Bruno Freitas, carioca, ex-morador da zona oeste do Rio, era vizinho de uma das favelas mais conhecidas do Brasil: a Cidade de Deus. O artista se tornou tatuador no ano de 2003 graças à um amigo, Kiko Lopes, que já era tatuador na época. Uma década e meia depois desse encontro, Bruno, hoje, é referência na cena da tatuagem da Flórida, nos Estados Unidos. Foi premiado em algumas convenções gringas e já passou por mais de 15 países graças a seu trabalho no estilo Tradicional Oriental.
“Vim conhecer os Estados Unidos em 2014 e me apaixonei por esse lugar. Em 2015, vim pra estudar inglês- uma vergonha: já havia estado em 15 países e com um inglês horrível, tinha que resolver isso da melhor forma. Passei um sufoco em Londres e perdi oportunidades de trabalho pela falta de inglês. Chegando aqui, foi difícil, sem inglês, pouca grana, sem clientes, e o pior de tudo: A solidão, saudade da família e amigos. Dizem por aí que você se acostuma, mas quem diz isso não tinha amigos e família como a minha! Impossível se acostumar! Foi difícil, muito difícil, o pouco dinheiro que eu trouxe acabou rápido, chegou ao ponto de eu pensar em voltar ao Brasil e não ter dinheiro pra comprar passagem e voltar! Não posso dizer que passei fome, mas eu fazia 50 dólares por semana no primeiro estúdio que trabalhei, então a solução era comprar o $4 / $4 do Wendy’s (promoção infantil de um restaurante, tipo Mc Donald’s).
Dormi no chão do quarto de pessoas que conheci aqui, não foi fácil. Mas, hoje, dou muito valor a tudo isso que aconteceu, agradeço a Deus por isso! Serviu de aprendizado pra vida!”
Desde então, o artista tem conquistado a cena da tatuagem local:
“Hoje em dia minha loja, “Black Kimono Tattoo”, fica localizada em Pompano Beach, na Florida/USA. Mas sabe como é? Brasileiro é tipo formiga: tem em qualquer lugar! E eu não tinha noção do tamanho da comunidade brasileira, e em pouco tempo me tornei bem conhecido, tatuava um e voltava mais dois. A evolução foi rápida, as pessoas gostavam do resultado da tattoo e traziam seus amigos… foi quando aluguei uma sala em um mall pequeno frequentado apenas por brasileiros. Fiquei lá 9 meses, e tive a oportunidade de alugar uma loja 6 vezes maior pelo mesmo preço, e bem localizado, perto da praia e hotéis.”
Bruno afirma que o reconhecimento e os prêmios foram muito importantes para sua evolução enquanto artistas, mas que poder fazer a diferença em território internacional o transformou.
“Sinceramente, não são prêmios ou fama que me marcam como artistas, são as amizades que venho colecionando ao longo desses anos aqui. Mas o prêmio em primeiro lugar aqui na América foi bem gratificante. Principalmente, pelo fato que eu nunca acreditei muito em prêmios, não desmerecendo quem compete, mas pelo fato de sermos artistas: quem é melhor? Pablo Picasso ou Salvador Dali? Tudo depende da época, estilo e, principalmente, aos olhos de quem vê, afinal gosto é gosto. Fora isso, o momento mais marcante foi dar o primeiro “Paycheck”- pagamento de cheque- para um funcionário meu: um tatuador americano que veio tatuar comigo! Tem ideia de onde eu vim? Tudo que passei? De repente aqui estou eu, nos Estados Unidos, gerando emprego pra americanos no meu próprio estúdio de tattoo! Pra mim, esse foi meu verdadeiro prêmio. Cheguei até aqui com muita dedicação e honestidade, como meus pais me ensinaram.”
O ESTILO
Bruno Freitas é conhecido, na Flórida, como “the japanese tattoo guy”- o cara da tatuagem japonesa e suas inspirações são artistas japoneses e brasileiros especialistas na arte oriental.
“Tenho uma paixão por dragões, gueixas e tigres, mas se estamos falando de tattoo oriental, eu tenho uma satisfação a mais em fazer a tattoo.
Meu estilo principal de tatuagem é o “Irezumi”- Tatuagem oriental tradicional. Pra quem não entende, é apenas uma tatuagem grande e fácil de fazer. Pra quem entende, sabe que cada detalhe conta, as posições no corpo, medidas, tonalidades de cores, e o estudo do desenho, uma tatuagem japonesa conta toda uma história, mas é necessário anos de estudos pra poder identificar. Estudei muito, ainda estudo e pretendo estudar o resto da minha vida! Tenho livros, estudo na internet e acompanho trabalhos de artistas que tem o meu respeito. Por sorte aqui perto da minha casa, tem um museu japonês chamado “Morikami” que posso dizer que é um pedacinho do Japão na América, lá tem uma biblioteca gigante a qual passo horas sem perceber, me afundando nos livros e nos conhecimentos. Quem visitar a Flórida eu recomendo conhecer o museum.”
Sobre o diferencial em seu trabalho, Bruno afirma:
“Meu diferencial nas minhas tattoos é basicamente a minha dedicação, meus estudos, meu empenho em dar o meu melhor para meu cliente, penso no cliente, hoje, que precisa sair da loja com uma boa tattoo, mas penso, também, daqui uns anos, na qualidade da tattoo com o tempo.
Meu processo de criação de uma tattoo tem vários fatores: avalio o tamanho da peça, a pele do cliente e confirmo se aquele desenho que ele está me pedindo tem a ver com o que ele pensa que é o significado. É importante saber o histórico de tattoo do cliente e passar uma estimativa de valor bem calculada para não haver surpresas de última hora. Minha loja fica 5 minutos da praia, então é facil saber se o cliente vai torrar a tattoo na praia ou vai cuidar.”
NA GRINGA
Com tantos fora do Brasil, Bruno identifica algumas diferenças na cena da tatuagem brasileira e internacional.
“A diferença maior que eu vejo entre tatuar no Brasil e nos Usa é o acesso ao material: aqui temos uma grande diversidade de materiais e preços. Por exemplo, uma caixa de agulhas cartridges (cartucho) pra máquinas rotativas é cerca de 300,00 reais no Brasil, quando acha. Aqui, compro uma caixa com 20 agulhas por 20,00 dólares. “
Para conhecer mais sobre o trabalho de Bruno Freitas, acesse:
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