Na década de 80, foi inaugurado o primeiro estúdio de tatuagem da cidade de Bélem, no Pará. O pioneiro era Paulo Pessoa, tatuador há mais de 30 anos e referência na cena do Norte do país. Como o fruto nunca cai longe do pé, Paulo Raphael- filho de Paulo Pessoa- assumiu a responsabilidade de dar continuidade ao projeto do pai.
À frente do Paulo Tattoo Studio, Paulo Raphael se tornou peça fundamental no estilo Preto e Cinza.
“Eu desenho desde os 8 anos de idade e à partir de então todos os meus cadernos da infância até hoje são cheios de desenhos. Não tenho um momento muito atual pra citar, mas posso dizer que as experimentações da minha época de colégio foram inesquecíveis, pois foi ali que pude ter certeza que eu queria desenhar pra toda vida. Ganhei várias disputas de desenho no colégio, e apesar do reconhecimento que vem acontecendo na minha carreira, foram esses momentos tão importantes que me construíram como artista.”
Na adolescência, por influência torta do pai, Paulo Raphael descobriu seu amor pela tatuagem.
“Quando eu era adolescente, eu ia pro estúdio do meu pai, Paulo Pessoa, e ficava por ali no meio dos clientes junto com meu irmão, bagunçando tudo e sempre olhava o Paulo tatuando e conversando com as pessoas. Até que um dia, ele muito aborrecido porque eu tava demais bagunceiro, ele me colocou numa sala dentro do estúdio e me mostrou um desenho em nanquim, que foi projetado na parede tipo naqueles projetores antigos. Naquele momento, eu pirei. Olhei o desenho na parede e achei aquilo ali surreal, senti que foi naquela hora que bateu algo em mim que pensei: eu quero ser artista, quero tatuar como meu pai.
Comecei a ir pro estúdio pra ajudar no atendimento e recepção dos clientes e daí ele me dava um troco todo dia. Eu também desenhava durante os atendimentos e o papai deu a ideia de eu ganhar 5 reais pra cada desenho que fazia e topei- risos! Comecei a desenhar com mais frequência até que o papai me colocou pra tatuar: fazia testes em pele de porco até que fui pra pele e foi o próprio Paulo a minha cobaia. Fiz um rosto vetor do Che Guevara, eu tinha 15 anos na época. E à partir daí comecei a trabalhar com ele e a dividir o estúdio. Em 2000 abrimos juntos, oficialmente, o Paulo Tattoo.”
“MEU ESTÚDIO É MEU SANTUÁRIO!”
Com um verdadeiro mestre dentro de “casa”, Paulo Raphael é especialista no estilo Preto e Cinza e tem se arriscado à produzir artes no estilo Neo Tradicional.
“Eu vim de uma escola que tatuo todos os tipos de tatuagem, sempre estudei todos os estilos e hoje procuro um estilo mais fechado. Sempre foi um desafio definir isso, mas, hoje, posso dizer que meu estilo é o Realismo Preto e Cinza. E atualmente, tento me encaixar no Neo Tradicional.
Estudei muito desenho, luz e sombra, preto e cinza, grafite, pintura à óleo, que tem me ajudado muito a desenvolver minhas artes. Trabalhar com Realismo é anatomia, perspectiva. Por exemplo, tenho um cuidado excepcional com os trabalhos de rostos. Quanto mais você estuda, mais você alcança a perfeição. As técnicas sempre procuro referências artísticas, comparando com a tatuagem sempre imagino uma pintura óleo. Misturo tons, misturo as texturas…como se tivesse pintando uma tela com pincel e tudo mais.”
INSPIRAÇÃO
Paulo Raphael reforça a importância do contato e proximidade com o cliente.
“Um legado que quero deixar para as pessoas é que elas, realmente, sintam o que é o meu trabalho. Que olhem o meu desenho, a minha arte na pele e valorizem isso. Quero que as pessoas percebam que nós, tatuadores, somos artistas, sim. Quero transmitir que as pessoas, na escolha desse trabalho, entendam que elas precisam conversar comigo, olhar nos meus olhos e acabem com essa coisa de tatuagem sem significado algum, ou de desenhos copiados e colados da internet. A mensagem que desejo transmitir é que os tatuadores valorizem mais as pessoas que procuram por eles, ter prestígio mesmo.
Daqui 10 anos, me vejo ainda tatuador, ainda me aperfeiçoando e conseguindo mais reconhecimento e tatuando em um lugar privado que querem ter o meu trabalho na pele. Um espaço ainda mais calmo, atendendo um cliente por dia, ouvindo e compartilhando de uma maneira ainda mais particular.”
Sobre suas inspirações, o artista não teria como fugir da figura de seu incentivador:
“Tem vários artistas que acho que são fundamentais na minha vida. Além do exemplo como profissional da arte mesmo, o cara que eu mais convivi e tive aprendizados épicos, pela oportunidade de ter vivido de perto o talento e como exemplo de vida, é o meu pai, Paulo Pessoa. Ele batalhou pra se manter na arte, se fizesse isso hoje acabaria num hospício- Risos! Ele passou por coisas absurdas pra ser tatuador, o mundo deveria conhecer isso, foi o cara que me ensinou tudo pra começar e é meu exemplo de vida, exemplo de como batalhar pela arte. Tem também o Maurício Teodoro, o Marco Leoni, Geiciane…foram pessoas que tatuaram meu pai e até hoje lembramos que as tatuagens se mantém perfeitas. Mordentes Tattoo, o Cigano, e outros, como Polaco, Tampa- um monstro da tatuagem- e meus colegas de trabalho que admiro demais!”
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