Meio Pulmão: O Tatuador que Desenhou seu Próprio Caminho

Conhecido como Meio Pulmão, seguiu seu sonho de viver da arte, deixando a engenharia para se tornar um tatuador de estilo único. Sua trajetória é marcada por coragem, autenticidade e um amor profundo pelo desenho, que inspira seus clientes e admiradores.

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A jornada de Julio, mais conhecido no mundo da tatuagem como Meio Pulmão, é marcada por coragem, resiliência e, sobretudo, paixão por arte. Ele não seguiu um caminho convencional para chegar onde está hoje.

Com uma história repleta de reviravoltas e escolhas ousadas, Julio fez da arte seu propósito de vida, algo que pode ser sentido em cada traço, em cada linha e em cada tatuagem que ele realiza.

Nascido em Maringá/PR e criado em Curitiba, Julio cresceu cercado por arte e inspiração. Desde pequeno, ele se viu envolto por tintas, pincéis e histórias em quadrinhos, que se tornaram parte essencial de sua infância. Porém, sua trajetória não foi tão direta quanto muitos poderiam imaginar. Nos anos 2000 ele foi para Americana, Sp.

https://www.instagram.com/meiopulmao/

Um Sonho de Infância e o Despertar da Vocação

Julio sempre teve uma conexão íntima com o desenho. Seu desejo desde criança era viver dessa arte, especialmente desenhando histórias em quadrinhos, um sonho comum para muitos que crescem admirando super-heróis e personagens icônicos. “Eu cresci lendo histórias em quadrinhos como ‘X-Men’ e ‘Turma da Mônica’. Esses foram os primeiros contatos que tive com o universo artístico.”, relembra Julio.

No entanto, como acontece com muitos sonhadores no Brasil, a vida levou Julio por um caminho diferente. Ao invés de seguir seu sonho artístico, ele encontrou na engenharia civil uma maneira de construir sua vida profissional. “Trabalhei 12 anos na engenharia, e durante muito tempo, aceitei que a arte não era algo que poderia sustentar minha vida. Me formei em técnico de edificações, engenharia civil e até inspetor de soldagem. Era o caminho que parecia mais plausível naquela época”, conta Julio.

Porém, a arte nunca o abandonou completamente. Sempre envolvido em cenas culturais underground, como o punk e o hardcore, ele era conhecido entre seus amigos como “o cara que desenha”. Mesmo com essa fama, a ideia de trabalhar como tatuador parecia distante e irreal nos anos 2000. “Eu nunca cogitei a tatuagem como profissão naquela época. Era algo que parecia muito longe da minha realidade e, sinceramente, eu não tinha a menor ideia de como começar”, admite.

A Grande Virada: O Chamado da Tatuagem

Tudo mudou em 2017, quando Julio viu um amigo próximo começar a tatuar. “Foi um momento de virada. Eu o vi se aventurar na tatuagem, algo que sempre foi meu sonho, e comecei a sentir aquele chamado. A vontade de voltar ao desenho, de trabalhar com arte, veio com força total.” Apesar de estar consolidado em sua carreira como engenheiro, Julio sabia que não poderia ignorar essa nova oportunidade. Ele pediu ao amigo para mostrar os primeiros passos no mundo da tatuagem. “Eu nunca tinha visto uma máquina de tatuagem de perto, nem desligada, nem ligada. Era uma completa novidade para mim”, relembra.

Após essa primeira experiência, não houve mais volta. Julio passou a se dedicar cada vez mais ao estudo da tatuagem, pesquisando sobre técnicas, pele, tintas e estilos. “Aos poucos, a engenharia foi perdendo sentido. As metas da empresa, os projetos e planilhas já não faziam mais parte do que eu queria para minha vida”, afirma. Em dezembro daquele mesmo ano, ele pediu para ser desligado da empresa onde trabalhava e, em fevereiro de 2018, começou sua nova jornada como tatuador. “Comprei minha primeira máquina, montei um estúdio improvisado na sala de casa e chamei meus amigos para serem meus cobaias. Foi assim que tudo começou.

Os Desafios do Início e a Batalha Interna

Assim como muitos artistas iniciantes, Julio enfrentou grandes desafios no começo. A maior dificuldade, segundo ele, foi a autoconfiança.

“Sempre tive que lidar com aquela voz interna que perguntava: ‘Será que isso vai dar certo?’. Jogar fora 12 anos de uma carreira e começar do zero foi assustador”

No entanto, essa incerteza nunca o fez recuar. Ele mergulhou de cabeça no mundo da tatuagem, praticando, estudando e aperfeiçoando suas técnicas com cada novo cliente que aparecia.

Outro desafio foi a pressão para se estabelecer em um mercado competitivo e, ao mesmo tempo, fiel à sua visão artística. “No início, muitos me viam como um tatuador de pontilhismo, mas eu nunca quis me limitar a um estilo. Sempre enxerguei o pontilhismo como uma técnica que fazia parte do meu processo criativo, mas não como meu estilo definitivo”, explica. Com o tempo, Julio começou a explorar novas formas de arte, incorporando hachuras e diferentes tipos de linhas em seus trabalhos.

Ele também enfrentou o desafio de equilibrar a arte com o lado comercial da profissão. “A maior batalha é sempre interna. É sobre encontrar o equilíbrio entre se superar como artista e manter a verdade no seu trabalho, sem se deixar levar pelas demandas comerciais que muitas vezes tentam limitar a criatividade.”

O Estilo de Meio Pulmão: Um Mergulho em Linhas e Hachuras

O estilo de Julio evoluiu consideravelmente desde que começou a tatuar. Embora tenha sido conhecido inicialmente pelo uso de pontilhismo, ele desenvolveu uma técnica única que mistura diferentes tipos de linhas, sombras e pontos. “Eu sempre gostei de misturar técnicas. Não me considero um tatuador de um estilo específico. Gosto de usar o termo ‘trabalhos com o uso de linhas’ porque acho que isso define melhor minha abordagem”, comenta.

Ele cita influências de artistas de quadrinhos dos anos 80 e 90, como Todd McFarlane e Robert Crumb, além de gravuristas clássicos como Gustave Doré. “Minhas influências mudaram muito ao longo do tempo. Já me inspirei em artistas que hoje não me impactam mais, e conheci outros que não gostava no início, mas que agora admiro profundamente. Acredito que a arte é assim: sempre em movimento.”

A Relação com os Clientes: Colaboração e Liberdade Criativa

Para Julio, os clientes têm um papel fundamental no seu desenvolvimento como artista. Eles são, muitas vezes, a força que o tira da zona de conforto. “Recebo ideias que eu jamais teria sozinho, e isso me força a estudar novas técnicas e formas de abordar o desenho. Isso me mantém em constante evolução”, reflete.

Ao mesmo tempo, ele valoriza a liberdade criativa que muitos clientes lhe dão. “Sou grato quando as pessoas se conectam com meu trabalho e me dão liberdade para criar. Isso é algo pelo qual sempre trabalhei, e me sinto realizado quando vejo que consegui construir essa relação com meu público”, afirma.

https://www.instagram.com/meiopulmao/

Experiências Internacionais e a Expansão Criativa

Nos últimos anos, Julio teve a oportunidade de expandir seus horizontes, levando seu trabalho para outros países. Em 2022 e 2023, ele tatuou em países como Portugal, Alemanha, Holanda, Irlanda, Inglaterra e Bélgica. Essas experiências foram transformadoras para o artista, tanto pessoal quanto profissionalmente. “Foi incrível ver como a arte une as pessoas. Não importa a cultura ou o país, a tatuagem tem esse poder de criar conexões”, relata.

Ele também acredita que essas viagens o ajudaram a crescer como artista, pois o expuseram a diferentes formas de ver e entender a arte. “Cada país tem suas particularidades, mas no fundo, as pessoas são muito parecidas. Elas querem algo significativo, algo que as conecte a quem elas realmente são.”

O Futuro de Meio Pulmão: Novos Projetos e a Busca por Expansão

Embora esteja plenamente realizado com sua carreira de tatuador, Julio não vê seu futuro exclusivamente nesse campo. Ele tem planos de expandir sua arte para outras plataformas, como pintura e ilustração, além de explorar novos estilos de tatuagem. “Sinto falta de trabalhar com outras superfícies além da pele. Quero voltar a pintar, explorar o realismo, o uso de cores, e criar perfis que não cabem no estilo que já construí com o Meio Pulmão”, revela.

Outro plano é a realização de workshops e cursos para novos artistas. “Passei muitos anos desacreditando do valor da minha arte, algo que foi imposto por gerações antes de mim. Hoje, quero passar adiante essa mensagem de autoconfiança, ajudar outros artistas a acreditarem em seu próprio valor”, diz Julio, com um brilho nos olhos.

O Legado de Meio Pulmão

Ao ser questionado sobre o legado que deseja deixar, Julio reflete profundamente. “Meu maior legado é a coragem de seguir o coração. A arte me deu confiança, e essa confiança me levou a lugares que eu nunca imaginei. Espero que meus clientes e outros artistas possam sentir isso também, que vejam o valor naquilo que fazem, mesmo quando o mundo ao redor não parece acreditar.”

A gratidão que ele sente pelos clientes é imensa. “Ainda me impressiona o fato de as pessoas quererem carregar minha arte na pele para sempre. Isso é algo que nunca deixará de me emocionar. Saber que, de alguma forma, continuarei vivo nas lembranças dessas pessoas, mesmo depois de partir, é uma sensação indescritível”, conclui


Quer Saber Mais? Agende sua Tatuagem com Meio Pulmão

Se você se conectou com a história de Julio e quer ter sua própria arte feita por ele, basta enviar uma mensagem direta através do Instagram @meiopulmao. Lá, você poderá saber mais sobre a agenda de guests, tirar dúvidas, e receber todas as instruções sobre orçamentos e projetos personalizados. Não perca a oportunidade de fazer parte dessa trajetória artística tão autêntica e inspiradora.


Julio, agradecemos profundamente por confiar no Tattoo2me para compartilhar sua trajetória e seu incrível trabalho autoral. É uma honra poder contar sua história, que inspira tantos artistas e admiradores da tatuagem. Admiro muito sua autenticidade, sua coragem em seguir o coração, e o talento singular que você imprime em cada traço. Que sua arte continue tocando e transformando vidas. Obrigada por essa parceria e por todo o trabalho maravilhoso que você vem construindo.

Nicole Ognibeni
Nicole Ognibenihttps://tattoo2me.com
Jornalista apaixonada por novos sabores, tatuagens, viagens e animais. Vem pro meu mundo: @nicole.ognibeni / blog.tattoo2me.com

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