Estilo de tattoo: Kreyner La Scala fala de suas técnicas e experiências

Kreyner La Scala tem uma trajetória incrível dentro da tatuagem nacional. O artista já ganhou muitos prêmios por seu estilo de tattoo e por suas técnicas. Atualmente, Kreyner administra e tatua em seu próprio estúdio, o La Scala Ink, localizado na cidade de Santos, litoral de São Paulo.
Nessa matéria, o artista compartilha com a gente suas técnicas, sua experiência ao longo de 8 anos como tatuador, sua relação com o cliente e a produção da tatuagem perfeita.

“Meu estilo de tattoo é algo meu, minha verdade, um estilo autoral mesmo. Atualmente, tenho produzido um estilo muito próprio e que não vejo se enquadrar em nada que já exista.”

Mas antes de chegarmos ao estilo de tattoo atual e autoral do artista, é preciso entender sua trajetória na tatuagem. Kreyner já produziu tatuagens em alguns estilos de tatuagem como, por exemplo, o New School, onde ele, inclusive, ganhou seu primeiro prêmio dentro da tatuagem no início da sua carreira; Ele também passou por outros estilos de tattoo: o Fineline, com traços mais minimalistas, a Aquarela e suas cores fascinantes, e tantos outros, como o Trash Polka, o Realismo e o Pontilhismo.
Estudar e conseguir produzir tatuagens em todos esses estilos, com certeza gerou uma enorme bagagem ao artista.
Kreyner La Scala divide com a gente sua relação com as cores:

“Eu passei por muitos estilos, e muitos estilos que contém muita cor. Estudei no desenho muita coloração e era apaixonado por isso. Durante um tempo trabalhei só com a cor preta, aí comecei a adicionar somente detalhes vermelhos e faz pouco tempo que retornei a usar mais cores em meus trabalhos. Usar da minha maneira: eu costumo trabalhar as cores como pontos de iluminação e detalhes de áreas de luz. A aplicação faço como um estudo de cor, que deixo a finalização desconstruída e gosto de usar alguns respingos para dar mais detalhes. Algumas pessoas costumam achar que é como a técnica Aquarela, mas não vejo dessa forma, pois uso uma aplicação mais sólida, como se fosse uma aplicação feita em um trabalho no estilo Old School, por exemplo. Da Aquarela tem muito detalhe pra simular a transparência e a parte “aguada” que existe no estilo, coisa que que uso em meus trabalhos também. Mas em geral, é um leitura minha de composição que, felizmente, muitas pessoas gostam e de certa forma é o que faz que meus trabalhos sejam facilmente identificados.”

E Kreyner ainda vai além e complementa sobre suas técnicas e seus traços únicos:

“Eu demorei muito pra conseguir ter mais liberdade e deixar meus trabalhos mais soltos e leves, e de ter a proporção que me agrada. Faço uma composição de linhas sólidas e definidas, com linhas desconstruídas e soltas. Vejo como a construção de uma arte em um quadrinho em acabamento, sem a finalização total. Como sou apaixonado por esse universo Geek, muitas das minhas inspirações vem desse tipo de arte e agrego ao meu estilo. Muitos desses detalhes nem coloco no desenho, deixo fluir direto na pele para acompanhar melhor anatomia e musculatura do corpo, trazendo movimento a arte.”

E você, nosso leitor, deve estar pensando que diante tanta técnica e originalidade, a cópia, tão comum no meio artístico, não aparece, certo? Errado!
Veja o que o artista fala sobre o assunto:

“A cópia é algo bem delicado. Vejo como uma forma de reconhecimento também: ninguém copia algo ruim! Então, se estão copiando quer dizer que gostaram.
Mas existe o outro lado: eu crio a arte especificamente para ideia e personalidade de cada cliente. Então você, ao copiar, não copia somente a arte, você copia a essência de outra pessoa em sua pele, a história de outra pessoa.
Tenho uma arte que fiz em parceria com outro tatuador, o Paulinho de Deus, que ja vi mais de 50 cópias! E nessa arte possuem alguns detalhes implícitos, como a inicial da cliente. Só que as pessoas não sabem disso e copiam junto.
É legal usar minha arte como base, como referência. Mas é preciso confiar no profissional e deixar que ele crie algo exclusivo pra você!”

Arte feita por Kreyner La Scala e Paulinho de Deus

E a construção de uma arte exclusiva pode ser um processo longo, mas que valerá a pena no resultado final que carrega sua história e um significado único.

“O processo de construção é um processo bem legal. É aí que eu tenho um contato maior com a pessoa, tenho uma sintonia maior, deixo muito da minha intuição falar… tanto que tem alguns casos bem curiosos: quando retornei as atividades, estava preparando as artes, no dia anterior, em casa, e lia as mensagens dos clientes, fazia a arte à partir disso, e aconteceu mais de uma vez de alterar a ideia para algo que eu sentia que seria mais legal.
Teve até um caso de um cliente que veio da Europa tatuar comigo e me explicou que queria uma arte de caravela, com caveira mexicana e eu, na hora de desenvolver a arte, pensei em uma sereia no lugar da caravela e alterei a arte sem falar nada com ele.
Pensei: ‘amanhã converso certinho com ele e explico tudo. Nada como uma conversa pessoalmente.’
E no dia seguinte, apresentei a arte pra ele e ele se surpreendeu com a sereia, já era algo que ele desejava tatuar, em homenagem à sobrinha, mas não havia me dito nada. Esse tipo de coisa já aconteceu mais de uma vez, então cada dia mais confio em minha intuição e sensibilidade para criar a composição, levando em conta a personalidade de cada cliente e até mesmo a forma que a pessoa escreve sua história, sua ideia… tudo isso dá pra sentir e só soma nessa construção.”

Uma aula e tanto, não acha?
Aqui abaixo você pode conferir algumas outras artes feitas por Kreyner La Scala e entender de uma vez por todas sobre seu estilo de tattoo com muita personalidade e completamente autoral.