as vozes já existentes ali com mais experiência, e visibilidade. Me reconhecer também como parte desse grupo que foi subalternizado, oprimido e que durante muito tempo foi silenciado.
“Por estar começando, nem tudo eram flores pra mim, eu ainda tive que trabalhar pra manter meu sonho. Fui de babá a servir e limpar muitas mesas por aí, até chegar a poder entrar no meu primeiro estúdio de tatuagem.”
Debby: Mesmo dentro dos espaços que entrei eu ainda penava com o racismo, machismo e homofobia que partiam dos tatuadores homens e donos das casas.
Por muitas vezes tive que recorrer a outros meios de trabalho e alternar entre trabalhar na tattoo e como freelancer em bares. Já passei de tudo por ser mulher, logo, ninguém tem lá muito respeito. E tem também aquele papo de ser uma pessoa que faz parte de uma classe financeiramente desgraçada, a marginalização, a tua existência não é lá muito querida.
Como atualmente você conversa e até mesmo convence o cliente a ter uma arte autoral, e não uma cópia da internet?
Debby: As minhas conversas com meus clientes estão alinhades no que eles têm em mente. Listamos as referências, rola de conversar sobre o que remete a arte, se eu tiver espaço, peço pra me contarem as próprias histórias e a história que cada pessoa quer contar com aquele pedido. Isso é muito firme, sabe? Até porque eu sou muito da simbologia, gosto de contar nos meus posts o que cada arte é e o que me inspirou a desenvolver aquilo.
Me faço acessível, aceito várias formas de pagamentos, se o projeto ser muito grande parcelo até em dinheiro. Só que a pessoa só vem tatuar quando terminar de pagar, não o contrário. Geralmente isso acontece quando a data de encontro é mais longe, com isso dá tempo da pessoa se organizar e pagar sem sentir muito. Possibilita até quem não tem limite alto de cartão de crédito também. Pelo menos funciona para muitos, inclusive para mim.
Normalmente eu vou falando aos poucos como a arte vai ficando, pergunto se eu posso ter total liberdade para viajar e modificar também a arte mesmo com os elementos já fornecidos, para que o processo de criação não ultrapasse meus limites também.
Sim, tatuador/ilustrador tem seus limites. Quando isso acontece, eu vejo também que existe um respeito mútuo entre cliente e tatuadora nesses momentos, é lindo demais.
Falando em limites, eu sou uma pessoa que sofre um pouco de ansiedade, é uma luta diária com a minha própria mente e corpo. Então tem dias que eu frito, termino a arte em um prazo bom e, tem dias que eu estendo esse prazo.
Como eu tenho e construo uma linha de amizade com meus clientes, eu alerto sempre das minhas demandas, acho que isso faz com que eu seja enxergada dentro dos limites de: sou humana e preciso dos meus dias de descanso.
Para quem me busca achando que eu faço cópia começo a dizer que plágio é crime.
Alerto que a pessoa corre o risco de ser denunciada tanto quanto eu seria, e o valor pela arte roubada sairia o dobro do que ela pagou para fazer, sinto muito mas é verdade.
No começo quando eu não tinha uma identidade reconhecida, firmada, eu cedia bastante a demanda do público. Hoje sabendo o que eu quero fazer (temática indígena) quem vem até o meu Instagram já sabe de cara o que esperar. Então digo que a melhor coisa é ter uma arte única e livre do fantasma do copia e cola.
Faço a manutenção do meu trabalho sempre que eu vejo que o cliente está em dúvida das minhas capacidades, acho muito importante. Simplesmente por ser uma artista autoral eu gosto do desafio ao novo. Claro, se a pessoa também não estiver disposta a colar com o meu trabalho eu não posso fazer muito. Só que isso é muito raro de acontecer. Conforme meu corre evolui, eu bato menos cabeça com o público.
Conta um pouco como são seus clientes, o que eles mais procuram você para realizar e quais são os hábitos deles:
Debby: Aí sim! Meus clientes são lindes demais. Graças a Jah eu trabalho com gente que nem eu, LGBTQIA+, pretes, de esquerda, amo!
Mas varia muito de pessoa para pessoa, a graça é poder criar uma variedade de artes, mas todas com a minha estética do rastelado, preto e vermelho sou só preto. Se não, pra quê quer uma arte feita por mim, não é mesmo?
Tive uma fase que eu fiz muitas plantinhas, combos de ervas de proteção e fechamentos de braço com essa vibe botânica, foi a fase que eu mais tive que estudar para investir em um trabalho de qualidade nesses pedidos.
“Sou muito grata a todes inclusive que confiaram em mim nessa missão. Acho que atraio muita gente com pensamento criativo. Não que se tatuar em si não seja um ato criativo, mas pelo desenrolar dos pensamentos eu percebo que existe uma fome em se expressar através do corpo, atender a cada pedido é libertador”
Além da tatuagem, quais outros tipos de arte você desenvolve? Estão à venda?
Debby: Algumas artes que acabam não virando tatuagem eu vendo como print, com e sem moldura.
Iniciei um processo em desenvolver ilustrações e artes para bandas, (Interessades podem vir!).
Qualquer brecha que dê pra eu vender meus desenhos eu tô dentro!
É só colar no meu Instagram, procurar na barra de favoritos e mandar uma DM que a gente desenrola, ou acessar meu link de whatsapp para encomendar um exclusivo.
Oba, fiquem ligados então nas redes sociais da artista para não perder nada! Seu trabalho é realmente fantástico!
O que na arte gostaria de fazer e ainda não fez mas gostaria de se desafiar?
Debby: Olha, tem algumas coisas. Adoraria receber convites para expor meus prints em galerias, poder ter um prédio com uma arte minha pelas cidades.
Adoraria fazer artes para livros em lançamentos. Camisas, bolsas, outros tipos de vestimentas… Já tive muita vontade de fazer quadrinhos, mas eu não tenho estudo pra isso. Talvez um dia role.
Qual história tatuou que mais fez diferença para você? O que era?
Debby: Sinceramente eu não fiz uma tatuagem que não contasse algo.
É exatamente por isso que o meu trabalho faz muita diferença na minha vida e de quem me procura para tatuar, por que eu sei que passo a certeza de que você só vem aqui porque queres contar parte da sua história eternizando ela na pele, e eu vou ser a pessoa, a ferramenta para isso.
Eu só lamento as pessoas que eu não consegui tatuar por não ter mais tempo em alguma visita ou Guest que eu fiz.
Mas se eu for contar uma história específica, seria a que me aconteceu em 2021. Entre outubro e novembro, eu fui pra Belém para o meu primeiro guest, lá eu recebi uma encomenda pra fazer uma borboleta em um espelho e nas bordas uma escrita assim “onipresente e onisciente”.
A pessoa era de Iansã, a tatuagem tinha toda uma ligação com a demanda daquele indivíduo.
Conforme a nossa conversa ia evoluindo eu fui falando que tenho um apego muito grande com a simbologia da borboleta de Iansã, e aí eu fiquei sabendo que o pai desse cliente também era devoto. Só sei que eu terminei esse trampo tatuando elu, o pai, e ainda vendi um quadro com as artes de Iansã que eu já tinha e as que eu desenvolvi. Fui conhecer o terreiro da família, fiz amizade até com os erês, foi lindoooo! Um verdadeiro presente.
Qual o estilo de tatuagem que não é o que faz atualmente, mas gostaria de fazer alguns projetos?
Debby: De todos eu tenho vontade de aprender realismo mas usando o pontilhismo ou o rastelado pra isso. Aprender esse estilo para agregar no que eu faço, sabe? Eu quero fazer alguns cursos para obter certificados e melhorar as técnicas, por que eu fiz uns workshops mas não ganhei meus certificados, procurei mas ninguém me deu resposta. Isso me atravessou negativamente de muitas formas, mas sigo plena. 🙂
Você tem pretensão de fazer guests e visitar outros estados e países para levar sua arte? Se sim, quais?
Debby: Eu amo viajar pra fazer guest! Então, sim.
Eu já fui pra alguns lugares. Já fui para Marabá PA, já fui pra Tocantins, fiz um guest no Sensação Tattoo aqui em BH, hoje em dia minha casa atual!
Em junho, do dia 08 ao dia 11, eu vou para mais longe, vai rolar um guest em São Paulo. Pretendo ir para o Rio em breve.
Eu tenho vontade de fazer algo pra fora do Brasil também, mas são planos. Não tenho um local fora do brasil de preferência, sabe?
Qual artista você adoraria fazer uma collab futuramente?
Debby: Eu faria com qualquer artista. Eu amo desenhar e dividir experiências, não teria uma pessoa só pra escolher, é difícil demais essa pergunta, mas faria com qualquer pessoa com posicionamentos parecidos. Adoraria uma collab com:
Quem você admira na arte da tatuagem e por que?
Debby: Eu admiro muitas pessoas de dentro e fora da tatuagem. E só admiro por que de alguma forma ela me tocou, me cuidou, ou me inspirou a ser e buscar ser o que quero algum dia.
@_indiatattoo: é uma tatuadora que me inspira muito desde que comecei a tatuar. Os trampos dela são voltados exatamente para a cultura afro e indígena. É um exemplo de profissional que eu busco me tornar.
@cranialltattoo_: tatuador, ilustrador, vocal em banda punk, tudo de bom também! O Bereco, é um conterrâneo de Belém, eu conhecia de longe bem antes de saber ou querer tatuar, ele foi um dos primeiros tatuadores que eu conheci na vida. Um mano preto, periférico também, que sempre lutou pra ter o que tem e hoje em dia está aí com estúdio, ganha sempre nos eventos do Tattooday. Eu admiro demais essa pessoa.
@el.arthuro: tatuador preto, manda muito no Blackwork, já trabalhamos juntos no mesmo estúdio, e agora eu sou carteirinha carimbada no estúdio próprio dele.
Todo guest que eu retorno para Belém, está sendo no estúdio dele, e eu espero que seja uma parceria para a vida. Eu admiro demais tudo que ele faz, por ter uma leveza e ser um artista que antes de tudo é super humilde.
@danialves.arte: essa mana é simplesmente meu anjo da guarda de quando comecei na tatuagem, foi minha tutora por muito tempo, seja pessoalmente ou pelo whatsapp. Ela quem segurou a minha mão para dar os primeiros passos. Eu sempre vou levar para a vida. Artista, ilustradora e tatuadora, conterrânea de Belém do Pará.
@manablacktattoo: tatuadora, ilustra de Belém do Pará. A Maria Clara é o exemplo de empreendedorismo na tatuagem no norte. Nunca vi uma pessoa mais humilde, batalhadora e uma puta tatuadora! Eu tive a imensa oportunidade de conhecê-la, tatua-la e dividir espaço de trabalho também.
@ka_libretattoo: ilustra e tatuadora em peles pretes. Adoro demais o corre dessa Deusa também.
@bastostattoo44: ilustradora, tatuadora em peles pretes, sapatão maravilhosa!
Que demais! Se Debby indicou, vale a pena conferir o trabalho!
Seguindo nosso papo, qual legado você gostaria que sua arte deixasse?
“Eu nunca pensei em deixar um legado, mas se isso acontecer, que seja de uma imagem de representatividade como nortista, pansexual, periférica, que tá aí no mundão marcando sua história na pele do povo.”
Que a minha arte sempre mostre que foi feita para além do desenho e contou histórias variadas, assertivas e únicas.
Qual dica você daria para quem está iniciando na tatuagem como artista?
Debby: Para quem me pede ajuda eu faço o possível, até porque eu me sinto buscando amparo em outres artistas também. Mas se tu estás à procura de algo de mim, eu sei que vou oferecer só o que posso e de boa também, dentro das minhas limitações.
Eu digo também que conheço a melhor professora de tatuagem do brasil! corre lá no @medusa.cursos
Diria para quem está começando, confiar sempre no teu Ori acima de tudo. E se tu és novo, depende dos seus pais e quer inserir na tatuagem para os próximos anos, use isso ao seu favor.
Eu sei que falar para os pais que tu queres ser tatuadore pode assustar por ser uma profissão ainda marginalizada pelos antigos. Mas se é isso que tu queres mesmo, corre atrás, fecha os ouvidos e corre pro teu futuro como tatuadore.
Se tu estás morando com teus pais, óbvio que não tem tanta conta pra tu arcar ainda, né não? Então pega tua mesada, teu dinheirinho de print, de freelancer, ou, melhor… se tu já trabalha, e quer ser tatuadore, pega a grana que tu recebes e investe na tua profissão dos sonhos.
Estuda teus desenhos, procura os profissionais que te inspiram e pede ajuda, entre em grupos de rede apoio online de tatuadores.
Antes de entrar em um espaço qualquer de tatuagem, seja racional. Digo, não entra pensando só no dinheiro, (claro, isso é muito importante, tu estás nessa pelo dinheiro também). Mas veja se o estúdio quer teu crescimento, ou se só quer mais uma cabeça para alimentar a renda daquele espaço.
Dê uma olhada se é um espaço seguro, se tu és uma pessoa prete, LGBTQQICAPF2K+ , se as pessoas donas tem posicionamentos antirracistas, antifascistas… por aí vai.
É mais do que obrigatório que tu possas ter liberdade de ser quem és nos espaços de trabalho, e não trabalhar de carteira nos dá essa liberdade de sair fora quando não for pra ti aquele rolê, (pelo menos isso).
Sei que nem todos os cantos oferecem espaços seguros para nós, em algumas ocasiões a gente tem que se calar por depender dali, mas eu espero que consigamos em algum momento esse descanso.
Sempre cobre valor de sinal desde o começo, para evitar os cancelamentos de gente avulsa.
“Não desista de fazer o que o teu coração manda… Se tu já sabes o que queres fazer de estilo de tatuagem, não abra mão disso só por já ter muita gente fazendo o mesmo.E não se cobre tanto.”
E para quem ainda vai se tatuar, qual conselho você deixa para essa pessoa?
Debby: Me preocupo muito com a segurança das pessoas que entregam suas peles nas minhas mãos, porque junto desse processo vem as demandas pessoas de cada um. Então tudo gira em torno de fazer uma tattoo massa e sair de lá com memórias afetivas.
Então, não tatue o nome de namorade. Tatue artes que te descreva como um ser grandioso e maravilhoso.
Ouça as recomendações de seu profissional, cuide da sua tattoo pra que sua tela pessoal tenha uma vida longa. E sempre fortaleça o corre das manas, pretas, indígenas e LGBTQIA+!
Fuja de boy assediador que quer expor teu corpo e tua saúde com desculpa de te tatuar de graça em locais duvidosos, esteja sempre acompanhade quando for tatuar e beba muita água antes e depois da sua tattoo.
Por fim, quais seus planos para o futuro?
Debby:
– Meus planos de 2022 estão dentro de ter público o suficiente para me manter o ano todo.
-Ter reconhecimento em Belo Horizonte, que é onde estou 99% dos meus dias.
– Fazer parte de algum podcast algum dia pra falar do meu trabalho, de vivências etc.
– Deixar bastantes prints por essa BH toda, e quem sabe por todo Brasil.
– Fechar alguma parceria com alguma marca pra divulgar a minha arte, seria por tudo.
Debby, onde os seguidores podem te encontrar em 2022?
Debby: Pra me encontrar é muito fácil, só ir lá no Instagram: @debbymttt https://www.instagram.com/debbymttt/
Lá é onde tudo acontece!
Atualmente estou ligada ao estúdio de tatuagem @sensacaotattoo.
Fica localizado aqui em Belo Horizonte. Endereço: AV. Brasil, 1740- Santa Efigênia MG.
Fique de olho na agenda da Debby para marcar uma tattoo com ela!
Se liga na agenda:
Debby: No mês de Junho, dos dias 08 á 13 estarei fazendo guest em São Paulo em @casathamusa – https://www.instagram.com/casathamusa/.
Vai ser uma semana de guest, tô bem ansiosa por esse momento! Vai ser a minha primeira viagem pra fora de onde estou morando, e a minha agenda já ficou bem recheada antes que eu pudesse me preocupar se ia ter público ou não. Foi lindo demais, só tenho a agradecer!
Para quem é de Belém do Pará, vai rolar um super guest meu, o reencontro mais do que maravilhoso com a minha cidade natal.
Vou ficar nos meses de Outubro, Novembro e Dezembro no @inkfactory.studio – https://www.instagram.com/inkfactory.studio/. Endereço: Tv. São Pedro, 842 – loja 01 – Batista Campos, Belém – PA, 66030-465.
Muito obrigada pela entrevista Debby, foi maravilhoso contar sua história em nosso Blog!
Máximo respeito por sua trajetória, desejamos que conquiste tudo o que desejar!
Hey, fica com a gente que tem outras matérias e histórias inspiradoras aqui no Blog do Tattoo2me!