O costume de modificar e adornar o corpo acompanha a humanidade à milhares de anos, e evoluiu até os dias atuais integrando de forma quase generalizada com as sociedades modernas globalizadas, em uma trajetória de evolução que ganhou muita força nas ultimas décadas com a evolução das ferramentas, materiais e técnicas, assim artes ancestrais se adaptaram, e em toda parte podemos ver corpos adornados de diversas maneiras. E agora, cabe a nós receber com muita honra e alegria essa herança artística cultural tão antiga e diversa que toca no mais profundo e desperta variadas emoções em pessoas, famílias e sociedades e ainda briga por respeito e reconhecimento: as artes corporais.
A descoberta de um corpo congelado entre a Áustria e a Itália nos revelou a mais antiga pele tatuada que se tem conhecimento e, “Ötzi”, como foi chamado, tinha 61 marcas pintadas e idade de 3300ac. À partir daí, só crescem os relatos de modificações e pinturas corporais assim como em múmias egípcias de 2000ac, as tatuagens japonesas tem registros de 500ac, os Romanos da época de Cristo e daí em diante, o pacifico sul onde a partir das explorações do capitão britânico James Cook, onde relatou com surpresa as inúmeras tribos tatuadas e é considerado o responsável das inserção das marcas corporais ao mundo moderno civilizado em meados do século XVIII.
É no fim do século XIX e em todo século XX que acontece o que podemos chamar de renascimento das artes corporais, onde se instituem estúdios, estilos, terminologias, classificações e principalmente todo um pensamento em torno do assunto e se torna do conhecimento de toda sociedade civilizada moderna as diversas técnicas de modificação corporal. Na tatuagem, o desenvolvimento artístico alcança níveis de refinamento comparáveis a qualquer outra forma de expressão pictórica com resultados antes alcançados somente por grandes mestres das artes tradicionais. Nas Artes Plásticas, artistas como Marcel Duchamp, Yves Klein entre outros, dissertam sobre o corpo como suporte conectando de vez as tradições tribais aos pensamentos da arte contemporânea.
Na atualidade, a diversidade de possibilidades e crenças que fazem alguém aderir a uma modificação corporal nos mostra a complexidade do espectro emocional-cultural de nossa civilização revelando uma grande mudança da maneira de pensar sobre a arte corporal onde o indivíduo que antes fazia parte de um aspecto cultural exclusivo hoje tem uma pluralidade de interações culturais e ideológicas para definir que tipo de finalidade vai adotar ao adquirir uma modificação corporal e interagir sua configuração de crenças com a de outras pessoas.
E é nesse momento de transformação da sociedade que nos encontramos curtindo uma tatuagem que acabou de ser feita do outro lado do planeta através das redes sociais e canais de divulgação do assunto, em uma dinâmica de interação que influencia de imediato toda rede de pessoas que hoje tem em suas mãos a responsabilidade de cuidar dessa herança milenar, mas que ainda sofre inexibilidade das frentes acadêmicas e institucionais, mesmo levando uma imensa bagagem de ciência e cultura humana e que antecede muitas das ciências modernas, tocando nas razões mais profundas da alma e revelando sobre o corpo suas belezas e inquietações.
Enquanto evoluímos com o transcender das artes corporais, vamos nos emocionar, admirar e valorizar essas expressões nessa grande galeria de arte tribal moderna que é nosso lindo e diverso planeta e descobrir como e quanto somos as artes corporais ao longo de nossa história.
Sou Felipe Mello Tatuador, natural do Rio de Janeiro, gosto de pesquisar tudo relacionado a artes corporais e música, uso essas experiencias como temas de abordagem para meus textos. Obrigado por estar aqui também.
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