Rafael Cassaro é tatuador há mais de 18 anos, nascido em Santo André, interior da grande São Paulo, foi na mesma cidade que Cassaro abriu seu estúdio de tatuagem onde se tornou referência com seu trabalho.
Mas não foi sempre assim: Cassaro afirma que durante boa parte da sua vida, a tatuagem simplesmente não existia para ele. O artista, ainda na infância, era fã de ilustração, capas de livros, capas de discos, cds, graffiti e fotos antigas. Talvez daí seu grande amor pelo Preto e Cinza.
“Já desenhava desde pequeno, mas meu primeiro contato com desenho, em ver alguém desenhando e ficar encantado, foi com um amigo que morava no mesmo bairro, Marcos Farrell, um ilustrador magnífico! À partir disso, quis muito estudar desenho, mas não tinha condições pra isso. No fim dos anos 90 entrei em uma escola de desenho, onde meu primeiro professor foi, nada mais nada menos que, André Rodrigues. Hoje uma das maiores referências de tatuagem e arte no Brasil. Aí, fui me encantando mais com ilustrações, conhecendo mais artistas aprendendo e degustando todas as informações possíveis.”
Cassaro conta que foi parar dentro de um estúdio de tattoo graças à seu irmão.
Nessa época, eu trabalhava como auxiliar de escritório em uma empresa onde entrei como office boy e seguia com meus estudos de arte. Quando um dia meu irmão me convidou para ir à um estúdio ver ele se tatuar, aceitei de pronto e lá fomos. Chegando lá, não entendia muito bem o que seria feito ali. Enfim, quando começou o procedimento, fui observar de perto e achei muito curioso aquilo tudo, fiquei lá analisando tudo como era feito. E à partir desse dia foi onde me interessei em aprender a tatuar, mas não imaginava onde isso tudo podia me levar, queria apenas aprender mais uma técnica de arte.
Fui mandado embora do trabalho, tinha um dinheiro, fui, então, à procura de onde poderia comprar material para tatuagem, mas tinha pouquíssima informação. Foram tempos difíceis, porque a informação era de difícil acesso e muitos tatuadores mais antigos não queriam compartilhar seus conhecimentos, né? Com tempo fui conhecendo outros tatuadores e aprendendo alguns ‘macetes’ e melhorando a qualidade da solda das agulhas.”
O artista conta que, aos poucos, começou a ter contato com outros artistas e a aprender sobre técnicas e estilos que ele nunca imaginou que pudessem ser feitas em pele humana. Ainda no início da carreira, Cassaro inaugurou junto com um amigo seu primeiro estúdio de tatuagem. Ele afirma que esse espaço ajudou a ganhar mais confiança e até participou de sua primeira convenção de tattoo.
“Foi a Tattoo First Fair, em São Caetano do Sul, em São Paulo. E, por incrível que pareça, ela foi organizada pelo Enio Conte, que hoje organiza a TattooWeek, a maior convenção de tatuagem da América Latina.
Nesse evento, tive a grande honra de ser premiado na categoria Comics, se não me engano, foi um momento de muita alegria e de aí em diante comecei a frequentar outras convenções, conhecer mais tatuadores e mais pessoas, e fui me aprofundando mais na arte da tatuagem.”
ESTILO DE TRABALHO
Se você aí, leitor, é curioso como a gente, deve estar se perguntando o que é o estilo “Chicano” de Rafael Cassaro. E para tirar a dúvida, ele mesmo explica:
“Não sei como definir o que faço, muitos conhecem meu trabalho pelo estilo “chicano”, mas gosto de estar sempre em transição. Penso que se eu estagnar dentro de uma definição, não vou me sentir confortável.
Sei o que eu gosto de fazer na tatuagem, gosto de preto e branco. O que vem depois disso é adaptação. Hoje, estou buscando fazer algo mais relacionado a pintura clássica, voltado para Renascimento e Barroco, talvez mesclar isso com um pouco de cada referência que tive no decorrer da minha carreira. Atualmente, faço “Realismo”, mas que não me impede de usar linhas neles, como disse, não quero estar preso a algo, a um rótulo, gosto de ser livre para poder usar elementos e estilos que me sinta a vontade e que eu acho que vai encaixar na ideia do trabalho em si. “
O artista ainda fala sobre um tipo de trabalho específico que ele realiza.
“Desde muito tempo faço mulheres em meus trabalhos, sendo ele “chicano” ou não, e não entendia muito o motivo. Quando comecei a tentar entender o porque fazia o que fazia… então, um dia sentado com meu amigo Victor Octaviano e Fernanda Spinoza, tive um insight do motivo.
Quando tinha 11 meses, minha mãe se suicidou, desde então não tive uma figura materna, morei com minhas duas avós, porém, no meu pensamento, mãe é mãe, tudo bem que a avó é mãe duas vezes, mas… então nesse insight percebi que meu inconsciente usou isso para eu ter uma figura feminina sempre comigo. Quando isso veio a minha consciência, não sei se por medo ou por surpresa, deixei de fazer as mulheres em meus trabalhos. Mas como sempre foi mais forte que eu, porque é algo que vem de dentro, então preferi trabalhar isso em mim e tentar usar da melhor forma. Daí em diante, tento mesclar as histórias, sento, converso com meu cliente e muitas vezes conto a minha história e então tento mesclar o que ele quer transmitir, mas usando elementos da minha história. Essa ligação que tenho com meus clientes fica mais forte e para mim mostra muito mais alma, carrega sentimento de ambos e ao meu ver, isso fica magnífico.”
PRETO & CINZA
Referência também no estilo Preto e Cinza, Cassaro tirou algumas de nossas dúvidas sobre o estilo. Por exemplo, você sabe como cuidar de uma tatuagem nesse estilo? E sabe que a tattoo em Preto e Cinza é ótima para pessoas com a pele mais pigmentada?
Vamos lá!
Como cuidar/ o que faz mal?
” O cuidado de uma tatuagem preto e cinza ou colorido na minha opinião tem de ser igual, usar bloqueador solar toda vez que tiver contato com sol, até mesmo quando não está sol e está somente um mormaço, é importante que use para que ela se mantenha bem por bastante tempo. Tatuagens que levam sombras mais suaves requerem um cuidado maior, o excesso de contato com o sol pode fazer com que perca esse tom mais facilmente, necessitando de retoques.”
Qual maior inimigo?
“Acredito que o maior inimigo do estilo realista pb ou de qualquer tatuagem, é a falta de cuidado com o trabalho, o não uso de bloqueador, o maltrato após ser feita. Penso que o maior inimigo é o próprio dono da tatuagem, após trabalho bem executado, os cuidados dependem do cliente.”
Qual maior dificuldade em fazer tatuagens nesse estilo?
“Na minha singela opinião, a maior dificuldade está em conseguir equilibrar os tons e contrastes pra não deixar o trabalho embolado e indefinido. Ter um bom entendimento de arte, de pintura, de desenho de composição para que isso não aconteça. Minha briga diária está aí, conseguir fazer com que o trabalho fique bem contrastado limpo e de fácil entendimento.”
Realismo pode ser feito em qualquer tom de pele?
“Sim, inclusive até para peles pigmentadas é um pouco mais recomendado que se faça tatuagens nesse estilo, com mais contraste e menos sombras suaves. Claro que existem tipos diferentes de pele, tem peles mais morenas que recebem muito bem o pigmento colorido, mas são excessões.”
Quais os artistas que são referência para você, em seu trabalho?
“Quando comecei, minhas principais referências eram: Cigano Haguilera, Mordenti, Robert Hernandez e Victor Portugal.
Hoje, gosto muito dos trabalhos de: José Lopez, Carlos Torres, Sérgio Sanchez, Eric Marcinizyn, Daniel Rocha, Jeremy Soto, Mário Art, Charles Saucier, Fonzy, Jun Cha, Macko, Sivak.
São os que mais tenho acompanhado no estilo, mas tem muitos outros que admiro em outros estilos.”
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