O abstrato e a geometria na produção artística de Rosa Laura.

Formade em Arquitetura pela USP, artista tem como inspiração as culturas Indígenas, Filipinas e Marroquinas.

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Artista de São Paulo e formade em Arquitetura pela Universidade de São Paulo, Rosa Laura começou suas produções na tatuagem com apenas 13 anos, usando agulha e tinta, apenas. Modificação corporal e piercings era algo que chamava atenção de Rosa. No último ano, Rosa esteve viajando pela América do Norte e pela Europa sempre à trabalho.

“Eu não sabia nada sobre tatuagem, mas tinha curiosidade. Minha mãe tem muitas tatuagens, então foi o primeiro contato que tive.
No Brasil, os indígenas, com suas fortes identidades visuais e pinturas corporais, me interessam particularmente. Com certeza, depois de ver um índio fazer uma pintura corporal, em contato com materiais da terra, com tanta proximidade com o corpo, passei a ter ainda mais interesse no Handpoke, técnica que uso para tatuar hoje em dia.
Quando fiz 18 anos, meu irmão me deu uma máquina de tatuagem, e então eu comecei a tatuar alguns amiges e fui recebendo dicas com tatuadores que eu conhecia na época. Mas era algo que eu fazia apenas ocasionalmente, não tinha a menor ideia de que a tatuagem se tornaria uma parte tão importante da minha vida. Foi só quando terminei a faculdade de Arquitetura, quase 8 anos depois, que me concentrei completamente na tatuagem.
Como Handpoke sempre tinha sido minha paixão, decidi seguir nessa técnica.”

Além de utilizar a técnica Handpoke em seu trabalho, Rosa sempre teve uma produção nas artes visuais, trabalhando com o abstrato e a geometria. Quando começou a tatuar com mais frequência, Rosa já tinha um trabalho gráfico desenvolvido, e procurou maneiras de traduzi-lo para a tatuagem.

“Tem muita coisa que trago para meu trabalho gráfico que desenvolvi tatuando e vice-versa. Gosto muito de pintar, por exemplo.
Onde eu estudei, você tinha que apresentar um trabalho final de graduação e eu decidi apresentar uma pesquisa visual feita com uma copiadora (xerox) e um scanner, focando em mídias impressas e digitais.
A xerografia e a scanografia são técnicas em que você usa a máquina xerox e o scanner para criar composições. Eu gosto de brincar com a máquina xerox porque é rápido, você pode criar algo em 10 segundos, juntando uma imagem, com alguma tipografia de outro lugar, e só ver o que acontece. Eu gosto de pensar que foi o primeiro “photoshop” que tivemos, de certa forma. Além disso, eu realmente gosto da parte imprevisível… Ainda tenho muitas coisas coloridas que nem comecei a usar- criadas com o scanner – que estou salvando para trazer a público e tatuar em algum momento.
Além disso, tudo que eu crio nas máquinas tem um trabalho grande antes de ir para a pele. Eu escolho as partes que acho mais interessantes, estudo possíveis placements, digitalizo, edito, e assim por diante…”

AS OBRAS, O VISUAL E AS LINHAS DE ROSA

É bem verdade que é impossível resumir o trabalho de Rosa em uma palavra, em um estilo de tatuagem. São muitas coisas – importantes e significativas – que possuem ligação direta com a exatidão da geometria e das linhas.

“Eu não saberia rotular meu trabalho com uma palavra só, mas me sinto confortável dizendo que é um trabalho gráfico e abstrato.
Meu estilo é uma combinação de diferentes e importantes coisas. Eu estudei Arquitetura, logo tenho uma afinidade com geometria. Sou, também, fã das tatuagens tradicionais japonesas, e apesar de não usar os mesmos motivos, humildemente me inspiro nelas para pensar os placements dos trabalho que faço. As tatuagens Kalinga, das Filipinas e Berber, do Marrocos, também me inspiram grandemente.
Tenho que mencionar os indígenas do Brasil e da América do Sul – Yanomamis, Kayapós, Huni Kuins, Guaranis, Guajajaras e tantos outros – porque eles são uma grande inspiração para mim.
Respeito a conexão da pintura corporal com a vida cotidiana que eles têm, usando o corpo para se expressar e se proteger, reafirmando cultura e identidade. Eles usam Jenipapo e Urucum para pintura corporal – plantas que estão ao seu redor, no ambiente e na paisagem que os cercam.
Além disso, em 2017, conheci e estudei com Jun Matsui. Foi uma parte importante do meu desenvolvimento. Jun é um dos tatuadores mais respeitados no mundo, seu trabalho é muito especial, e eu tive a sorte de aprender a entender melhor o corpo e o free-hand- desenhar no corpo, à mão livre- com ele.”

Rosa Laura. ❤ Fotografia de Juliana P. Braun

As linhas produzidas por Rosa são um capítulo à parte diante tanta inspiração:

“Tatuar linhas retas em um corpo que se movimenta, que tem uma anatomia própria e tridimensional, pode ser muito difícil. Acredito que os resultados positivos que consegui venham de muita concentração e tranquilidade – simultaneamente – para achar o melhor placement, que valoriza mais a personalidade do cliente e a tatuagem em si.
Sempre que trabalho com linhas, trabalho primeiro com free-hand, desenhando a linha no corpo da pessoa diretamente, para depois que encontrar o placement ‘perfeito’, fazer o stencil e tatuar.”

Outro capítulo no caminho de Rosa, e não menos importante, é o tatuar usando apenas agulha e tinta. Nada de máquinas por aqui.
Embora já tenha usado as máquinas para produzir suas artes, Rosa afirma que no Handpoke é onde se sente em casa.

“Eu gosto de me sentir conectade com essa forma de tatuagem e acho
que me dá muita proximidade com a pessoa que você está tatuando. Uso apenas tinta e agulha para tatuar, sem máquina. É uma técnica interessante, que envolve paciência, mas menos dolorida e de fácil cicatrização.
Como eu disse anteriormente, comecei tatuando a mim mesme, e depois tatuando amigues. Aprendi tatuando e observando outros tatuadores handpokers que admiro.
Como é uma técnica que deriva de maneiras super antigas de se tatuar a pele, procurei por livros, videos, usei muito a internet como ferramenta de aprendizado também. Além disso, ser tatuade por outros tatuadores que são mestres nessa técnica, ajudou enormemente.
Minha paixão pelo handpoke também tem a ver com a estética que a técnica tem. Além disso, é muito pessoal, mas vejo que a repetição é um tema presente em tudo o que faço como artista, e, obviamente, o handpoke exige muita repetição.”

AS HISTÓRIAS

Ainda falando sobre corpos, inspiração e história… Rosa dividiu com a gente algumas produções realizadas e muito especiais em sua construção como artista.

“É muito difícil escolher uma peça como minha favorita. Provavelmente as que eu fiz em meus amigos e familiares, porque eles têm uma plus emocional para mim. Jess Chen e Lucas Peixe foram especialmente importantes.”

“A tatuagem de Lucas fizemos em duas sessões. Ele tem uma coleção incrível em seu corpo, então eu me senti muito interessade em ter a chance de adicionar algo àquela coleção. É também uma das maiores peças que fiz do que chamo de #xeroxseries e em um placement muito privilegiado.”

“A orelha de Jess foi uma grande experiência, porque sinto que é muito diferente do que tinha visto em tatuagens de orelha, até então. Depois disso, eu comecei a fazer muitas orelhas, foi muito importante para mim.”

“E eu fiz uma peça inspirada na arte do povo Kayapó, do Brasil, na Meagan, que me deixou super animade. Eu admiro muito a cultura deles e quis criar algo com eles como inspiração. É uma das peças que eu chamo de “onelineonly”; ela passa por todas as costas e por meia perna em apenas uma linha. Ficou muito harmônico no corpo dela.”


Conheça mais sobre o trabalho de Rosa Laura:
Contato:
[email protected]
Instagram:
https://www.instagram.com/rosalaura_/


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Fernanda Moraes
Fernanda Moraeshttps://blog.tattoo2me.com
Editora no Tattoo2me Magazine. Mãe do Zion e Jornalista, às vezes. Cultura Periférica, Indústria Cultural e Tatuagem.

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