Da Arte para Agulha: Conheça minha história!

Olá, me chamo Davi Paiva, e sou o novo colaborador do blog Tattoo2me!

Hoje vim contar para vocês um pouquinho sobre minha trajetória desde as artes até chegar ao mundo das tatuagens.

Você já conheceu uma pessoa que cresceu desenhando e quando se deu conta ela estava trabalhando com algo relacionado a arte? Eu sou uma dessas pessoas.

Me lembro da minha infância onde pedia todos os dias para minha mãe me dar um papel e um lápis para desenhar os animais aquáticos que eu tanto amava, e passava horas desenhando baleias, golfinhos, tubarões, peixes e etc.

Graças à Deus, minha mãe sempre apoiou e me incentivou a fazer aquilo que eu sentisse e amasse (até mesmo hoje em dia). Ela é uma das minhas maiores inspirações a não desistir mesmo após diversos tombos, a serrar os dentes e seguir em frente, mesmo diante à obstáculos que parecem impossíveis de superar. Na infância ela havia sido abordada por algumas professoras da creche onde tive meus primeiros contatos sociais com pessoas de fora de casa, que à pediram para me matricular em algum curso de desenho ou de pintura infantil, pois viam algo diferente na forma que eu representava meus desenhos. Infelizmente naquela época não tínhamos boas condições financeiras, mas independente disso, o apoio e incentivo sempre permaneceram nas minhas decisões.

Quase desisti

Na adolescência pensei em desistir do desenho após conhecer profissionais incríveis que dedicaram anos estudando desenho, pintura, entre outras artes e desenvolveram técnicas maravilhosas e conceitos artísticos, que em minha visão, eram de outro mundo; porém, em nenhum momento havia refletido sobre isso. Certo dia conheci o Luiz Fernando, que tinha uma noção absurda de anatomia, luz e sombra, composição de arte dentre muitas outras qualidades envolvendo o desenho manual e até mesmo o digital, que era uma novidade para mim; dizendo a ele que iria parar de desenhar, Luiz me deu um tapa e me firmou os pés no chão (foi realmente um tapa), olhei para ele sem acreditar no que tinha acontecido e ele me disse com as seguintes palavras, que ressoam em minha mente até hoje: “Davi, você não pode parar de desenhar por se comparar com outras pessoas, você precisa pegar elas de referência e se dedicar até ser foda como elas”. Naquele momento me senti abraçado, pois quando estava quase perdendo o rumo com o desenho, uma estrada com diversas vias se apresentou e segui em frente. Passei a tirar dúvidas e mostrar desenhos à ele e perceber que críticas construtivas são essenciais para o nosso desenvolvimento (em todos os sentidos). Já fazem 8 anos que somos amigos.

Por três anos estudei design gráfico e desenvolvimento de games em uma escola de computação gráfica (Saga), onde tive dois principais professores que influenciaram muito o meu crescimento artístico: Luiz Felipe Aroca e Aline Moraes. Passei também,  a fazer artes digitais, o que mudou muito meu processo artístico e criativo ao aprender pintura digital, composição artística, escalas tonais etc. Em uma outra escola de artes (AXIS), fiz um curso semestral de Character Design e pude aprender técnicas que utilizo constantemente em meus trabalhos com um grande mestre (Eduardo Schaal). Recentemente fiz também um curso de desenho técnico em uma academia de artes (Quanta) onde agradeço imensamente pela oportunidade de ter aula com mais um mestre (Lucas Werneck).

Onde Tudo começou

Quando terminei o ensino médio, não sabia o que cursar na universidade, então minha irmã sugeriu Artes Visuais, já que sempre gostei de arte. E, por lá, conheci pessoas e artistas incríveis em todos os sentidos, até que alguns amigos perguntaram se eu nunca tive vontade de tatuar, e foi aí que tudo começou. Na época trabalhava em um Call Center no Brás (zona Leste de São Paulo), e com algumas economias comecei a comprar meus primeiros materiais de tatuagem (muitos deles usados). Conforme conseguia juntar um pouco mais de dinheiro, ia trocando de acordo com a necessidade e investindo em melhores qualidades. O começo nunca é fácil, tive muita dificuldade principalmente por não conseguir tirar algumas dúvidas com profissionais ocupados, ou por não estarem dispostos a ensinar algo por fora do próprio curso. Minhas primeiras tatuagens foram em amigos próximos, ia até a casa deles para tatuar sem muita noção de profundidade de agulha, voltagem em relação ao traço e tipo de máquina que está sendo utilizada, que um elástico poderia fazer toda diferença na hora de tatuar e entre outras muitas questões que não temos noção no início da caminhada. 

Certo tempo depois, descobri que um tio (Rods Aniceto), que não tive muito contato na infância, era tatuador, então passei a tirar dúvidas e o mesmo me acolheu em seu estúdio como aprendiz, me ensinando desde como montar uma bancada até técnicas de pintura em aquarela na tatuagem. 

Após alguns meses, consegui passar em uma entrevista de emprego para trabalhar no ramo empresarial e até então a tatuagem estava sendo apenas um hobbie. Com melhores condições financeiras, comecei a investir um pouco mais na tatuagem, pois ali descobri algo que jamais havia sentido antes (até o desenho): Eu amava tatuar e ver o sorriso de um cliente satisfeito ao final da sessão. Era algo simples, mas inexplicável.

Nessa época acabei me afastando um pouco do estúdio do meu tio e passei a mandar mensagens para vários outros em São Paulo, verificando se havia possibilidade de entrar como aprendiz, até que em uma madrugada recebi uma notificação do dono de um estúdio (Gelly’s Tattoo) dizendo que meus trabalhos estavam caminhando para um direção muito boa e que seria uma honra me ter na equipe como aprendiz. Fiquei em êxtase, pois era o começo de um grande sonho; sem pensar duas vezes me desliguei da empresa e passei a frequentar o estúdio como aprendiz. Agradeço imensamente a oportunidade de começar no ramo.

Hoje trabalho em um grande estúdio localizado na Vila Olímpia (zona Sul de São Paulo) chamado “Hangar 82”, eles me receberam de portas abertas e encontrei uma família dentro do mundo da tatuagem.

Posso dizer com toda certeza que amo meu trabalho e o que faço é de coração.

Curtiu a história do Davi?

Continue acompanhando os próximos textos =)