Que nós do Tattoo2me somos apaixonados por tatuagem você já está cansado de saber. Mas existe um outro motivo além da tatuagem em si que fez nos apaixonarmos por esta arte: os artistas que dela fazem parte. A história de cada um que nos encanta, que nos move e nos motiva dia a dia.
Neste ano conhecemos a história de vida da tatuadora Bárbara Nhiemetz. Uma história que segundo ela não é das mais felizes, mas a incentivou fazer o bem a outras pessoas através da tatuagem. No meio do Outubro Rosa, ela nos lembrou que a luta contra o câncer não acontece em um único mês, é uma batalha diária, o ano todo.
“Eu tinha só 7 anos, quase 8, quando minha mãe teve um carcinoma grau 4, já em estágio avançado e metastático.”
Desde muito cedo ela acompanhou de perto a vida de uma paciente de câncer, sua própria mãe, e teve de aprender a lidar com idas e vindas de hospitais, tratamentos e também com a baixa autoestima de uma mulher sem seu próprio seio.
“Vi minha mãe sem seu seio durante 17 anos, e todas vez ela usava gola alta, nunca usou decote e sempre se via incomodada por parecer a falta do seio.”
Diante de tudo isso, ela começou a desempenhar seu dom artístico com o incentivo da própria mãe, que lhe dava canetinha e lhe pedia para desenhar sobre suas cicatrizes para que pudesse esconder um pouco as lembranças ruins de uma doença tão devastadora.
O que começou com desenhos feitos à canetinha se tornou um desejo de fazê-los ficarem permanentes na pele, e a Bárbara foi atrás de aprender mais sobre tatuagens e até praticar de forma bem rudimentar em si mesma.
“Eu lia sobre anatomia e doenças. Na verdade eu queria prestar medicina, desde muito pequena. Achava que ter passado por tudo aquilo, de cuidar dos ferimentos, me deixava mais incentivada a mexer com a pele. Um dia, saindo da escola, passei em uma galeria e vi um estúdio de tatuagem. Quando entrei e ouvi aquele barulhinho, não sei, alguma coisa despertou em mim.”
E assim ela começou a apresentar seus desenhos em diversos estúdios de tatuagem, em busca de aceitação, mas também buscando entender porque aquela prática lhe atraía tanto.
“Eu vi na tatuagem um jeito de unir tudo que eu amava na medicina com meus desenhos.”
Bárbara foi à luta para aprender mais sobre tatuagem. Com o pouco dinheiro que tinha comprou o básico para conseguir tatuar. Alguns amigos se tornaram cobaias de seus experimentos, mas ela garante que hoje em dia já corrigiu todas as “burradas” feitas naquela época.
Depois de alguns anos decidiu abrir seu próprio estúdio junto com um sócio, e foi aí que ela começou a atender, gratuitamente, as pessoas que estavam em busca de cobrir suas cicatrizes. Porém, em pouco tempo sua relação com o sócio se tornou ruim, pois na visão dele isso era perda de dinheiro para o estúdio. Mais uma vez ela foi obrigada a postergar seu sonho de devolver sorrisos a rostos tão acostumados com a dor.
Tempos depois Bárbara conheceu seu marido, hoje seu companheiro de trabalho. Juntos tiveram um filho e, como se toda essa história não fosse o bastante, descobriram que seu filho de apenas 2 meses era também um paciente da mesma doença que atingiu sua mãe.
“Isso nos abalou de uma forma a qual achei que nunca mais em minha vida iria passar. Frequentamos a APACN durante 1 ano, quase o perdi inúmeras vezes. E nessas idas ao hospital de câncer, me toquei do quanto era importante aquele sentimento que tive lá no inicio. Foi onde vi que eu podia usar daquele dom, o qual corri tanto atrás, para fazer o bem. Foi quando decidi chamar minha mãe e falar: ‘hoje eu quero tatuar o teu peito, mãe.’
Meu filho e ela foram só um start para eu entender que no mundo podemos usar dos nossos dons para fazer o bem. Meu filho me fez enxergar como a vida é frágil e minha mãe fez eu correr atrás de um sonho que inconscientemente era uma forma de ajudá-la a resgatar a autoestima.”
De toda essa história de vida surgiu o projeto Cores que Acolhem, que nasceu em 2015 numa tentativa de ajudar as pessoas a superarem seus traumas através do disfarce das cicatrizes com tatuagem. Para Bárbara, ao mesmo tempo é uma forma de agradecer a superação da doença tanto pela mãe como pelo seu filho.
O projeto funciona ao longo de todo o ano. A cada segunda-feira Bárbara atende 2 ou 3 pacientes, de forma completamente gratuita. Ela divide as tatuagens em várias sessões para evitar submeter os pacientes à dor durante muito tempo, e nessas sessões ela procura saber como foi a passagem da pessoa pela doença e quais tratamentos fez. Tudo é feito com acompanhamento médico, para que não exista nenhum tipo de risco à saúde.
Histórias como a da Bárbara nos ajudam a enxergar a tatuagem, hoje em dia, como algo muito além da arte, e que tatuadores não são somente artistas. É por isso que gostamos tanto desse mundo.
Projeto: Cores que Acolhem
Tatuadora: Bárbara Nhiemetz
Cidade: Curitiba / PR
Criação: 2015
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