Verônica Alves é tatuadora e utiliza em suas artes uma técnica ancestral com cristais.
Nós, aqui em nosso blog, gostamos de localizar o nosso leitor sobre cada matéria, texto, que produzimos. E com essa matéria não será diferente: ela foi produzida durante algumas semanas. Muita conversa, muita troca, muita história. E não era para menos.
Vem com a gente que você logo vai entender!
Verônica Alves é- nos faltam palavras- artista, tatuadora de Curitiba, no Paraná. Ela tem 33 anos e uma sabedoria gigante!
Tivemos o prazer de acompanhar seu trabalho bem de pertinho e assim surgiram as curiosidades, as descobertas e toda a troca com a Houhou.
Houhou? Isso!
Para nós, a Verônica, nunca foi Verônica. Ela é Houhou!
E foi assim que ela nos apresentou sua técnica de trabalho com os cristais.
“Sou artista, tatuadora, Reikiana do método “Reiki Xamânico Estelar”, terapeuta floral do sistema “Águas Cristais”, curandeira… e “Houhou” é um microcosmo todos esses saberes se concentram e são partilhados. Tatuo pessoas, numa técnica ancestral, sem máquina, onde utilizo um cristal de quartzo como base pra agulha. Existe o trabalho silencioso dos cristais, existe a força da arte em si, existe a intenção da pessoa e fui organizando tudo isso num formato cerimonial, com começo-meio-fim, onde muitas coisas (visíveis e invisíveis) acontecem além da tatuagem. Tatuar pra mim, assim como o viver, é desafiador, holístico e filosófico.
É uma oportunidade de auto-conhecimento, cura e celebração.”
O PROCESSO
Se tudo- ou quase tudo- tem um início, meio e fim, claro que gostaríamos de entender tudo sobre a Houhou, suas tatuagens, seus rituais e criações.
Aliás, vez ou outra a gente até esquece que essa conversa toda é sobre tatuagem, essa cultura milenar.
“Eu percebi que precisaria fazer uma escolha na vida que seria entre continuar empregada de carteira assinada ou viver da minha arte.
Eu adoro esses momentos!
É como dar um salto, quântico, um diálogo sincero entre seu coração e o coração do universo.
Não foi fácil, senti medo, insegurança. Mas sabia que não tinha outro caminho, então fui lá e pedi demissão.
Me recordo da sensação incrível que senti enquanto voltava pra casa depois disso, em que caminhava na rua e me parecia que eu andava no estilo “Singing In The Rain”, os carros saltitavam enquanto transitavam, os semáforos piscavam pra mim, os animais de rua faziam ciranda em roda, as árvores estavam dançando com suas folhas esvoaçantes…
Minhas amigas me disseram que nesse momento, nas caixas de som espalhadas por toda a cidade, estava tocando “Don’t worry about a thing, ’Cause every little thing is gonna be alright”.
Nesse momento atravessei um portal. Depois disso, sinto que todos os dias são me dados como um presente pra eu mostrar pra mim mesma que sou capaz, que sou co-criadora da minha realidade, que tenho os deuses como proteção e a liberdade como irmã.
E que existe vida querendo ser vivida.”
Você deve estar se perguntando onde, em que ponto exato, a tatuagem e os cristais se encontram. Certo?
Primeira coisa importante a se dizer é que a Houhou utiliza em seu trabalho a técnica handpoked, é uma técnica milenar onde não se usa máquinas elétricas, mas sim uma agulha onde o desenho é feito ponto por ponto.
E os cristais?!
“Eu já me relaciono com cristais desde sempre, de forma bem intuitiva, e aos poucos fui sentindo de aprofundar estudos e trocas com outras pessoas e estudiosos. Mas nos cursos eu ia me dando conta de que muita coisa que estavam ensinando ali eu já fazia. Ou de alguma forma já sabia. Fui validando minha intuição e minha conexão com eles, já que a gente costuma acreditar só quando tá em papel, né? Então fui estreitando cada vez mais essa relação conforme eles iam permitindo. Nesses estudos descobri a técnica do Orgonite, um objeto que equilibra as energias, e é composto por resina (atrai), cristal e metal (condutor). Quando tem um condutor, o cristal potencializa e direciona suas propriedades energéticas. E é assim que eu faço: o cristal com o metal, que nesse caso é a agulha da tatuagem; as propriedades energéticas provenientes daquele cristal específico se transportam pelo metal para a pele do tatuado.
Trabalhar com cristal e com símbolos sagrados exige muita dedicação e responsabilidade, pois tem muito a aprender e são energias inteligentes com necessidades específicas, caso contrário o trabalho energético será prejudicado.”
Houhou ainda nos afirma que ser tatuado é uma tradição centenária e que deriva de um hábito de diferentes povos- religiões e culturas- desenharem seus corpos. A artista acredita que produzir uma arte como ela se propõe, é resgatar essa tradição, essa riqueza memorial da humanidade.
Junto disso vem a riqueza do que são os cristais.
O RITUAL
Em nossas descobertas com a Houhou, vimos que todo o processo de seu trabalho é chamado de ritual e que todos os objetos usados nesse ritual é feito, produzido por mulheres e são, também, veganos. Ou seja, nada é feito à partir da origem animal.
“(o ritual)É uma experiência cerimonial com começo, meio e fim, em que o tatuado passa por um mapeamento da sua intenção de se tatuar, que se desmembra em defumação com ervas, terapia floral e com cristais, o amuleto, a tatuagem em si, coisas que vou sentindo na hora, muita troca e aprendizado. O que acontece com ambas as partes, pois eu passo pelo ritual junto e me atento pra estar plenamente presente pro outro. A sensação, de uma forma mais desatenta, é que não difere muito de uma tatuagem que não seja ritualística.”
Sobre os produtos veganos, a artista explica que já havia deixado de usar- e comprar- produtos de origem animal e foi percebendo a diferença em sua saúde. E ela é taxativa: “se eu não utilizava nada químico em mim, como poderia fazer isso com a pessoa que eu estou tatuando, furando a pele e jogando aquilo diretamente na corrente sanguínea dela? A natureza tudo nos fornece, inclusive pra tatuar.”
“O primeiro contato é feito à distância e é importante nos lembrarmos que o espaço é uma ilusão. É possível estar perto de outras formas e as energias não vêem barreiras, como nós vemos. Essa primeira troca é então energética, a pessoa me relata a sua intenção, o que deseja, onde deseja e pode inclusive me enviar referências- que são poemas, musicas, mantras, orações, fotos de artes ou tatuagens-, e tudo ajuda que eu consiga acessar a intenção dela, que pra mim é o que preciso.
A partir daí, me reservo num processo criativo bem intuitivo, onde vou me sintonizando e o amuleto vai se apresentando. Depois disso, é explicado o preparativo pro ritual, mais como sugestão do que como regra. Esse amuleto é apresentado e explicado presencialmente, na hora do ritual, onde a pessoa se conecta pela primeira vez com todos aqueles símbolos que falam direto e reto ao inconsciente/coração.
Nesse momento, as palavras são totalmente desnecessárias.”
Tatuagem com cristal, Handpoked, ritual, amuleto, Houhou…
Nós avisamos que seria uma viagem incrível e de muitas descobertas.
As tatuagens feitas pela Houhou são chamadas de amuletos.
E, parando para pensar, são mesmo! Todas elas.
HOUHOU: O SOM DA CORUJA
Você já ouviu o som da coruja?
Nós já!
E tem um vídeo aqui abaixo INSPIRADOR sobre a Verônica, o ritual, amuletos e também com o som da coruja.
É lindo, vai por mim!
❤
“Sempre tive muita afeição às corujas, por toda a beleza, força e simbologia que portam. Já gostava e usava o nome “Houhou” nas minhas coisas, como e-mail por exemplo. “Houhou”- que é o nome do que faço, do meu estúdio e algumas pessoas estão me chamando assim agora, tô achando bem simpático- é uma onomatopeia do som da coruja (lê-se “rrú-rrú”). Quando percebi que iria começar a tatuar, senti na hora que isso precisaria ter um nome que não o meu, pois nunca fiz e não faço esse trabalho sozinha. Daí “Houhou” era a única coisa que me vinha. Aos poucos fui encontrando essas respostas, que a coruja é meu animal de poder e proteção, segundo o Xamanismo e também segundo o Sincronário da Paz (estudo Maia). Sincronicidades.
A coruja trabalha a verdade então encontro um vínculo muito claro com os cristais, também.”
Queremos contar para vocês um pouco mais sobre quem é a Verônica:
Ela tatua desde 2015, após um longo caminho desenhando peles artificiais e melões, em segredo. E, quando criança, sonhava em ser fotógrafa.
“Antes de tatuar, eu já fiz muitas outras peripécias e uma delas foi grafitar construções fenomenais, como, por exemplo, uma caixa d’água de 25 metros de altura com minha amiga Mariana Degani, num duo chamado Pupillas.”
Além disso, Houhou nos disse que a artista que mais lhe inspira é Maria Fang-od Oggay, também conhecida como Whang-od, que é uma tatuadora Kalinga de um vilarejo, nas Filipinas.
Whang-od tem 100 anos, tatua há 80, e aprendeu a tatuar na técnica “batok” com seu pai. É a última de sua geração que porta os saberes, a técnica e os materiais tal qual aprendeu na tradição.
“Nas tatuagens, estou investigando a utilização da máquina de tatuar e a forma como ela irá se encaixar no formato de ritual que tenho hoje. Foi algo que me veio em sonho, inclusive me foi ensinado até como iria ser inserido o cristal na máquina. Senti que será uma forma de ampliar as minhas artes, que na técnica manual fica mais comprometida, além de coisas que ainda não sei.
Também tenho alguns projetos que são apenas sementes, mas gostaria muito de fazer um livro.”
A gente torce e envia energias positivas para que as sementes brotem.
Você, enfim, já conseguiu ouvir o som da coruja?
Ouça!
Calma! Tem mais matéria no nosso blog!
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