Quem nunca colocou a música preferida, apontou os lápis, ajeitou os papéis (se você for uma pessoa mais analógica, assim como eu), fechou a porta, sentou em meditação e…nada. Ajeita a luz. Pega um lanchinho. Talvez se eu ver aquele filme ajude. Nada adianta. Ela, a inspiração, não vem.
Muitas vezes quem vem no lugar é a frustração. Começa com o famoso contestar tudo que você sabe, até o “talvez seja hora de avaliar o conselho da minha mãe. Trabalhar no banco nem deve lá ser tão ruim” (não me entendam mal os amigos bancários, até tenho uma irmã que é bancária; mas artistas e instituições financeiras tem uma longa história de desamor).
Óh minha musa, inspiração por onde andas? Pelo amor de Deus!
Bem amigos, venho humildemente oferecer para aqueles que assim como eu sofrem com a espera da divina, um conselho; que se fosse bom se vendia, mas deixarei o julgamento à cabo de vocês.
A inspiração é uma roubada. E acreditem quando eu digo, pois já fiquei por muito tempo esperando pela minha amada que, aparentemente, se perdeu pelo caminho. É esse o conselho? Não. O conselho vem quase como uma moral da história, dois coelhos com uma cajadada só.
Um dia lá estava eu, ainda esperando, quando, sem prévio aviso, me cansei. E ao invés de esperar por algo que eu nem sabia o que era, eu comecei algo sem a pretensão de ser alguma coisa. Porque também tem esse adicional, não basta só esperar pela musa, o resultado final tem que ser uma obra prima (e de preferência na primeira tentativa).
Comecei com gentileza. Peguei algumas folhas e fui desenhar com giz. Desde mais nova eu adoro a sensação do giz no papel, e o cheiro que tem uma caixa cheia deles. É meu material preferido para desenhar. Pensei em muitas coisas, desenhei essas coisas, pensei em outras coisas, rabisquei por muito tempo e no fim, foram horas e foi como se algo fluísse.
“Oh, então é só eu pegar um giz que NOSSA MEUS PROBLEMAS ACABARAM?”
Não. Calma.
Vejam bem, essa experiência me mostrou que pra mim não é sobre ser arrebatada com um vislumbre do que será a arte final. É sobre começar algo e construir um caminho até onde eu quiser.
É sobre participar ativamente do processo de criação, mais do que esperar por aquela luz divina que vai me mostrar como.
Então, caro amigo, se você é assim como eu, uma pessoa cansada de esperar pela graça inspiracional, te dou um conselho: pegue seu giz – e aqui é a melhor parte, o seu giz pode ser desde de um lápis, até uma dança. É aquilo com o que você se sente confortável em se expressar – e desenhe – ou faça qualquer que se a ação equivalente. Só quero manter a metáfora.
Se expresse!
E quem sabe, enquanto você percorre o seu caminho, a inspiração te encontre e você não precise mais esperar; ela vai junto.
Artes de Pamella Moreno
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