Antes de falarmos sobre os tipos de agulhas, é importante que conhecemos um pouco sobre a história delas. Não encontrei registros de quando as agulhas eram soldadas, mas conversei com o Antônio Sergio, do Studio Organika, que abriu seu studio na década de 80. Eu, particularmente, me sinto honrada de poder sentar com ele e falar sobre coisas assim. Sinto-me honrada em ter contato com pessoas que fazem parte da história daquilo que tanto amo: a tatuagem. Artistas como Polaco, Antônio Sérgio e Marco Leoni viram o início de nossa história em São Paulo e fazem parte do que somos hoje sem nem saberem.
Por muito tempo sofremos alterações na forma como utilizamos alguns materiais e a tecnologia está sempre a nosso favor facilitando a aplicação da tinta na pele. Era comum os próprios tatuadores soldarem as agulhas que usariam nos clientes antigamente. Agulha de costura mesmo, sabe? Eles utilizavam aquelas soldas de estanho para unir uma quantidade de agulhas e terem uma variedade de espessura na hora de tatuar. Após a soldagem, deixava-se a agulha numa composição química para diminuir os resquícios da solda e, também, esterilizá-la.
Há aproximadamente 15 anos que as agulhas tiveram um salto na fabricação e elas podem já ser compradas soldadas, esterilizadas e embaladas. Destas, temos alguns termos para nomeá-las:
Round Liner – é a agulha de traço, muito comum utilizada para muitos estilos de tatuagem. São agulhas soldadas com mais ou menos 3mm antes da ponta da agulha. A quantidade de agulhas que definem se o traço será mais fino ou não.
Round Shader (também conhecida como Bucha) – O formato delas é muito parecido com a Round Liner, porém mais abertas e são soldadas de 5 a 6mm antes da ponta. Muitos tatuadores usam para preenchimentos e sombreamentos de menor porte. Por haver um espaçamento um pouco maior entre as agulhas, também é usada para traços mais grossos.
Magnum Trançada – Existem duas fileiras de agulhas com a soldagem alternando-as entre si. Por pigmentar com maior facilidade na pele, é muito utilizada para pigmentações mais pesadas e sólidas.
Magnum Round (pela Cheyenne, conhecida como Magnum-SE) – Possui diversas agulhas trançadas entre si, mas, diferente da Magnum comum, o conjunto das agulhas estão em formato curvado na ponta. Isso possibilita que o tatuador faça preenchimentos e sombreamentos sem marcação de forma suave.
É de suma importância que nós, tatuadores, saibamos o tipo de agulha que deve ser feito em cada trabalho e como nossas máquinas se comportam com elas. Como já foi dito no texto anterior, existem diversos tipos de máquinas e algumas têm uma regulagem, potência e até mesmo recuo da agulha diferente para cada tipo de trabalho que você deseja fazer.
Além das agulhas, podemos, também, falar dos cartuchos que, de um tempo para cá, está facilitando cada dia mais a vida do tatuador. A marca alemã, Cheyenne, foi a pioneira dos cartuchos, trazendo uma agilidade nesta troca de agulhas muito maior. Como sempre falo das tecnologias e de como devemos usá-las a nosso favor, não faria sentido eu não falar sobre esta novidade aqui!
Agora, como tatuadora, posso falar de algumas experiências com agulhas que já tive. Algumas marcas infelizmente não nos trazem satisfação com o resultado final do nosso trabalho e o custo-benefício não é gratificante. Por qual motivo, Capittoo??? Muitas marcas deixam a desejar na soldagem das agulhas e muitas delas vêm com uma agulha do conjunto soldado torta e isso pode machucar a pele do cliente. É importante que tenhamos no studio uma lupa para que vejamos se elas estão todas no lugar que deveriam estar! É comum que, numa caixa com 50 agulhas, uma ou outra venha, infelizmente, com algum defeito. Mas algumas marcas que nos garantem qualidade merecem que nos atentemos para o melhor resultado final no nosso trabalho.
Com o tempo, vamos sentindo a marca que mais nos agrada e tá tudo bem você pesquisar sobre cada uma delas, até mesmo comprar para testar. Uma das marcas que mais me agrada, hoje, é a Cheyenne.
Além disso, ela possui uma infinidade de cartuchos para facilitar a nossa vida e, gente, eu amo uma tecnologia para meu trabalho!
Poxa, mas como funcionam os cartuchos?
Vamos falar, também, deles aqui. Vem comigo!
A Cheyenne tem dois tipos de cartuchos: o Safety e o Craft. O que muda entre eles é o chassi e a disposição das agulhas na soldagem. As agulhas têm uma textura porosa para segurar mais o pigmento e ele não escorrer. Com isso, entra mais pigmento na pele. Não é incrível?! Depois a gente vê aqueles vídeos no Instagram dos tatuadores da Cheyenne e não sabe o porquê de pigmentar com tanta facilidade!
Alguns cartuchos por aí têm um encaixe comum. Porém os da Cheyenne têm uma membrana de segurança que não permite nem que líquidos entrem, mantendo, assim, a higiene e a segurança para seu cliente. Suas agulhas são em aço cirúrgico, o que não permite que perca o corte – você pode tatuar por mais tempo do que as agulhas convencionais e são no formato long tape (o que mantém uma pigmentação mais firme e permite que seja um traço mais preciso). Elas saem da Índia e a esterilização juntamente à embalagem é na própria fábrica na Alemanha – chique, né, mores?! Eu mesma vi, peguei, desmontei lá na loja e foi incrível ver como a tecnologia pode nos ajudar! Muitas vezes achamos que o problema somos nós, mas pode ser só seu material que não esteja te ajudando.
Em São Paulo podemos encontrar uma loja em Campo Belo, próximo ao aeroporto. Pra quem pega busão, ele para na porta!
O que mais você gostaria de saber sobre os cartuchos? Conta aqui pra gente!