Neste post vamos dar algumas dicas de como escolher um nome para seu estúdio de tatuagem e como proteger este que será um dos seus maiores patrimônios. Fique por dentro de algumas dicas simples que você pode aplicar para garantir que a marca escolhida para se comunicar com seus clientes seja única e possa gerar ainda mais valor a seus negócios.
O sonho de todo tatuador é conseguir expressar sua arte e deixá-la registrada na pele do maior número possível de pessoas. Ver os clientes felizes e orgulhosos das suas tatuagens, saindo com um sorrisão de seus estúdios. Outros sonhos são o de conseguir ser bem remunerado pelo seu trabalho, construir uma reputação legal e ter seu nome e o de seu estúdio entre as referências em determinado estilo no Brasil.
Na verdade, se pararmos para pensar todos estes objetivos estão intimamente ligados, e cada vez que se dá um passo em direção a um, os outros acabam se aproximando inevitavelmente.
Por isso, vamos te explicar aqui como você pode proteger a marca de seu estúdio de tatuagem (e também sua própria marca pessoal, como tatuador), buscando assegurar que ela seja única, sua e que de quebra possa te gerar outras fontes de monetização.
Registrabilidade- Como ter uma marca única e exclusiva
Uma coisa que a maioria dos seus clientes quer é exclusividade- uma tatuagem feita sob medida, atenção aos detalhes e um cuidado especial na hora de fazer o trabalho. A sensação de sair do estúdio com uma tatuagem nova, bem feita e única é indescritível. Há quem diga que até vicia.
Todo esse cuidado deveria ser empregado por você também na hora de escolher o nome que vai identificar seu estúdio e se comunicar com todos os seus clientes- sua marca. De nada adianta uma marca linda e super sonora que pertence a um concorrente, que poderia exigir (até judicialmente) que você interrompa a utilização a qualquer momento.
A única forma de garantir a exclusividade de uso da sua marca é buscando o registro perante o Instituto Nacional da Propriedade Industrial- INPI. E para que ele lhe conceda este direito ela deve obedecer alguns requisitos previstos em lei. Os principais são:
- Sua marca não pode ser descritiva ou genérica demais. Traduzindo, não pode utilizar um termo básico demais que se relacione intimamente com o serviço prestado. Por exemplo, “Tattoo Shop”, “Good Tattoo”, “Ink Tattoo” e outros termos similares. Pode até ser que, em determinadas situações, você consiga o registro, mas não vai ter exclusividade de uso, podendo outros tatuadores utilizarem termos bem parecidos em seus estúdios;
- Fuja de termos como Ink, Bodypaint, Dotwork, Blackwork ou Tattoo! “O quê? Como assim, Moysés?”- você vai me perguntar. “Quase todo mundo usa esses termos!”. Se todo mundo usa, ele pouco diferencia você da multidão. Quer utilizar estes termos para facilitar a identificação pelos clientes? Ok. Mas utilize eles como elemento secundário da marca. Escolha termos principais únicos e realmente diferentes para que sua marca seja única.
- Quanto mais distante do mundo da tatuagem for o elemento principal da sua marca melhor. Vou soltar alguns exemplos aqui (não pesquisei se já estão sendo utilizados ou não): Octopus, Girassol, Elétrico, Nuvem, Diesel, Peixe. Claro que são apenas exemplos, mas nenhum deles é usado comumente para descrever tatuagens ou seu universo. Outro recurso legal, é criar um nome, juntando sílabas dos sobrenomes dos sócios, por exemplo. Tendo um termo principal forte como esse, você pode até pensar em colocar um dos termos desgastados descritos no ponto anterior, tipo, “Octopus Ink/Tattoo Shop/Dotwork”. Sacou?
- Não utilize nomes ou imagens oriundas de obras autorais (nomes e capas de filmes, livros, personagens famosos, bandas e discos), por exemplo, Pink Floyd, The Godfather e Mobydick. Além de não serem registráveis como marca, seu estúdio pode ser alvo de ações judiciais pesadas por parte dos titulares dos direitos destas obras.
- Se for utilizar o nome de alguém, você vai precisar de autorização da pessoa “homenageada” ou de seus herdeiros, então esteja certo de que você vai conseguir essa autorização. O mesmo vale para apelidos de personalidades como, por exemplo, Pelé, Guga Kuerten, Fred Mercury e etc. Só vale com autorização de uso.
- Ah, e por favor, nada de se “inspirar” na marca de um colega ou estúdio de tatuagem, hein? Pode até parecer uma boa ideia (tenho muitas dúvidas sobre isso) de pegar carona na marca já famosa de outra pessoa, se inspirando um “pouquinho” nela. O problema é que você nunca vai conseguir registrar a marca, pode ser processado por concorrência desleal, contrafação (uso indevido de marca alheia, com consequências penais), perdas e danos, e ainda prejudicar o designer responsável pela parte gráfica, que pode ser processado por plágio. Se não estava claro, acho que agora ficou que essa é uma péssima ideia, né?
Se surgir alguma dúvida neste momento, não hesite em procurar um especialista. Os profissionais que trabalham com registro de marca e outros assuntos relacionados à propriedade intelectual vão poder te auxiliar a definir os melhores elementos para compor sua marca.
Agora que você já sabe dos principais cuidados na hora de escolher a marca do seu estúdio, e pensou numa livre de problemas, vem a segunda parte do processo: verificar a disponibilidade da marca.
Disponibilidade- Será que essa marca já pertence a alguém?
De nada adianta ter um nome super bem sacado e único, se você não foi o primeiro a pensar nele e outra empresa já conseguiu o registro da marca, ou mesmo já está com o processo de registro em andamento.
Por isso, antes de se apaixonar loucamente e se comprometer com o nome escolhido, criar o design e mandar imprimir os flyers, cartões de visita e fachada é essencial fazer uma busca no banco de dados do INPI para conferir se não existe algum processo de registro que possa impedir seu uso.
Essa pesquisa é feita no site no próprio site do INPI . Ao entrar no site, olhe para o lado direito e você verá a opção “Faça uma busca” dentro do menu Acesso Rápido. Lembre-se que você deve levar em consideração alguns pontos:
- Não procure somente por marcas idênticas à sua. Marcas semelhantes também têm de ser levadas em consideração. Considera-se marca semelhante aquela que possa levar o consumidor médio a cometer um erro na diferenciação entre concorrentes. Por exemplo: a marca que você escolheu é “Gato Tattoo” e você encontra um processo com um pedido de registro da marca “Los Gatos Tattoo” ou “Gatto Ink” ou “Ghato”, qualquer uma dessas identificando serviços de tatuagem. Certamente o seu pedido pedido seria negado com base em qualquer destas marcas. Se você encontrar “Cat Tattoo”, esqueça também porque o INPI tem indeferido pedidos cujas traduções de línguas como o inglês ou espanhol sejam idênticas ou semelhantes.
- Na hora de fazer a busca, faça somente nas classes onde se encaixam seus serviços (no caso de estúdios de tatuagem/tatuadores, 44). Não importa se existe uma outra empresa utilizando o mesmo nome que você escolheu na classe 7 (máquinas e ferramentas mecânicas; motores (exceto para veículos terrestres); e engates de máquinas e componentes de transmissão (exceto para veículos terrestres); instrumentos agrícolas não manuais; chocadeiras; máquinas distribuidoras automáticas.), por exemplo. O registro garante a exclusividade de uso dentro da classe onde foi feito o pedido (com exceção das marcas de alto renome, mas isso é história pra outro texto). Vamos falar um pouco mais das classes que podem interessar mais pra frente.
- Ainda levando em consideração o ponto 2, quando for fazer a busca, além de se limitar à classe específica, selecione a opção “radical” e faça buscas de variações do nome que você escolheu para sua marca. Por exemplo, se o nome escolhido for Fone Tattoo, omita o termo “tattoo” (elemento secundário neste caso) e procure por “fone”, “phone”, “telefone”, “telephone”, “fonne”, “phonne” e etc. Essas variações, somadas à opção radical, irão te mostrar todos os processos que contêm estas variáveis e que poderiam impedir o registro e utilização da marca que você escolheu.
Outro ponto importante diz respeito às classes de produtos e serviços. Como mencionamos no item 2 acima, o registro de marca garante exclusividade de uso a seu titular dentro da classe escolhida.
O mesmo elemento nominativo poderá ser utilizado e registrado por outra empresa caso seus produtos ou serviços se encaixem numa classe distinta. É por isso, por exemplo, que temos no mercado a marca GOL- veículo automotor, classe NCL(11) 12, e GOL LINHAS AÉREAS INTELIGENTES- transporte aéreo, classe NCL(11) 39.
Neste texto, falo um pouco sobre como funcionam essas classes.
A classe básica para tatuadores e estúdios de tatuagem é a 44, onde se enquadram diversos serviços relacionados à saúde e estética, entre eles os serviços de tatuagem (seja para tatuadores pessoas físicas, quanto para estúdios pessoa jurídica). Contudo, além desta temos visto alguns clientes tatuadores expandirem suas atuações para outras áreas, e neste casos recomendamos buscar a proteção também nestas classes. Alguns exemplos:
Além disso, também é legal conferir se o domínio de internet com o nome pretendido também está disponível no site Registro BR, e nas principais redes sociais, afinal elas hoje são um dos principais meios de contato com clientes e possíveis clientes.
Uma coisa que nós sempre fazemos por aqui é também procurar se existem CNPJs que utilizam a marca ou nome empresarial pretendido, até para saber se já não tem alguém utilizando anteriormente e que poderia trazer algum entrave durante o processo de registro no INPI.
Registrando a marca junto ao INPI
A etapa seguinte é protocolar o pedido de registro da marca junto ao INPI. O registro pode ser concedido a pessoas jurídicas e também para pessoas físicas. Garantir a exclusividade de uso que é recomendável para tatuadores/pessoa física que usam um pseudônimo ou já tem uma reputação que começa a garantir parcerias legais e rentáveis.
Mas como este texto já se estendeu muito e você deve estar com uma fila de clientes para tatuar, vamos explicar este processo em outro texto. ; )
SOBRE O AUTOR
Moysés de Carvalho é fundador do escritório REMMA, especializado em estratégias de proteção, monetização e expansão de marcas. Músico e louco por tatuagens, tem alguns clientes que trabalham na área e já percebeu que muitos se dedicam com excelência à arte, mas se esquecem de atentar para alguns detalhes importantes que poderiam gerar mais fontes de receita. O que é sempre bem-vindo, convenhamos.
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