O estilo Aquarela ou “Watercolor” é um queridinho, bombou no ano passado, em meados do ano de 2017, mas ainda dá muito o que falar.
Aqui mesmo, no Tattoo2me Magazine, nós produzimos uma matéria sobre a tattoo em Aquarela. Se liga no que publicamos, em 2016:
Seus desenhos se assemelham ao traço fluido feito com tinta aquosa, dando o efeito de delicados borrões. É uma técnica de preenchimento, ou seja, pintura de uma tatuagem. São traços únicos e nada óbvios. Se faz efeitos de respingos, manchas leves e fusões de cores para se montar uma imagem, complementando o desenho escolhido.
As principais características desse estilo de preenchimento são cores vibrantes e traços suaves que dão movimento e fluidez ao desenho.
As tatuagens neste estilo chamam atenção pela forma como as cores são expostas, como se fossem verdadeiras pinceladas sobre a pele. O que pode parecer uma simples mancha, na verdade é um processo minucioso para o efeito de Aquarela, que surgiu da evolução técnica das tatuagens e vem possibilitando aos tatuadores uma nova estética de trabalho. Com isso, a tatuagem vem se tornando muito mais do que um adereço na pele, mas obras de artes, já que nesta técnica o profissional precisa estar atento a sua capacidade de observação, pois as manchas e a fusão de cores são feitas na hora, sem a possibilidade de decalque, já que o resultado necessita ser o mais real possível.
Leia mais aqui:
E parar tirar todas as nossas dúvidas sobre essa técnica, conversamos com O cara da Aquarela, nada mais, nada menos, do que o artista Felipe Bernardes.
Felipe é tatuador há muitos anos e, pasmém, desde os 4 se interessa por todo tipo de arte.
Nós, aqui no Tattoo2me, acompanhamos o trabalho do artista há algum tempo e sabemos que a Aquarela é um estilo recente em sua vida.
Felipe começou na tatuagem nos estilos Old e New School. Dá para acreditar?
E como a Aquarela entrou na sua vida?
É isso e muito mais que você confere à seguir:
“Para falar a verdade, eu comecei a fazer Aquarela bem por acaso.
Caiu bem de paraquedas de um cliente que insistiu muito para fazer.
Então, como já havia visto alguns trabalhos cicatrizado de outros profissionais- profissionais que eu admiro mesmo- e eu não curtia muito ver aqueles trabalhos muito aguados, com a pigmentação muito suave.
Até porque eu acredito que a tatuagem bem feita tem que durar para sempre! Então, tinha um pezinho atrás por isso.
Como eu trabalhava muito com New School e Old School, tinha muito essa questão de que precisava pigmentar bem o trabalho, e isso é uma das característica os mais fortes tanto do Old quanto do New.
Tem que ter essa pigmentação bem consistente.
E aí, querendo ou não, no meu trabalho, eu consigo ainda identificar resquício dessa minha linha de trabalho. Eu priorizo uma Aquarela com a pigmentação forte, pesada, com preto, para que a gente veja a tatuagem bem cicatrizada daqui alguns anos e a pessoa fique bem com o que ela eternizou na pele.”
Técnica: Aquarela no papel, Aquarela na pele e Tecnologia.
O artista nos contou que para trabalhar com a Aquarela na pele, em forma de tatuagem, ele não precisou se aprofundar na técnica Aquarela propriamente dita.
“Para ser muito sincero eu não me aprofundei muito nos estudos da Aquarela.
Eu comecei a desenhar esses movimentos da Aquarela com lápis de cor.
Por que são os movimentos que eu, realmente, faço na pele.
Então, o lápis de cor me ajuda um pouco nessa questão da aplicação na pele da mesma forma que eu aplico no papel.
Eu sinto, sim, uma semelhança muito grande de pele e papel, mas utilizando o lápis de cor.
E a tecnologia eu comecei a utilizar porquê vi alguns amigos alcançando umas possibilidades e isso me gerou uma certa curiosidade né?
Então eu passei a levar como teste e hoje eu ‘tô’ assim, apaixonado pela quantidade de recursos que a gente tem com a tecnologia.
Como eu atendo um cliente só por dia, eu fico muito tempo estudando. Como é o único atendimento, fico à disposição daquele cliente e como eu lido com cores, isso gera muita dúvida na cabeça da pessoa sobre que cor que vai ficar legal, apesar da maioria realmente confiar no que a gente fala.
É como se eu tivesse desenhado no lápis do mesmo jeito e eu ‘tô’ curtindo bastante essa pegada mais digital. Às vezes a gente tem uma resistência em desenhar, porque acha que se você desenhar no tablet ou em outro dispositivo digital você não está desenhando, mas eu não me importo com isso, não. Me preocupo só com o resultado final do meu trabalho e à partir do momento que eu, como artista estou satisfeito com ele e o meu cliente também, para mim já é o suficiente.
É um recurso é fantástico!
Os europeus utilizam isso há décadas e o tatuador brasileiro ainda está engatinhando nessa questão de aceitar a tecnologia à nosso favor.”
Mistura de cores, mistura de água?
Se você é completamente leigo, como nós, logo imagina que uma tattoo em Aquarela, como a técnica no papel, também se mistura água.
O Felipe esclareceu qual a relação entre tatuagem e água:
“Eu aprendi que jamais se misturam tinta e água!
E eu, realmente, acredito nisso, bato nessa tecla, até por uma questão fisiológica da pele.
A gente precisa estudar.
Mas é só questão de pele: o corpo da gente retém líquido e também elimina líquido.
Então se as empresas que produzem tintas, contrataram engenheiros e mais engenheiros responsáveis para chegar à conclusão de que a tinta precisa ter uma determinada porcentagem de água, quem sou eu para poder dizer que o cara tá errado e colocar mais água na tinta?
Isso não é uma questão de técnica, é a questão verdadeira de que quanto mais sólido o pigmento tiver, essa tatuagem, a aplicação, a durabilidade, é muito melhor!
Eu realmente sou do tipo que bate nessa tecla de que água e tinta, jamais!”
E a mistura de tinta, Felipe?
“Eu acho muito bacana a mistura de tintas, porque isso me permite alcançar alguns tons que na minha cabeça vão ficar legais, mas que eu jamais encontro pronto. Tatuagem é uma coisa orgânica.
Eu sempre brinco com os meus clientes de que a gente cria o desenho no tablet ou no papel e a tendência é que a tatuagem fique um pouco melhor, porque no momento que você vai para pele, vão surgindo novas inspirações, o tipo de pele também é importante: você vê o que a pele da pessoa vai te permitir trabalhar ou não. Então muita coisa, realmente, surge de determinadas misturas de tinta mesmo!”
E você aí já se animou e está curioso para saber se existe alguma restrição de cor para que a Aquarela fique perfeita?
Ahá! Nós também fomos atrás dessa resposta já que o Felipe possui uma paleta de cores bem específica em seus trabalhos.
“Eu não vejo nenhuma restrição de cores que podem ser executados em Aquarela.
A verdade é que isso varia muito da linha de trabalho do artista. Tem tons mais pesados, vibrantes, tons mais pastéis. Varia muito realmente do tipo de desenho que vai ser executado.
No meu caso, foram as cores que me escolheram.
Eu gosto muito de trabalhar com rosa por uma questão de gosto mesmo. Eu realmente acho uma cor incrível, além de ser uma cor que se conserva bem com o tempo e não perde tanta pigmentação.
Já o azul, gosto do grande leque de possibilidades que ele me proporciona.
Às vezes, eu coloco na minha cabeça que vou criar um desenho sem cores… e quanto menos eu percebo, o desenho está colorido.
É algo que não consigo conter.
Na verdade, surge de uma forma bem orgânica e no fim das contas dá super certo.”
Cicatrização, Cuidados, Resultado Final
A pergunta que o Felipe mais responde aos seus clientes diariamente é: Tatuagem em Aquarela apaga ao longo do tempo?
Se tem uma coisa que aprendemos nessa conversa com o Felipe é que não, não apaga. A Aquarela é uma tatuagem como outra qualquer e os cuidados com ela são exatamente igual à tattoos em outros estilos.
“Como sempre digo: uma tatuagem em aquarela é uma tatuagem como outra qualquer e requer os mesmos cuidados. São os mesmos cuidados que seriam pra qualquer outro estilo de tatuagem.
Eu parto do princípio de que o “tatuado” precisa estar ciente de que está levando uma “ferida” para casa… e precisa tratá-la como tal. Bato muito na tecla de que o plástico filme não é uma “frescura” como dizem por aí.
Toda ferida precisa de um curativo para protegê-la de bactérias e infecções, e com a tatuagem não é diferente. O resultado pós- cicatrização é muito bom.
Sempre lembrando que cada caso é um caso. Como passo um longo tempo dedicado a uma única pessoa por dia… no decorrer da tatuagem eu converso muito a ponto de conhecer um pouco o estilo de vida e rotina de quem estou tatuando, assim consigo orientar melhor sobre a frequência da pomada, a logística de como realizar a limpeza e assepsia fora de casa. Cada tatuagem é única assim como as pessoas também não são iguais e não possuem a mesma rotina, dessa forma é impossível passar orientações mecânicas e padronizadas em relação aos procedimentos de cuidados com suas tatuagens.
E vamos a pergunta que respondo todos os dias… risos.
Quando temos uma aplicação sólida, (da forma que ela vem quando compramos, sem adição de água ou diluentes) não há riscos da tatuagem perder a qualidade.
A tatuagem independente de estilo ou técnicas, por uma questão de fatores fisiológicos terá uma perda de pigmentação que é normal. E dependendo do local/ clima que a pessoa vive, freqüência de exposição ao sol isso pode agravar um pouco.
Eu gosto de postar fotos de tatuagens cicatrizadas para mostras às pessoas que é possível sim ter tatuagens lindas após a cicatrização… desde que sejam tomadas os devidos cuidados.”
Uau!
Foi ou não foi uma verdadeira aula estar mais próximo e conhecer o trabalho do Felipe Bernardes? Sem falar, claro, em saber tudo sobre Aquarela.
A gente sabe que a sua vontade de correr e fazer a sua Aquarela é grande!
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Para conhecer mais sobre o trabalho do artista, não deixe de acessar o Instagram e conferir os trabalhos maravilhosos:
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