Algumas profissões têm precisado se “reinventar” para se adaptarem às novas circunstâncias que impõem o trabalho remoto. Outras, entretanto, já nasceram prontas para isso. É o caso da arte digital, que pode ser definida como qualquer manifestação artística que tem como suporte meios eletrônicos, especialmente computadores e smartphones. A arte criada digitalmente pode ser exposta tanto virtualmente quanto nos meios tradicionais.
Os artistas digitais, em geral, são jovens apaixonados por tecnologia, pois é característica da arte digital o alinhamento com as inovações tecnológicas.
O artista digital curitibano Tyab Casas- nome artístico de Tomás Yvan de Andrade Barreiros-, de 23 anos, estudante de Engenharia da Computação, explica que a arte digital é um movimento em constante expansão, podendo ser apreciada tanto por meio de impressões gráficas como nas telas de computadores, tablets e smartphones.
A arte digital não é apenas uma arte comum convertida em pixels ou vetores (veja explicação dos termos no final da matéria), ela é produzida diretamente em um meio digital. São exemplos de modalidades de arte digital presentes no dia a dia não só desenhos e pinturas, mas também jogos digitais, animações digitais, projetos arquitetônicos e tudo mais que existe virtualmente a partir de um design, como um site. O desenho e a pintura digitais normalmente são feitos com uma caneta digital sobre uma mesa digitalizadora – as animações digitais são as animações dessas artes, tanto com estrutura bidimensional quanto tridimensional, que dão origem, por exemplo aos jogos digitais e desenhos animados.
Há ainda a possibilidade de materialização dessas criações via impressão em papel (2D) ou ainda em forma de modelagem de objetos, por impressão tridimensional (em impressoras 3D).
Alguns programas de computador são bastante acessíveis e úteis para a produção digital, como o Photoshop, “muito versátil”, comenta Tyab, e o Blender. O artista Tyab usa também com frequência o Drawpile, que permite que várias pessoas trabalhem on-line no mesmo desenho simultaneamente, unindo assim arte, entretenimento e interação.
TRAJETÓRIA DO ARTISTA
Desde criança, Tyab teve o desenho entre suas paixões. Chegou a fazer algumas poucas aulas de desenho tradicional em papel, num curso livre, migrando logo para a arte digital, na qual é autodidata. Para ele, o principal papel da arte, hoje, é transmitir uma mensagem contra o “stablishment”, incomodar e incentivar o pensamento crítico.
O artista, entretanto, diz que faz arte por expressão pessoal e como entretenimento.
“Comecei a fazer arte porque eu queria ser menos sozinho, queria colocar meus interesses e ideias em imagens para ver se alguém se reconhecia ali – então, seríamos dois. Não quero criar algo de apelo geral, mas algo que me conecte a pessoas com alma similar à minha. A arte é uma espécie de ‘cola social’.”
Hoje, são muito mais do que dois. Entre as muitas conexões pessoais feitas por meio da arte, Tyab encontrou uma amizade por toda a vida na pessoa de um jovem artista digital inglês. Amizade tão forte que Tyab já foi visitá-lo duas vezes na Inglaterra – fazendo assim o percurso do mundo virtual para o mundo real.
Além dos desenhos que faz por prazer, Tyab produz também trabalhos sob encomenda para clientes internacionais que pagam em dólar. Entre os mais incomuns que fez, estão 12 “stickers” para uso o programa de comunicação Telegram e o desenho criado para uma tatuagem: uma cobra em torno do pulso, pedido por um moça que queria uma imagem que parecesse “picar” a pessoa que ela cumprimentasse ao estender a mão.
Mas sua especialidade são os desenhos de seres antropomórficos, quase sempre em situações eróticas.
Ele comenta: “A sexualidade humana é muito mais mirabolante do que a gente imagina. Como seres intelectuais que somos, nem tudo que é diretamente corporal é o que nos causa interesse sexual. Gosto de explorar esses temas, os interesses sexuais incomuns. Todo artista deveria olhar para seus próprios fetiches e colocar isso na arte, seria algo único. Porque a arte erótica fica muito repetitiva quando apela para um denominador comum, com ênfase na penetração, que é só a superfície da sexualidade humana.”
Para além das telas digitais, Tyab diz que tenta viver como artista:
“Pessoalmente, tento ser artista no meu modo de ser, procuro ser fora do convencional e provocativo. Assim, faço mais arte na minha maneira de interagir com as pessoas do que desenhando.”
TERMOS TÉCNICOS
O artista nos explica que a produção de arte digital a partir de programas de computador pode ser feita vetorialmente ou por pixels. De modo bem simplificado, uma imagem vetorial poder ser aumentada e diminuída sem alteração da sua resolução (qualidade de exibição). Já a imagem pixelizada é aquela constituída por uma infinidade de pixels, “quadradinhos” digitais que compõem a imagem como um mosaico. Cada pixel tem uma única cor. Quanto menores forems os pixels, melhor será a qualidade da imagem (basta imaginar um mosaico: se for formado com milhares de pedrinhas minúsculas, terá uma qualidade bem melhor do que se for construído com algumas centenas de pedras grandes). A quantidade de pixels por polegada define o que no meio digital é chamado de “resolução”: quanto maior a resolução, maior a qualidade da imagem. A partir de imagens vetoriais ou pixelizadas, podem ser originadas várias modalidades de criação gráfica, tanto estáticas quanto em movimento, bidimensionais ou tridimensionais.
Uau! Uma verdadeira aula sobre arte digital, não é mesmo?
Mas, olha, fica de olho nas redes sociais do artista para acompanhar seu trabalho e o que ele anda produzindo!
Facebook: https://www.facebook.com/tyab.casas
Ah e separamos aqui abaixo uma verdadeira galeria das artes digitais feitas pelo artista.
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