Tatuagem e Grafite

Conheça o trabalho de tatuadores que respiram a língua das ruas.

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Presentes em qualquer centro urbano, os desenhos que pintam as cidades enchem nossos olhos a muito tempo. A palavra vem de “grafia” (escrita), e seu uso mais comum é sua versão italiana, “graffiti”, pois existem desde o Império Romano!

Tratados como sinais de rebeldia e contravenção durante muito tempo, hoje o grafite possui status de arte visual, mais especificamente street art, onde o artista usa os espaços públicos para criar mensagens que interferem na cidade. É sempre bom lembrar que grafite não é pichação! Esta se resume a escritas mais cruas, de protesto, insulto e até demarcação de território entre gangues. Enquanto a pichação grita, o grafite sorri. 🙂

Basquiat, Banksy e OsGemeos: ícones do grafite mundial.

Nesse meio onde o grafite nasceu e cresceu, a tatuagem também ganhou ares de expressão artística. Essa proximidade fez nascer uma relação entre os artistas destes dois mundos: andam, falam, consomem e promovem assuntos comuns entre si, um inspirando o outro. Apaixonados por estes dois olhares, fomos atrás de tatuadores que respiram grafite e exprimem um pouco desta linguagem através de suas tattoos.

Assim como a tatuagem, o mundo do grafite também reúne uma série de diferentes estilos, que variam muito dentro de caligrafias e desenhos. Com essa mesma visão ampla, trazemos aqui trabalhos de alguns tatuadores — Leo Gospel, Fabricio Vargas e Gabriel Veiz — , que se inspiram no grafite de diferentes formas. Além disso, batemos um papo com Caio Cruz, um tatuador especializado em lettering, que carrega um pouco da street art para sua arte. Ele nos falou sobre essa relação entre seu traço e as tintas das ruas.

Um pouco da arte de Caio Cruz: inspirado nas ruas de SP.

O que surgiu primeiro em sua vida, a tatuagem ou o lettering?

“Eu tive o primeiro contato com a tatuagem. Eu tatuava de tudo um pouco! Comecei a tatuar em casa. Eu ficava trancado fazendo símbolo do infinito, símbolos japoneses — isso a 9 anos atrás. E eu sempre me cobrei por ter algo exclusivo, que fosse criado 100% por mim. Eu conheci primeiro a tatuagem, e depois fui em busca de algo que me fizesse ter um reconhecimento, que tivesse o meu traço, a minha característica, a minha identidade.”

Você é reconhecido pelo trabalho com lettering, e boa parte dele parece inspirado pela escrita das ruas. Quando isso começou?

“Isso começou devido à cidade onde eu nasci, São Paulo, capital. Me criei nas ruas da Zona Norte, muito influenciado pela arte urbana. Perto da casa onde eu morava existia o ‘Point dos Pichadores’, em uma praça na Av. Cruzeiro do Sul, em Santana. Lá se reuniam vários artistas urbanos, numa coisa bem underground, sentados nas calçadas e tal, e isso tomou uma proporção muito grande. Depois, quando eu já estava na busca de uma identidade, essa origem bateu de novo na minha vida. Pensei: ‘sou nascido e criado ali, e o grafite é uma coisa que eu sempre gostei… será que tem esse estilo de tatuagem?’ Comecei a buscar as influências, referências, e descobri que lá fora já existia artistas tatuadores focados nesse estilo, e comecei a tentar difundir isso aqui no Brasil. E estou aí, continuo tentando. Graças a Deus vem dando certo.”

Mais Caio Cruz: tattoo que conversa com as intervenções urbanas.

O grafite faz parte da sua vida? Você conhece grafiteiros, interage com eles?

“Hoje o grafite já não faz parte da minha vida, é mais uma coisa que eu admiro, aprecio bastante. O contato com o grafite foi mais novo. Nunca fui de sair pra fazer grafite, mas sempre colei com essa galera, conheço vários. Tem uma crew aqui na Zona Norte de SP que é bem conhecida, o ZNLovers, e todos somos amigos desde a infância. Eu cresci com essa galera, acompanho o trabalho deles, e hoje é uma crew muito conhecida, muito pesada. Conheço muitos grafiteiros e estou sempre em contato, inclusive com o Markone, que é tatuador e grafiteiro, e faz parte dessa crew. Estamos sempre interagindo, porém cada um na sua vertente. Sou mais focado na arte da pele mesmo, então hoje é mais um contato amistoso com eles, mais na troca de experiências de arte.”

O trabalho de Leo Gospel: grafites e grafiteiros presentes em sua arte.

Muita gente não vê os grafiteiros como artistas, já os tatuadores são mais reconhecidos como tal. Você concorda? Por que você acha que existe essa visão?

“Muita gente não vê ainda os grafiteiros como artistas, mas a cena vem crescendo cada vez mais. Como a cena da tatuagem, que antigamente também não se viam tatuadores como artistas, e a geração da Internet veio pra mudar alguns tabus, mostrando tatuadores que fazem realmente um trabalho inovador, de criação. Infelizmente ainda muitos grafiteiros e tatuadores não têm reconhecimento, enquanto há tatuadores que não são artistas e são reconhecidos assim. Creio eu que ainda exista essa visão porque ainda se relaciona muito o grafiteiro com o pichador, que o picho não é arte, mas o grafite é. Tipo, já leva um tempo pra tentar distinguir o que é pichação, o que é grafite, o que é tatuagem… A sociedade generaliza, então vê o pichador e o grafiteiro no mesmo patamar, de repente como uma arte ‘vandal’. Creio eu que é por isso que existe essa visão.”

O mexicano Fabricio Vargas carrega o lado caricato e colorido para suas tattoos.

Você acha que é possível os artistas unirem mais a tatuagem ao grafite?

“Seria interessante unir os dois mundos. A gente já tenta isso a anos, porém eu acho muito legal a distinção, porque continua gerando bons artistas para cada área. Eu fico contente quando a gente encontra um amigo de grafite, de pichação, que acaba se tornando um tatuador, mas creio que é importante que existam cada vez mais artistas de nome e de identidade focados em cada segmento, pra que cada vez mais esses segmentos possam crescer.”


E você, conhece outros tatuadores inspirados pelo grafite? Comente aqui embaixo, pois adoramos conhecer mais e mais artistas que enchem nossos olhos através das peles e dos muros desse país!

Tem mais arte inspiradas nas ruas aqui:

Você sabe o que é Lettering?
Conversamos com o tatuador e designer Birão Lettering para conhecer a técnica.

Um pouco do trabalho de Gabriel Veiz, que se divide entre tattoos, grafites e clothing.

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