Se você já conhece o trabalho do artista carioca Walace Sales, deve estar aqui vidrado na tela do celular — computador? — querendo saber o que é e como ele faz essa maravilha toda. Certo? E se por acaso você não conhece o trabalho dele, está perdendo. É de cair o queixo e questionar se as tatuagens são tattoos MESMO de tão reais. Mas calma, vamos contar tudinho para vocês!
Segunda chance: a volta de quem quase foi
“Bom, quando criança, a gente pensa em ser várias coisas: jogador de futebol, astronauta, piloto de avião, piloto de Fórmula 1 etc. Já pensei em ser tudo isso, mas nunca me imaginei, quando criança, ser tatuador. Esse pensamento veio bem mais pra frente, com 15 anos aproximadamente, porque nos tempos de escola eu já desenhava. Desenhei durante todo o tempo em que estudei. Aí, completei meus 18 anos, em 2011, e comprei meu primeiro ‘kitzinho’ de tattoo.”
Walace nos contou que esse início no mundo da tattoo foi complicado por não conseguir transformar o pouco de ajuda que recebia, em prática: “eu tinha que lidar com o corpo alheio, não é um papel, eu não podia errar, errar e errar até aprender. Fiz alguns trabalhos que não ficaram bons, mas tive senso suficiente para perceber isso e não durou muito tempo, vendi meus materiais e equipamentos e fui trabalhar em estoque de loja.”
Depois de algum tempo — e uma faculdade de Letras —, o artista contou que um amigo abriu o próprio estúdio de tattoo e insistiu para que ele voltasse a tatuar.
“Eu não fiquei nem um pouco animado com a ideia e recusei. Alguns dias depois, ele me ligou de novo, eu recusei novamente, depois de novo e aí eu parei para pensar: ‘preciso fazer alguma coisa! Gosto do meu curso de Letras, mas meu dinheiro está acabando e como vou pagar? Acho que vou aceitar e ficar tatuando só coisas pequenas, só para levantar a grana da mensalidade da faculdade’. Foi aí que eu disse sim para ele e comecei a frequentar o estúdio. Diariamente eu ia pra lá, ficava longe da minha casa e eu andava uma hora a pé, porque não tinha a grana da passagem. Compramos a pele sintética e eu fiquei por dois meses só praticando traços e mais traços, até que comecei a tatuar pessoas. Era outra coisa, completamente diferente daquela época em que tentei começar pela primeira vez. Eu via meus traços bonitos, firmes, a pele sintética e a presença de um profissional me ensinando na prática era coisa de outro mundo, aprendi muito rápido.”
Do Minimalismo ao Realismo
Walace se empolgou e não queria mais ficar nos trabalhos pequenos, minimalistas. Foi aprendendo a pintar, sombrear, fazer degradê colorido… e não conseguiu mais parar.
“Comecei a colar com um outro amigo que tatuava só Realismo e eu queria aprender a fazer isso também. Foi então que começamos a trocar bastante ideia e eu aprendi em um espaço muito curto de tempo a fazer os tipos de trabalhos que faço hoje, graças a ele.”
“E agora a técnica que eu tenho mais usado é a de aplicar branco onde tem luzes altas, comecei a fazer isso sem medo há pouco tempo. As outras técnicas não considero como algo diferente, porque todas as referência que tenho também usam, que é, por exemplo, o fundo escuro onde o elemento principal é claro e o fundo claro onde o elemento principal é escuro. Isso resulta num alto contraste muito bonito.”
A tattoo que viralizou
“Certa vez, um cliente me trouxe a tattoo do Neymar como referência — aquela do garotinho segurando a bola e olhando para uma favela — e me disse que queria fazer ela colorida, o garoto com a camisa do Ronaldo e com o Cristo Redentor em cima. Lógico que não ia existir uma imagem pronta desse jeito que ele queria, foi aí que eu fiz o que sempre faço: montar a arte procurando elemento por elemento.”
“Peguei a foto de um garoto de costas, a foto de uma bola velha, a foto de um campinho de terra, a foto de uma camisa do Ronaldo, a foto de uma trave, a foto de uma comunidade e a foto do Cristo, e, detalhe, eu tinha que achar tudo isso na posição certa. Fiquei umas 3, 4 horas só procurando as imagens e consegui a arte final. O trabalho viralizou depois de pronto, várias páginas muito conhecidas compartilharam. Eu fiquei muito grato por isso e, sem dúvida, é o trabalho mais bonito e mais desafiador que fiz até hoje.”
Fotografia, uma aliada especial
Você a essa altura já conferiu o trabalho incrível do Walace, né? Mas não se preocupe, as tattoos são de verdade e ele só tem uma aliada mais do que especial: a fotografia.
“No começo, eu tirava fotos do meu celular mesmo, fazia uma montagem meia-boca e postava. A pele toda vermelha, luz ambiente atrapalhando etc. Quando conheci as fotos dos caras grandes, tiradas com uma câmera profissional, lente boa, edição para trazer de volta tudo aquilo que a lente não pegou, eu mudei completamente. Hoje em dia, eu me preocupo cada vez mais, tanto que invisto não só na tattoo, mas em equipamentos de fotografia também.”
E não pense você aí que o Walace, além de tatuador, é um fotógrafo profissional, não. Ele acrescenta: “não fiz nenhum curso, mas tenho alguns amigos fotógrafos que me deram algumas dicas e aprendi muita coisa fuçando mesmo. Não basta apenas fazer um trabalho bonito, é preciso tirar uma foto boa, fazer uma edição para deixar bem profissional e se preocupar com a maneira como você divulga. As hashtags são uma ferramenta muito poderosa, foi a partir delas que eu consegui mostrar meus trabalhos para perfis grandes, por exemplo.”
Dicas do Walace, o tatuador especialista
Quem não tem uma câmera mas tem um smartphone, qual o básico para tirar uma boa foto da tatuagem?
“Se preocupe bastante com a iluminação ambiente, pois quanto mais escuro for esse ambiente, mais a lente do seu celular vai clarear da maneira dele, dando chuviscos na foto, perdendo nitidez. Se você não tem uma câmera profissional, pelo menos fotografe seus trabalhos em local claro, mas tente não colocar a área tatuada virada direto para a luz, para não estourar em determinados pontos, e não se esqueça de editar, porque assim como acontece com a câmera profissional, a gente perde algumas coisas da tatuagem quando fotografa. Com a lente do celular, perdemos mais ainda.”
O que não pode faltar no seu ambiente de trabalho para tirar uma boa foto?
“Se você tiver uma câmera profissional, o que não pode faltar é uma lente 50mm. Essa lente é espetacular, porque ela desfoca o fundo de uma maneira incrível e tem uma abertura de diafragma ótima, deixando a foto com uma claridade ideal e uma nitidez incrível. É importante também ter um tripé, para deixar a imagem bem estática. Se você não tiver a câmera profissional e tiver um celular com uma câmera boa, o que não pode faltar é uma luminária, para te ajudar na iluminação.”
Você gasta quanto tempo para tirar uma foto?
“Depende. Em alguns casos, costumo tirar uma foto excelente no primeiro clique. Já em outros casos, demora mais. Depende da área tatuada. Geralmente o antebraço é mais fácil.”
E quanto tempo você gasta para tratar uma foto?
“Costumo gastar meia hora, aproximadamente. Às vezes demoro um pouco mais, porque existe uma certa diferença entre a tela do computador e a tela do celular. Às vezes, o que fica bom no computador, no smartphone não fica. Aí vou salvando várias diferentes para ver qual fica melhor no meu celular, porque hoje em dia a maioria das pessoas tem acesso a essas imagem através de um dispositivo móvel.”
Qual dica básica de tratamento de foto você daria para outros artistas?
“O principal de tudo é você puxar um pouco de contraste e tirar a saturação do vermelho, para tirar aquela vermelhidão da pele. Eu gosto de realçar os brancos, mas isso é opcional.”
Qual câmera e lentes você usa? Existe alguma que você sonha em ter?
“Atualmente uso uma câmera simples, que é uma Canon T1i, mas uso uma lente ótima, que é uma 50mm com abertura de 1.8, da Canon também. Quero um dia ter uma Canon 7D, esse dia tá chegando.”
Não temos dúvidas, Walace! Se você, como a gente, virou fã desse artista incrível, compartilha a nossa matéria, e siga o artista para acompanhar mais trabalhos como esses que vimos aqui no Tattoo2me Magazine. Aliás, comenta aqui abaixo qual artista que te deixa fascinado. De qual artista você é fã? Quem sabe você não pode falar sobre esse artista aqui no nosso blog…
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