Gi Araújo: representatividade e arte

Conheça de perto essa artista incrível de Minas Gerais, Giovanna Araújo.

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Conheça de perto essa artista incrível de Minas Gerais, Giovanna Araújo.

A Gi Araújo é uma artista sensacional e nesta entrevista você vai entender porque.

Gi vem de Giovanna, e o trocadilho no nome relacionado à tatuagem não poderia ter sido melhor! 

Nascida em Itabira, Minas Gerais, hoje ela mora em Belo Horizonte onde desenvolve seu trabalho através dos estudos e processos criativos com a arte. 

O trabalho da Gi Araújo é encantador!

Basta olhar os desenhos que ela cria, carregados de movimentos e detalhes, tudo trabalhado nas linhas pretas fluídas da artista. 

A tatuagem é seu principal palco de atuação, mas a Gi é uma artista plástica inquieta!
Seu negócio é criar, e ela já demonstrou interesse em estampar outros tipos de superfícies com seu trabalho.

A conversa está sensacional, então te convido a acompanhar este bate-papo e conhecer mais sobre a maravilhosa Gi Araújo! 

Vamos lá? 

Artista Gi Araújo

Gi, descreva um pouco sobre você, como pessoa e como foi sua trajetória até aqui.

Gi: A Gi, do TatuaGi, se chama Giovanna Emanuelle Soares de Araújo Silva, tem 22 anos e ama fazer arte desde que se entende por gente. 

Eu nasci na cidade de Itabira-MG, mas morei e passei por outros lugares que foram muito importantes para minha formação, até chegar em Belo Horizonte, onde resido e atendo atualmente.

Vim pra cá pra estudar design de moda e comunicação, áreas que gosto muito e que também envolvem um pouquinho dos processos criativos da minha rotina. 

Os desenhos sempre me acompanharam nesse processo, seja os desenhos de moda, de figura humana e retratos, assim como a pintura (em especial, com aquarela e guache). Também me descobri pintando paredes e murais, fazendo colagens, brincando com o design gráfico e outros fazeres criativos que atravessam meu cotidiano. 

“Felizmente a tatuagem apareceu e ganhou meu coração no caminho” 

Conte um pouco como a tatuagem entrou na sua vida e qual seu propósito em fazer arte?

Gi: Comecei a estudar tatuagem no finalzinho de 2019 e a praticar em pele humana no início de 2020, logo quando começou a pandemia do coronavírus, o que atrasou um pouquinho meus planos de treinar em outros cobaias que não fossem minha mãe, meu namorado e eu mesma.

Aproveitei os meses em casa pra estudar mais sobre biossegurança, a parte teórica da tatuagem e a praticar mais ainda o desenho, que considero fundamental para minhas tatuagens – que são todas autorais e exclusivas -.

Com os primeiros atendimentos e o desenvolvimento do portfólio, no Instagram acabou surgindo o nome TatuaGi, que é a sonoridade que a palavra “tatuagem” tem pra mim quando falo rápido e despretensiosamente, além de trazer um pouco de mim, Gi, para o processo. 

“O TatuaGi é quase um compilado de todas as minhas vivências e referências na arte, poder trabalhar desenhando é realmente uma coisa que eu valorizo muito.”

Como atualmente você conversa e até mesmo convence o cliente a ter uma arte autoral, e não uma cópia da internet? 

Gi: Quando eu iniciei no ramo eu tinha muito receio em como lidar com os pedidos de cópia e, inclusive, já precisei ajustar e limitar muito meu trabalho autoral, mas fico feliz de ver que hoje as pessoas estão um pouco mais abertas ao traço e criação dos artistas na tatuagem. 

Ainda é muito comum alguns clientes mandarem referências de outros tatuadores, do Pinterest, e falarem que querem aquele desenho. Mas com uma boa e rápida conversa sobre exclusividade e plágio a galera costuma entender que realmente é melhor ter uma tatuagem só sua, feita por um artista e pra você. 
Quando o cliente não entende muito bem esse processo, infelizmente eu preciso abrir mão do projeto. 

Claro que referências são muito bem vindas para a criação do projeto.
As referências constroem nossa identidade como artista e ampliam nosso repertório, mas é necessário ter cuidado para não se apropriar do trabalho que outras pessoas tiveram e é sempre bom lembrar que plágio é crime. 

Conta um pouco como são seus clientes, o que eles mais procuram você para realizar e quais são os hábitos deles: 

Gi: Eu adoro a relação que tenho com meus clientes, acredito que consegui construir uma ponte através das redes sociais, que passa um pouquinho de como eu sou e como eu trabalho, o que me aproxima de pessoas que se identificam com o meu trabalho e minha arte. No começo eu era MUITO tímida e tinha muita dificuldade na hora de me expressar pelos stories e principalmente na hora da sessão agendada para tatuar. 

Mas com o tempo aprendi a respeitar meus limites – principalmente na exposição pelo instagram – e desenvolver um atendimento bacana e descontraído.


Eu sinto que não preciso fazer um monte de vídeos falando e mostrando o rosto pra galera acompanhar minha rotina de trabalho ou meus fazeres artísticos.
Acho que todo mundo que me segue há um tempo já aprendeu a me ler pelos textos escritos, compilados de fotos e pela troca bacana que tenho com os clientes durante o atendimento e o pós. 


Uma característica da Gi é que ela comunica seu trabalho de forma incrível. Nas legendas do Instagram, sempre fala com carinho daquela criação, e isso aproxima ainda mais ela das pessoas. E ela completa: 

Gi: Apesar disso tudo, acho super válido colocar meus ideais nas redes, afinal meus posicionamentos sociais e políticos ajudam a moldar minha arte e quem eu sou, além delimitar meu público alvo, o que no final torna as sessões muito mais divertidas e dinâmicas, por que sei que vou atender alguém como quem vou ter liberdade pra falar e fofocar sobre tudo durante as horas que passamos juntos. Com muito respeito, claro!

“Hoje tenho clientes que se tornaram grandes amigos e que eu levo pra minha vida pessoal, além do TatuaGi, e eu acho isso incrível.”

Além da tatuagem, quais outros tipos de arte você desenvolve? Estão à venda?

Gi: Atualmente eu faço trabalhos manuais e digitais, principalmente pinturas, que geralmente comercializo como prints, além de pintura em paredes, que é uma coisa que eu gostaria muito de ter mais tempo para executar. 

Pretendo logo poder inserir meus desenhos em outras superfícies, como bandeiras, ecobags, canecas, panos de prato e mais futuramente peças de vestuário como tops e camisetas, onde vou poder unir um pouco mais da minha formação em design de moda com a marca TatuaGi. 

Já comercializei uma leva de prints A4 (que são impressões em alta qualidade de pinturas autorais, que ficam lindas em molduras, coladas na parede como pôsteres, etc), onde tiveram algumas pinturas com tinta e outras feitas digitalmente. 

Arte linda criada por Giovanna Araújo

No momento estou no processo burocrático de abrir minha lojinha virtual, onde terão, inicialmente, prints de tamanhos variados, bandeiras e ecobags.

Acredito que até o final do ano os produtos ficarão disponíveis para venda, só ficar de olho lá no insta da página que vou compartilhando todas as novidades por lá, vão ter várias promoções e ações bacanas!

 Oba! Vem novidade e já estamos super curiosos para saber e acompanhar!
Afinal, podemos imaginar que serão criações fantásticas! 

O que na arte gostaria de fazer e ainda não fez e gostaria de se desafiar?  

Gi: Como a tatuagem me demanda muito tempo, não consigo desenvolver todos os projetos artísticos que tenho em mente mas tenho muita vontade, e espero logo poder estudar, pintura acrílica e pintar telas gigantescas, ter aqueles processos onde eu me dedico inteiramente durante dias.

Outra coisa que me deixa muito tentada – mas o medo de altura, além da falta de tempo, me limita – é me inscrever em circuitos de arte urbana, para pintar aqueles murais altíssimos, sabe? Aqui em Belo Horizonte temos o CURA, que é um circuito incrível e que deixa nossa cidade cada dia mais braba e colorida.  Eu fico devaneando e pensando em me inscrever um dia. 

Vai com tudo Gi, o mundo é seu! 

Qual história tatuou que mais fez diferença para você? O que era? 

Gi: É muito difícil definir a que mais fez diferença por que eu recebo pedidos de projetos muito especiais, inclusive muitos flashes fizeram muito sentido pra quem reservou também, mesmo sendo desenhos prontos que disponibilizo pelo Instagram.
Já encontrei pessoas que precisavam marcar na pele o sentimento de perda, carinho, gratidão, identificação, autoestima e cada um tinha sua importância. 

Eu sempre fico muito grata quando meus clientes compartilham o por que (quando tem), da tatuagem que estão fazendo comigo. Afinal, eu tô fazendo parte de algo muito marcante e que vai acompanhar cada um durante toda sua caminhada.

Arte linda por Giovanna Araújo

Qual o estilo de tatuagem que não é o que faz atualmente, mas gostaria de fazer alguns projetos? 

Gi: Atualmente eu trabalho com um estilo não muito bem delimitado, com o tempo e as experimentações, fui juntando algumas coisas do linework, blackwork, abstrato, fineline, de composições gráficas e acredito que ainda vou passar por muitos outros caminhos. 

Eu gosto muito da ideia de mesclar traços fluídos com elementos mais realistas, apesar de ainda não fazer projetos do micro realismo e realismo, então é uma coisa que com certeza vou experimentar no futuro e admiro muito quem trabalha com esse estilo! 

Você tem pretensão de fazer guests e visitar outros estados e países para levar sua arte? Se sim, quais?

Gi: Tenho sim! Acho muito maravilhosa a possibilidade de conhecer outros lugares e culturas tatuando e tenho planos quase concretos para tatuar em São Paulo e Rio de Janeiro no final deste ano. O que eu acho mais incrível nos guests é saber que tem pessoas de vários outros estados, e até países, que acompanham meu trabalho e ficariam felizes de esperar para poder tatuar um desenho autoral comigo. Isso traz uma sensação muito bacana de saber que eu tô sendo fiel com meu estilo e que ele é único.

Além de São Paulo e Rio, sou doida pra tatuar no nordeste.
Eu amo Salvador, em especial, e quero passar uma temporada maior lá.
Tenho vontade de tatuar em Curitiba também e, bem lá na frente, quem sabe fazer uma eurotour? Muitos sonhos por aqui.

Arte por Giovanna Araújo

Qual artista você adoraria fazer uma collab futuramente? 

Gi: Nossa, eu tenho muita vontade de fazer colaborações com uma galera da moda independente de BH, entrar com a parte de estamparia e deixar a galera criar também. Tenho conexões com pessoas maravilhosas – inclusive com clientes fodas que tatuei – que tem marcas incríveis, como a Lu do @manifesto_selvagem, artistas como a Massuelen (@massuelencristina), uma galera do bordado. Já imagino a collab com as peças bordadas e estampadinhas, como a Vi do @samambaias_bordadeiras.

É muita gente incrível e que gostaria de poder trabalhar junto, tenho muitos colegas da faculdade também que são artistas muito inspiradores, se eu fosse citar todo mundo aqui ia delongar demais, mas volta e meia compartilho essas referências lá no Instagram. 

Quem você admira na arte da tatuagem e por que escolheu essa pessoa?

Gi: Poxa são várias também, tô rodeada de artistas-tatuadoras incríveis que conheci nessa trajetória e que me inspiram muito, fico muito feliz de ver mulheres ocupando cada vez mais espaço na tatuagem.

Aqui na cena de BH tenho várias inspirações, cito a Iêda (@_iedacarvalho), a Paloma (@palomatatua), a Malu (@Malurabisca), e a Izabela (@izabelamarcolino), mas tem muito mais artistas incríveis aqui.

Fora de BH tenho várias inspirações também, admiro muito o trampo da Nina (@ninafontenelle), da Malfei (@malfeitona) e da Paola (@muitosnós).
Todas elas tem um estilo único e autoral muito forte, se entregam e se entendem como artistas para além da tatuagem, sendo fiéis à arte que produzem.

Qual legado você gostaria que sua arte deixasse e qual dica você daria para quem está iniciando na tatuagem como artista: 

Gi: Eu me entendo como um corpo político, que produz arte e sentimentos.
Iniciei na tatuagem muito sedenta por ver mais pessoas pretas sendo tatuadas e tatuando também, com isso criei uma rede muito potente e fico muito feliz quando clientes negros mostram conforto e acolhimento pra tatuar comigo. Acredito que é um processo, criar confiança para todos nós que não nos enxergávamos nesse espaço, onde podemos e devemos ocupar.
Isso serve não só pra tatuagem, mas pra pintura e pra todo tipo de processo criativo que eu faço.

“Eu desenho/pinto/produzo o que eu vejo, minhas raízes, minha história, minha cultura e sigo minhas referências, que falam muito sobre quem eu sou como artista e como pessoa. Acho que é isso que quero deixar pra quem me acompanha e consome minha arte.”

Gi: A tatuagem é um mercado fervilhante, todo dia surgem novos profissionais muito bons, não é um caminho fácil para se destacar, principalmente tendo que lidar com o algoritmo que é baseado em tendências e no que é “tiktokzável”.
Tatuagem tá longe de ser dinheiro fácil, como uma galera dissemina por aí, o trampo é intenso e exige muito conhecimento artístico, social e financeiro, é correria demais. Se você ama a ideia de deixar um pedaço seu na pele de outra pessoa, vale a pena DEMAIS. 

Giovanna Araújo em ação

Para quem ainda vai se tatuar, qual conselho você deixa para essa pessoa?

Gi: Tatuagem é comunicação, é arte e é estilo. Invista em um bom profissional, que se dedique e se entregue para a construção do que você quer passar com esse desenho, que vai ficar com você durante toda sua trajetória. 


Tatuagem também é trabalho, na maioria das vezes independente. Sempre valorize quem está prestando esse serviço pra você, ele demanda tempo, cuidado e uma entrega que vai muito além daquelas horas no estúdio. 
Além disso, sempre converse com seu tatuador, a gente quer e precisa te ouvir, você não é só uma pele, você é uma pessoa e é muito importante pra gente conseguir colocar nossa arte no mundo, sempre respeitando seus limites e vontades. No mais, bora tatuar sem medo!

Por fim, quais seus planos para o futuro e onde os seguidores podem te encontrar em 2022?

Gi: Eu espero poder levar meu trabalho para o máximo de pessoas que possam se identificar com ele e espero que eu possa tocar de alguma forma essas pessoas com o que eu produzo.
Atualmente eu estou no Instagram (@tatuagi.araujo) e tenho uma conta quase inativa no tiktok (@tatuagi.araujo) mas quem sabe não rola vídeo novo lá.

Compartilho no Instagram as tatuagens que faço com vídeos e detalhes e volta e meia compartilho um pouco dos meus processos criativos e pinturas lá também, juro que vale a pena acompanhar, podem seguir e compartilhar comigo o que vocês pensarem sobre o que eu posto lá.  

Nós também indicamos que você acompanhe pois o trabalho da Gi é realmente sensacional! Além de ser super interessante acompanhar os bastidores de uma artista como ela! 

Gi: Obrigada mais uma vez Nicole e Tattoo2me por todo carinho de sempre e apoio com os artistas independentes, o trabalho de vocês é uma ponte muito forte e é um orgulho estar tendo esta oportunidade!

Nós que agradecemos pela entrevista Gi, é um prazer imenso contar sua história em nosso Blog e se inspirar com você!

Desejamos que você concretize todos os seus objetivos e leve sua arte para mais e mais pessoas!

E você que está lendo, gostou da entrevista?


Fica com a gente que tem outras matérias e histórias inspiradoras aqui no Blog do Tattoo2me!

Até a próxima entrevista! 

Nicole Ognibeni
Nicole Ognibenihttps://tattoo2me.com
Jornalista apaixonada por novos sabores, tatuagens, viagens e animais. Vem pro meu mundo: @nicole.ognibeni / blog.tattoo2me.com

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