Eu poderia falar que a dança do ventre me atraiu devido aos figurinos incríveis, a beleza dos movimentos, a sensualidade, a delicadeza, mas existem muitos fatores que me fizeram buscar essa arte.
Como muitas bailarinas brasileiras, eu amei essa dança, depois da novela O clone que passou pela primeira vez na Rede Globo em 2001, naquela época eu era uma adolescente e gostava de danças diferentes e de outras culturas.
Ninguém sabe dizer o ano exato em que surgiu a dança do ventre, mas segundo os estudos, ela existe desde o Egito antigo, onde as mulheres dançavam em reverência as deusas, em rituais, cultos. Uma dança para reverenciar a fertilidade, celebrar a vida.
Com o passar dos anos a dança foi se tornando refinada, com vários estilos estrangeiros, passou de algo exclusivo das mulheres a uma dança mundial, onde hoje em dia temos diversas bailarinas espalhadas pelo planeta.
O curioso é que os árabes aceitam a bailarina em apresentação, shows ou eventos, mas não as aceitam como companheiras, não são bem vistas no Egito, o que se torna bem contraditório já que a dança foi criada lá. Aqui no Brasil também temos o carnaval onde as sambistas não são bem vistas por alguns.
Quando entrei nesse mundo, não imaginava quantas mudanças eu teria após essa arte.
Comecei acreditando ser fácil, que bastava mexer o quadril ou o corpo todo, após algumas aulas, percebi que estava muito errada.
A dança do ventre não é fácil e também não é difícil, ela é como um vendedor, que depende de seu esforço para vender, você precisa estudar, ter constância para chegar aos movimentos delicados, limpos e bonitos em uma apresentação.
Engraçado e que antes de fazer as aulas, eu nunca ouvi falar em festas árabes, restaurantes com shows, eventos, mas do nada surge todo esse mundo glamoroso da dança, onde comecei a frequentar e me apaixonar mais ainda.
Como tudo na vida, temos as partes boas e ruins, então percebi coisas que me desagradavam, como comparação com outras bailarinas, a cobrança sobre o corpo ideal na sociedade, as famosas “Panelinhas” bailarinas que não aceitam o novo, que somente elas ganham visibilidade por serem “Famosas nas redes sociais”.
Porém, com o tempo isso é deixado para lá, e você vai aprendendo a não se importa.
A dança traz tantos benefícios, que os contras vão ficando em último na lista.
Fui percebendo que muitas mulheres adorariam aprender essa arte, porém muitas em situação de desemprego, baixa autoestima, sedentarismo, depressão, obesidade ou mesmo por se achar acima da idade aceita.
Depois de me formar e começar a dar aulas, eu tive uma vontade de ensinar a base, o básico da dança para diversas mulheres, e foi no meio da pandemia, onde todos precisávamos estar em casa, que criei o projeto Dance com amor.
https://www.dancecomamor.com.br/basic-01
O projeto é todo online, onde eu e outra professora, ensinamos o mesmo conteúdo, desde a história à prática inicial dessa dança, as aulas são realizadas, via zoom, ou Google Meet, os vídeos gravados são postados no YouTube.
As alunas, além de aprender, também podem se apresentar em shows ou eventos de suas professoras, podem continuar até se formarem ou se tornar uma bailarina profissional.
Eis que vocês estão se perguntando, com tanta dança para fazer, porque escolher a dança do ventre?
Bom, posso falar por mim, e acredito que também seja o mesmo pensamento de muitas bellydancers (Nome americano das praticantes de dança do ventre) você pede delicadeza e boa dança, e com isso ganha, auto confiança, consciência corporal, autoestima, perca da timidez, trabalha sua expressão, perde calorias, se sente uma deusa.
Vou deixar um link de uma apresentação de uma coreografia em que participei com outras bailarinas da minha professora de formatura:
https://www.youtube.com/watch?v=cX8lok-7FNQ
Para as pessoas que nunca assistiram uma apresentação, existem diversos estilos e figurinos para as danças, pois na dança do ventre tem figurinos apropriados para cada show.
Os figurinos que são maravilhosos desde os simples, até os sofisticados, são de cair o queixo, mais além de tudo isso, você faz amizades, convive com um grupo, onde todas estão estudando e falando a mesma língua.
Você se encaixa em um mundo diferente do seu cotidiano, por isso digo que a dança do ventre não é apenas uma dança, é um mundo todo a parte do que vivemos, cheio de brilho, beleza, encanto, aprendizado e claro muito estudo, pois você nunca para de aprender.
Essa dança carrega um peso muito grande, do preconceito contra as mulheres, da falta de liberdade delas, pois antigamente elas dançavam somente para elas, e após um período quando se tornou comum, ainda são julgadas pela profissão escolhida, mulheres oprimidas, submissas, que se sentiam livres através dessa arte.
E infelizmente hoje em dia ainda temos mulheres oprimidas em algumas partes do nosso planeta.
Olhar marcante, expressões sentidas, leitura musical, sentimentos, técnica e amor, tudo que você vê em uma bailarina, algumas te lembram sobre a beleza, outras sobre o amor, sobre batalhas, autoestima, medo, varias emoções são sentidas e transmitidas através dessa arte.
Claro que tem muito mais histórias sobre essa dança, gerações de bailarinas, historias de vida e da evolução dessa arte, estilos dessa dança que vão do Egito até o Brasil, passando por toda à Terra.
Eu me chamo Jussara, sou professora de dança do ventre, e olha que bacana, eu dou aulas dentro de um Estúdio de tatuagem, imagina que a galera que está tatuando já fica escutando as músicas árabes do outro lado 🙂
Mas essa história fica para outro post, caso vocês gostem do meu texto.
Abaixo deixo minhas redes sociais para você acompanhar ou mesmo participar das aulas do projeto social, ou apenas por curiosidade nesse mundo cheio de histórias que eu vivo.
Youtube
https://www.youtube.com/channel/UCIZz4LZfC0sMf-DY-FcALWg
Site
https://www.dancecomamor.com.br/
Fonte de algumas informações