Colonização e Tatuagem: entrevista com o tatuador e pesquisador Vitor Ciosaki

Há múmias egípcias de 5 mil anos tatuadas, a prática também existe há pelo menos 1700 anos no Peru. A ação de marcar a pele é comum entre diversos povos originários ao redor do mundo.

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Por Fabiane Lopes.

Foto: Alass Derivas / Acampamento Luta Pela Vida, 2021; Ciosaki tatua Fabrícia (handpoke)

O homem branco “descobriu” a tatuagem através de uma viagem de expedição do navegador inglês James Cook à Oceania, mais precisamente ao Taiti. Cook relata em seus escritos o contato com o termo “tatau”, que significa desenho pigmentado na pele, na língua maori. Palavra que deu origem na língua inglesa ao substantivo e verbo “tattoo”. 

Esse fato histórico só prova que a tatuagem na verdade já existia há muito tempo antes do descobrimento do colonizador. Há múmias egípcias de 5 mil anos tatuadas, a prática também existe há pelo menos 2500 anos no Peru. A ação de marcar a pele é comum entre diversos povos originários ao redor do mundo. 

A tatuagem do ponto de vista ocidental existe há menos de 200 anos. É etnocídio afirmar por exemplo que o estilo Old School de tatuagem norte-americano seja o “tradicional”, visto que milênios atrás vários povos não-brancos já dominavam a prática. Para entender mais sobre as relações entre colonização e tatuagem, conversei com o tatuador e pesquisador Vitor Ciosaki.

Acampamento Luta Pela Vida, Ciosaki tatua Rafael; 2021


Tattoo2me: Há quanto tempo trabalha com arte e tatuagem? Você tem alguma formação na área?


Vitor: Trabalho com tatuagem desde 2012, comecei sendo aprendiz em estúdio comercial no interior de São Paulo, depois fui pra capital estudar artes visuais, mas a tatuagem falou mais alto e acabei não formando. A tatuagem não cabe na academia, não cabe no espaço expositivo, não cabe no museu, não cabe nas galerias, diria que não cabe nem nos estúdios de tatuagem. 

Há quantos anos nossos ancestrais colocam tinta na pele? Com certeza há pelo menos 5 mil anos, e há quanto tempo os estúdios de tatuagem existem?

Esse tipo de questionamento me levou à pesquisa e dedicação integral na tatuagem, na contramão das instituições. Esse fluxo de autonomia e ancestralidade me trouxe à tatuagem sem máquina. 

Tattoo2me: O que te motivou a se debruçar sobre estudos raciais e culturais na tatuagem?

Vitor: O espaço do estúdio de tatuagem padrão sempre me gerou incômodo, pela questão de serem espaços de consumo quase que exclusivamente masculinos, mas também por serem espaços de supremacia branca. 

Se a busca por autonomia implica na tomada dos meios de produção, no nosso caso esses meios de produção são as marcas de materiais e estúdios de tatuagem, que são dominados por pessoas brancas. 

Se você vai num estúdio de “tatuagem oriental” e não tem uma pessoa oriental no espaço, tem algo errado né? O racismo opera da mesma forma excluindo pessoas negras e indígenas desses espaços. É comum que se tatuem grafismos, mas não é comum a presença de pessoas racializadas nos estúdios comerciais de tatuagem. Esses corpos negros, vermelhos e amarelos só estão presentes pendurados nas paredes em fotos e “homenagens” como corpo-público sem nome, compondo a decoração como algo “exótico”. E aí entra a questão da apropriação cultural, porque na real esses grafismos estão sendo roubados (mais uma vez) por pessoas brancas, que em sua grande maioria não sabem dizer nem o significado muito menos a origem étnica desses desenhos, sendo assim essas tatuagens não tem relação nem devolutiva para os povos que tiveram esse saber extorquido.

Vamos lembrar que quem começou essa história de tatuagem foram justamente os povos originários. 

Tendo isso em mente, tenho focado em construir pontes para que mais pessoas racializadas possam ocupar o espaço que é de fato direito delas de ocupar. Se não temos espaço nesses estúdios é porque ali nunca coubemos, então bora criar espaços autônomos onde a gente não tenha que se medir para caber. É claro que pros parâmetros da branquitude que tenta confinar a tatuagem num ambiente de shopping center, clínica de estética ou barbearia gourmet, pra essas pessoas nós nunca seremos bons o bastante, mas esses parâmetros são regras criadas por eles mesmos para se manter no poder. 

É nisso que penso quando defendo a tatuagem como ferramenta de repatriação cultural. Esse é um movimento de retomada da tatuagem tradicional que tem acontecido no mundo todo, seja entre os Matis no Amazonas, seja em Mentawai na Indonesia, seja nas linhas de frente Secwepemc, Inuit, Shimanchu, enfim, felizmente é grande e tem crescido a lista dos povos que têm se reapropriado da tatuagem como uma das muitas camadas de resistência que compõe a cultura.



Hajichi (tradição Okinawa na diáspora, Mayumi 2019), handpoke

Tattoo2me: Há uma influência política e de pautas sociais muito bonitas no seu trabalho. Poderia falar um pouco sobre?

Vitor: Essa influência existe por conta do movimento anarquista.

Considero a arte como uma ferramenta de transformação social num contexto de guerra permanente ao estado, partidos políticos e qualquer forma de autoridade ou decisão que venha de cima para baixo. Quando saio do estúdio para tatuar “fora” o que me interessa é como usar da tatuagem como uma ferramenta de luta, pra tomar de volta os saberes e práticas ancestrais que a branquitude enquanto classe se apropria e utiliza para se manter no poder, tendo o monopólio de decidir quem pode ou não se tatuar. Essa é uma forma de bater de frente com a narrativa branca onde a tatuagem é um privilégio das elites, associada somente à ostentação e consumo. Eu trabalho com tatuagem, mas além de um trabalho a tatuagem também é uma ferramenta de resistência.

Além da questão política, a tatuagem também carrega a força da ancestralidade. Quando comecei a observar a relação que meu povo tem com a tatuagem percebi que a narrativa que o ocidente importa e rotula como “tatuagem oriental”, referindo-se exclusivamente à tradição do irezumi japonês, da tatuagem “yakuza”, do pacto de masculinidade que nunca deve ser feito em partes expostas do corpo, no fundo essa é uma narrativa que contribui para invisibilização das muitas outras tradições de tatuagem tradicional no dito “oriente” que os povos originários asiáticos mantêm e atualizam há milênios. 

No Japão mesmo, o tabu que a sociedade ainda nutre em relação à tatuagem tem raízes no racismo anti-indígena muito antes da associação à criminalidade mafiosa. As hajichi nas mãos das mulheres de Okinawa ou as tatuagens faciais do povo Ainu em Hokkaido estão sofrendo essa tentativa de apagamento por parte do estado japonês desde a desgraça do império, que chegou inclusive a perseguir e criminalizá-las, portanto é um absurdo dizer que essas são tradições japonesas, esses povos existem e resistem muito antes da invasão do império japonês e posterior imposição do estado-nação. Hoje esse mecanismo de apagamento se atualiza com a globalização, na mesma medida que as mulheres shimanchu em Okinawa e na diáspora atualizam também a resistência e fortalecimento da cultura, retomando e atualizando a tradição entre as pessoas que são parte da comunidade shimanchu. 

Aproveito a oportunidade para recomendar o trabalho de Hiromi Toma, a primeira hajichaa no Brasil, que tive a honra de iniciar no universo da tatuagem e com quem aprendo muito. A tatuagem nas mãos certas é uma arma na luta anticolonial.

Tattoo2me: Como você identifica os traços e resquícios da colonização na tatuagem?

Vitor: A branquitude continua atuando como estrutura que coloniza a partir do roubo na mesma medida que impede que pessoas racializadas possam reivindicar espaço nas culturas das quais fazem parte. 

Primeiro proíbem as práticas, seja pela morte física, seja pela destruição ou esvaziamento da cultura, reduzindo toda uma cosmovisão a mera estética, que configura etnocídio. 

Depois, se apropriam das técnicas, separando o fazer da forma de existir, distorcendo as cosmovisões do “outro” para que caibam dentro do que a branquitude considera adequado para consumo ou “sincretismo” e, por fim, essa mesma classe se autodeclara representante de culturas “primitivas”, “fadadas ao desaparecimento”. 

Ou seja, quem causou o estrago ainda se coloca como solução. Isso sem falar da capitalização que é intrínseca à apropriação cultural. Percebo cada vez mais o uso vazio de termos como: tatuagem “amuleto”, “ritual”, “ancestral”, “talismã”, “portal”, como se fossem novas escolas (ou melhor, novas etiquetas), sendo que na prática o que ocorre novamente é o apagamento estrutural de tradições milenares pra manutenção de privilégios da supremacia branca, visto que a branquitude exclui o principal que é o protagonismo dos povos originários.

Tattoo2me: Quais problemáticas identifica no conceito do estilo tradicional Old School?

Vitor: Da mesma forma que o rótulo “tatuagem oriental” como sinônimo de irezumi contribui para o apagamento de diversas outras tradições de tatuagem orientais, assim ocorre também quando a escola de marinheiro norte-americano “old-school” se coloca como a única “escola tradicional”.

Isso sem falar da categoria “tatuagem tribal” que é uma baita categoria racista, afinal não se fala mais em “tribos”, mas sim em povos, etnias, com formas próprias de nomear quem são e o que fazem.

Esses são exemplos do que os pensadores decoloniais chamam de “violência epistêmica”. 

Enfim, novamente, não existe uma escola de tatuagem tradicional, existem várias, mas sim, considero uma continuidade da dinâmica colonial quando, por exemplo, datamos o “início da tatuagem no Brasil” de acordo com a chegada da máquina de tatuagem. Por essas terras dominadas pelo estado brasileiro diversos povos viviam e tatuavam sem máquina por vezes milênios antes das narrativas brancas chegarem se impondo como pioneiras, como por exemplo os povos Karajá, Ikpeng, Kawaiwete, Paiter-Suruí, Apiaká, Puyanawa, Karajá, Asurini, Munduruku, Ingarikó, Enawenê-nawê, Juma, entre outros. 

Outro exemplo é em relação a temas “clássicos” de tatuagens old-school como: caravelas, mulheres “nativas norte-americanas” sem nome ou etnia, “apaches” genéricos e gueixas hipersexualizadas. 

Antes que me acusem de anacronismo, chamo atenção para a responsabilidade do presente em atualizar as tradições. 

Faço a autocrítica no meu lugar de fala na “tatuagem oriental”, e assim espero que as pessoas que levantam a bandeira da escola “old-school” norte-americana também façam, olhando para as próprias tradições e decidindo quais convém continuar reproduzindo e quais caravelas é melhor afundar mesmo. 

Olha mais uma vez para Okinawa, o que representa uma tatuagem de marinheiro norte-americano feita lá, onde quem levou essa tradição levou também as desgraças da 2ª Guerra e onde até hoje as bases militares norte-americanas estão lá infernizando a vida das pessoas? Nesse contexto, tendo em vista as sucessivas invasões e abusos por parte do império japonês, até mesmo a tatuagem “tradicional japonesa” pode reproduzir dinâmicas coloniais, portanto me interessa muito mais ouvir o que a hajichi tem pra dizer.

Tattoo2me: Como a forma de consumo da tatuagem corrobora para o apagamento de culturas e profissionais não-brancos?

Vitor: A produção e consumo da tatuagem contemporânea em larga escala, atrelada a uma suposta popularização promovida pela industrialização e estimulada pela globalização/redes sociais, teve por consequência um processo de desterritorialização da tatuagem, no sentido que os símbolos e imagens que as pessoas carregam na pele hoje não estão mais atrelados, necessariamente, ao pertencimento à uma determinada cultura e vivência coletiva específicas. 

O resultado imediato são tatuagens genéricas que poderiam ter sido feitas em qualquer lugar do mundo com acesso à internet, e que não dialogam em nada com as tradições locais e ancestrais de onde e em quem são realizadas. 

Além dos consumidores de tatuagens, percebo também uma categoria de especialistas e acadêmicos que (mesmo quando bem intencionados) contribuem com esse apagamento, e aqui me refiro à setores da antropologia/etnologia/fotografia/terapias holísticas que parecem ver mais valor em registrar culturas “antes que desapareçam” do que em engajar-se na luta para que continuem vivas. 

Por exemplo, muito se noticiou pelo mundo sobre a mambabatok Whang-od como “a última tatuadora Kalinga nas Filipinas”, mas agora que mais jovens aprenderam a tatuar e a tradição segue viva, onde estão as notícias e especialistas contribuindo na difusão e permanência desses saberes? O que essas produções acadêmicas e manchetes sensacionalistas têm agregado de fato pra vida dessas pessoas, qual a devolutiva? Me interessa muito mais ouvir o que elas têm pra dizer sobre si como agentes da própria narrativa, e não como objetos de estudo de terceiros. 

Acredito que nossa responsabilidade enquanto pessoas racializadas tatuando é justamente tomar de volta essas tecnologias e cosmovisões e colocá-las à serviço dos nossos.

Tattoo2me: Você enxerga esses mesmos problemas na formação do mercado da tatuagem?

Vitor: Com certeza. Um bom exemplo: venho desenvolvendo uma série de oficinas de tatuagem em aldeias, em especial na terra indígena Piaçaguera, onde pude compartilhar as técnicas de handpoke e máquina com Mimby, que é especialista em grafismos Tupi-Guarani. 

Muitas pessoas o procuram para receber pinturas corporais de jenipapo, feitas com o fruto verde ralado e que permanecem na pele por cerca de duas semanas. Os grafismos que ele faz são inspirados por sonhos. É recorrente que essas pessoas depois procurem um tatuador na cidade para tatuar de forma permanente por cima do jenipapo. 

Bacana a “homenagem” né, só que no saldo final o tatuador que nem tem nada a ver ganhou 500 reais e quem fez a pintura original e vive a cultura ganhou 50. 

E aí, como mudar essa situação? 

A saída que encontrei foi ir até as aldeias e acampamentos do movimento para tatuar os grafismos junto aos povos originários, sem cobrar valor monetário, com foco na difusão dos saberes e técnicas ancestrais da tatuagem. 

O Mimby mesmo agora tá tatuando, se alguém quiser tatuar grafismo Tupi-Guarani pode ir lá na aldeia Tapirema e fazer a tatuagem direto com ele, que tem propriedade pra saber qual desenho pode ou não ser marcado de forma definitiva. 

Existem grafismos específicos que não podem ser marcados de forma permanente, outros que estão associados à questões de gênero, idade, pertencimento, então pra quem quiser fazer “homenagens”, minha sugestão é primeiro consultar as pessoas que são parte da cultura em questão, e contribuir como for possível para que o genocídio em andamento promovido pelo estado e pelo neoliberalismo não seja mais uma realidade, e assim seguimos na luta para que os povos originários possam viver em paz em seus territórios ancestrais e onde mais quiserem, afinal ninguém é ilegal se o mundo todo é terra indígena roubada.

A branquitude não está acostumada a ouvir “isso não é seu, isso você não pode fazer”, enquanto para pessoas racializadas essa é quase sempre a regra.

No caso do Mimby é interessante que o avô dele, o pajé Nimontsandju também tinha tatuagens feitas sem máquina, com pigmento de carvão raspado do fundo de panelas no fogo, ou seja, eles já vêm de uma tradição de tatuagem ancestral que foi retomada, e isso não tá em livro de antropologia nenhum, tá na cultura oral, na pele dos mais velhos e agora na dos jovens também, sendo quatro gerações com tatuagens tradicionais.

Tattoo2me: Quais estratégias podem ser adotadas para combater esses efeitos?

Vitor: Em relação ao terrorismo de estado uma estratégia é a autodefesa: apoiar as demarcações, retomadas de territórios e ocupações, fortalecer os movimentos sociais de base, respeitando sempre a autonomia e protagonismo dos povos indígenas. 

Em relação ao mercado de tatuagem acho que para além de consumir de quem tá indo contra essa estrutura, é importante gerar incômodo onde tiver que gerar, sabe? Seja boicotando estúdios que só tenham pessoas brancas tatuando, seja buscando autonomia em relação ao mercado, construindo nossos próprios equipamentos, se informando sobre utilização de plantas nos cuidados de cicatrização (etnobotânica), enfim, também é sempre bom apoiar o trabalho que pessoas racializadas e LGBTQI+ realizam fora dos holofotes e dos algoritmos. 

O que falta pra gente ter soberania dos meios de produção, sejam eles de tatuagem sejam eles de alimentação, educação, energia? Autogestão, apoio mútuo e força de trabalho a gente já tem.

Tattoo2me: Quais são os seus objetivos na produção de tatuagens?

Vitor: A tatuagem sempre foi sinal de proteção, de pertencimento, em relação aos arredores na natureza, na identificação entre quem vive no mesmo tempo e espaço, mas também e principalmente no elo pós-vida entre antepassados. 

Acredito que nossa responsabilidade é se perguntar: as marcas que carregamos estão sendo ponte ou ruptura entre quem veio e quem há de vir? Percebo que para grande parte das culturas tradicionais, quanto mais pessoas carregam um símbolo maior sua força. 

Essa relação vai de encontro com a teoria e prática anarquista, onde as ideias de exclusividade e propriedade são combatidas. 

Gosto de pensar que quando é pra ser, a tatuagem já está lá, sou apenas uma ponte para tornar visíveis as marcas que as pessoas já carregavam antes da tatuagem deixar evidente. 

Sigo mantendo e atualizando a trilha batida por quem veio antes, para que as próximas gerações possam sentir orgulho de carregar na pele e no espírito nossas tecnologias ancestrais.



tatuadora e jornalista ※



Você encontra mais sobre o trabalho do Vitor aqui:
https://www.instagram.com/vitorciosaki/


Entrevista feita por Fabiane Lopes:

https://www.instagram.com/fabtatu

Tatuadora há 6 anos, estudante de jornalismo da Universidade Federal de Pernambuco.


Fabiane Lopes
Fabiane Lopes
Natural de Abreu e Lima- PE e trabalho com tatuagem há 6 anos. Sou estudante de jornalismo e também fotografo. Antes de começar a tatuar já desenhava e ilustrava desde que me entendo por gente. Gosto de explorar o desenho através de diferentes mídias e superfícies, ponto decisivo para o início da minha caminhada na tattoo. No meu trabalho autoral procuro representar a cultura e experiência afro no modo mais diverso possível. Gosto de tatuar retratos e figuras negras femininas, me inspiro em amigas, na cultura pop, hiphop e no que mais compõe a experiência de ser negro, que é múltipla. Consumo bastante quadrinhos, ficção científica e afins, e isso acaba se tornando temática nos meus trabalhos também. Pode-se chamar afrosurealismo, apesar de não gostar muito dessas classificações.

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