Felipe Rdoze, de pichador a tatuador

Em tempos de muros cinzentos, o artista carrega inspiração por onde passa.

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Felipe, ou melhor, Rdoze, é um cara bem calado, concentradíssimo no seu trabalho. Nos conhecemos no Brasília Tattoo Festival, no final de 2016. Brasília nos rendeu muitos frutos, eu já disse. Mas para mim, particularmente, foi experiência de vida! E o Rdoze e a sua companheira, Raissa, foram responsáveis por grande parte disso.

Vamos lá: minha relação com Brasília não é de hoje. Me sinto em casa, sou muito bem recebida. E isso se confirmou na minha última ida ao Planalto. Rdoze estava na sua primeira convenção. Muitas tattoos, muita curiosidade. Entre um trabalho e outro, conversamos sobre trabalho, sobre a cidade, sobre a vida. Tive o prazer de acompanhar bem de perto o trabalho dele. E o cara fez sucesso! Raissa, sua companheira e grafiteira, também é quem o assessora. Curiosa, os dois fazem uma dupla. Nos três dias de convenção, eu pude saber um pouco mais sobre quem era ele, e agora tenho o prazer de transformar tudo isso em texto.

Felipe Rdoze já foi pichador, e com o piche, conheceu o grafite. Com o grafite, se aproximou da tatuagem. “Eu já fazia grafite e muitos amigos eram tatuadores. Eu já tinha algumas tattoos, mas nunca tinha pensado em trabalhar com tatuagem. Até que resolvi testar e fiz uma tattoo em mim mesmo. Acabei me apaixonando!”

Rdoze nos contou que começou a tatuar em 2014. Está no processo de estudo sobre a tattoo, mas ela já toma toda sua agenda. Cheia, por sinal.
“Hoje em dia sou mais tatuador. Minha agenda não me permite sair sempre à rua para pintar. Mas busco um equilíbrio em relação a isso. Acho essencial.”

O início

Minha companheira, Raissa, e meu amigo Flávio Soneka que me deram as primeiras instruções para tatuar. Alguns amigos que trabalhavam junto comigo na Casa Cultural Síndrome Criativa na época também me deram todo apoio em ser tatuador. Queria fazer mais desenhos de letras e espalhar meu nome pela cidade, então conheci alguns grafiteiros e comecei a fazer letras de grafite. Depois que conheci o desenho e resolvi estudar.”

Grafite + Tatuagem x Tatuagem + Grafite

“O grafite é minha inspiração, é onde me encontro, me sinto livre para criar e fazer testes. Depois faço uma mistura e trago isso junto com minhas tattoos. É como se a cidade fosse meu quintal, gosto de andar pela cidade e ver grafites meus e de meus amigos. Hoje em dia, pinto em menor quantidade, mas sempre observo vários grafites na cidade. É muito louco e inspirador.”

E a tatuagem? “Quando comecei a tatuar não imaginava que (o grafite) iria me influenciar tanto como hoje. Tiro muita referência, tanto de estilo como de modo de trabalhar com muito mais calma na hora da aplicação.”

Grafite, Tatuagem… e as pessoas

“Grafite e pichação são duas artes urbanas, assim como stencil ou lambe-lambe. Do picho admiro muito as letras. São muito bonitas, principalmente as de Brasília e São Paulo.”

“(Depois de um certo tempo) comecei a assinar para os grupos Vômito Terror e DF Zulu. No mesmo ano — 2010 — comecei a fazer alguns trabalhos de pintura sob encomenda, mas não era exatamente o que eu queria, então esse amigo Flávio Soneka me incentivou e experimentei a tatuagem, e foi amor à primeira vista. Desde então, me dedico a estudar e encontrar meu equilíbrio entre o grafite e tattoo. Quero encontrar meu estilo nesse mix tattoograff.”

E tem ídolos nesse mundo? “Admiro muito o caráter e as atitudes de Gandhi e Jesus. E tenho um amigo chamado Snupi Cipriano — grafiteiro — , ele é o cara mais foda que já conheci!”

E no mundo da tattoo? “Nossa, aí pegou pesado! Sou fã de vários caras do Brasil: gosto muito do Felipe Rodrigues ’Fe Rod, Victor Octaviano, Guga Baygon, Grime, Logan…”

As marcas que as tatuagens deixam

“Costumo me definir como freestyle ou estilo livre. (E nesse estilo, uso) fineline, blackwork, pontilhismo, sketch e aquarelas. Eu gosto de fazer qualquer tipo de desenho que o cliente me deixe o mais livre possível para trabalhar dentro da história da tattoo.”

E alguma te marcou? “Já tatuei várias homenagens, mas a mais linda foi um desenho em homenagem a uma filha que havia nascido mas faleceu logo depois. Tatuei um coração costurado para simbolizar que sua passagem foi breve, mas deixou marcado e que os pais a amavam.”

E por falar em marcas, Rdoze e Raissa são daquelas pessoas que encontramos no caminho e temos certeza de que levam um pouco da gente. Deixaram muito deles comigo. Eles e os dois filhos, dois Davis, da mesma idade. Eu, Fernanda, mãe de um outro menino. Trocamos muito. Algumas lágrimas e uma supresa aliviada de ir embora de Brasília com a certeza de que cada minutinho valeu a pena.

PS 1: No meu último dia no Planalto, a Raissa estava com uma blusa que dizia: “A casa grande surta quando a senzala aprende a ler.” Brasília não é tão cinza quanto dizem 🙂

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Fernanda Moraes
Fernanda Moraeshttps://blog.tattoo2me.com
Editora no Tattoo2me Magazine. Mãe do Zion e Jornalista, às vezes. Cultura Periférica, Indústria Cultural e Tatuagem.

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